~Sonho ativado~
Eu estava sentada numa avenida. Bem no meio da avenida mesmo. Eu podia reconhecer, claramente, onde estava. Eu estava perto do meu antigo apartamento com os meninos. Bem perto do Starbucks. E pra completar, estava chovendo torrencialmente, como era comum nessa época do ano.
Porém, eu não me molhava nem um pouquinho, e os carros que passavam por mim, EM mim, não me machucavam. EU continuava completamente seca, e completamente sã. Porém, isso não me fazia sentir nem um pouco melhor. Não sei porque, mas eu queria me molhar, mas eu não o fazia; eu queria morrer atropelada, mas não era.
Assim, do nada, a chuva parou, completamente. O sol saiu como num lindo dia de verão, e as pessoas e os carros começaram a andar em câmera lenta, e aina assim, era como se eu simplesmente não existisse ai. Me levantei, e comecei a andar, atravessando carros e pessoas como se isso fosse a coisa mais natural do universo.
Porém, quando finalmente cheguei ao meu destino... eu estava de bikini, sentada numa das espreguiçadeiras ao lado da piscina da minha casa. Algo estava errado. Muito errado mesmo.
-ALI? CADÊ VOCÊ MINHA PEQUENA? -ouvi o Harry gritar, e pude vê-lo na janela do segundo andar que correspondia ao nosso quarto, mas ele, nunca olhava pra mim.
-HARRY! -gritei abanando os braços na esperança dele me ouvir, mas ainda assim, ele não notou a minha presença. Não me ouviu. Não me olhou. Nada mesmo.
-ALI! BISCOITA, EU PRECISO DE VOCÊ. CADÊ VOCÊ MEU AMOR? -gritava ele, e eu podia ver seu desespero em seu rosto. Ele começava a desaparecer, assim como eu, que ficava mais transparente ao mesmo tempo que ele, como se me extinguisse ao mesmo tempo que ele.
-ESPERA HARRY! -gritei me levantando da cadeira e começando a correr pra dentro de casa. Porém, ao entrar na cozinha, havia milhões de telas de televisão escrito "Acabou!", e as facas, de todas as gavetas, até as facas que eu nem sabia que a gente tinha, começaram a sair das gavetas e vir em minha direção. Fazendo cortem em meu rosto, em meu corpo., Em todo milimetro de pele que eu tinha a mostra, e naquele momento, era muito.
Eu estava desesperada. A dor era horrível, sufocante, insuportável. Eu sangrava, e me curava no mesmo instante. A dor não passava, mas isso, dava chance às facas de me perfurarem novamente, e dessa vez, mais rápido, e mais profundo, uma e outra vez.
-SAIAM! ME DEIXEM EM PAZ! -gritei.
Pra minha surpresa, aquilo deu mesmo certo. Elas se afastaram, cada uma indo pra sua devida gaveta. Os cortes se curando, a dor, acabando lentamente, mas melhorando. Ao menos, eu não parecia que ia sufocar a cada segundo. O Harry chegou, justo quando o último corte se fechara por completo. Porém, pro meu azar, seu sorriso se fechou, as covinhas se foram, o brilho em seu olhar se apagou, sua postura se tornou rígida. Era como se ele... me odiasse do nada, e isso, me machucou. Até mais que aquelas facas.
-ALICIA COLLINS! -gritou ele me sacudindo.
~Sonho desativado~
Acordei com o Dere me sacudindo fortemente, e admito que foi um alivio acordar daquele sonho bizarro. O alivio foi tanto, que nem me importei em acordar daquele jeito tão "meigo" do Dere.
-Eu ein, Ali! Você estava se sacudindo e soluçando igualzinho um bezerro desmamado sendo sufocado -disse ele quando finalmente teve a certeza de que eu estava completamente acordada- Enfim, a Victoria já ligou umas cinco vezes. Segundo ela você deveria estar lá a mais ou menos, err... meia hora -disse ele olhando pro seu relógio de pulso.
No momento em que ele falou, eu nem me toquei, mas... MEIA HORA! Caralho mano! Isso é realmente tarde de mais, ainda mais pra quem tinha marcado "cedo". Me levantei em um pulo e... bem, cai de cara no chão fazendo meu melhor amigo rir da minha cara.
-Suponho, que você não vá me levar em seu lindo Porsche hoje, então, eu já vou indo no meu carrinho popular normal, porque se não, meu querido orientador do TCC arranca a minha cabeça com o esquadro -disse ele se levantando- Boa sorte com a Victoria.
Me arrumei (http://www.polyvore.com/starting_again_ali_16/set?id=64485229) na velocidade da luz, e sai correndo com o Porsche, rezando pra não vomitar ou desmaiar no meio do caminho, no trânsito, e causar uma catástrofe. Realmente, estava muito tenso o mal-estar de hoje, e a sonsa aqui, esqueceu de tomar o remédio.
Cheguei na sala da Vic quase morrendo, mas do nada, assim como no dia anterior, o mal estar passou, e abandonou meu corpo por completo. Minha mente clareou, a tontura e o enjoo passaram, a dor de cabeça cessou, e os cortes deixaram de doer. Eu me sentia perfeitamente bem, como se eu nunca houvesse me sentido mal na vida.
-Alicia ColloinS! -disse ela brava aparecendo- Estou aqui te esperando a uma hora e meia, Ali e... eu estava preocupada com você -disse ela finalmente amanciando e me dando um grande abraço de urso.
-Tá tudo bem agora Vic -garanti pra ela abraçando-a de volta- Mas vamos ao trabalho agora? -falei fugindo de qualquer chance que ela tivesse de me fazer perguntas.
Ficamos o resto da manhã pensando em como eu poderia voltar à mídia vitoriosamente, voltar completamente por cima. Também, conversamos sobre isso durante o almoço, que por sinal, foi yakisoba da barraquinha da esquina. Depois, ainda falamos sobre o assunto durante a tarde. Bem, na verdade, ficamos o tempo todo, até mais ou menos até às seis da tarde, apenas decidindo como deveria agir para voltar ao trabalho, e principalmente ao "porque" de minha ausência.
-Tá, deixa eu ver se entendi tudo direitinho -comecei falando- Amanhã eu vou comumente ao supermercado pra "voltar aos poucos" -ela acentiu, e eu continuei- Então, de noite, eu vou na BBC Rádio naquela entrevista que tínhamos marcado, o que é muito estratégico, pois foi bem divulgada, e terá muitos espectadores -ela acentiu, e eu novamente continuei- E depois, é só eu retomar meus antigos compromissos, honrando os marcados, e encaixando os que foram cancelados...
-Exato! Menina esperta -disse ela batendo em minha cabeça como se eu fosse um cachorro sendo domesticado- Não se esqueçam, vocês não terminaram ainda, e aconteça o que acontecer, você é a mocinha da história, pelo menos pra mídia -disse ela pela vigésima vez.
-Tá e...tem isso também -falei levantando as mangas de minha camisa, deixando a mostra o suficiente pra que ela visse os curativos que eu tinha refeito hoje de manhã.
-ÔH MEU DEUS.... você... -disse ela atônita com os olhos abertos como pratos- Cacete! Você só faz deixar minha vida mais difícil! -disse a Vic colocando os dedos indicadores em suas têmporas e fechando os olhos fortemente- Pensa Victória Shelley, pensa. -começou ela andando de um lado a outro em sua sala, apenas repetindo "Pensa Victória Shelley, pensa", uma e outra vez, e eu jurava que ela faria um buraco em seu tapete se ela continuasse andando assim- Tá, você vai cobrir... isso... até que... isso -disse ela cheia de repulsa, e incrivelmente, não me machucou nem um pouco- cicatrize e fique com aquelas leves marquinhas avermelhadas. Depois você pode deixá-las a mostra... pelos meus cálculos, vai ser primavera já, ai... bem, depois a gente pensa nessa parte do plano- seu olhar se tornou extremamente preocupado, mas ele não disse nada.
Fui pra casa quase que feliz pela minha maravilhosa e progressiva reunião com a Vic. Tão "assim" eu estava, que nem me preocupei muito com o fato de estar chegando em casa quase as oito da noite.
Porém, desde fora do apartamento, pude ouvir algo horrível.
-O relacionamento dela que está frustrado, e ela tem que vir pra estragar o nosso?! MEU DEUS, DEREK! Ela é famosa! Tem dinheiro suficiente pra comprar dez apartamentos como esse! Além do mais, imagina os rumores! Todos vão falr que VOCÊS estão NAMORANDO! E EU! Fico onde nessa história? Pagando de compreensiva? -disse ela exasperada.
-MEU DEUS, ARIANA! Ela É a minha melhor amiga! Eu NÃO vou deixar ela ir embora, nem por você! Ou o que? Você vai me fazer escolher entre você e ela? -rosnou ele de volta.
-NÃO! -gritou ela- É QUE... eu perderia... Eu sei que você era apaixonado por ela antes e... ela vai morar com você, e ela é.... linda, e... tenho medo de você voltar a se apaixonar por ela novamente.
-Ariana... -pausa- ela é minha melhor amiga, VOCÊ é a minha namorada. Eu não vou confundir as coisas de novo, mas você.... bem.... você não pode achar que pode mandar na minha casa.
-EU... -começou ela levantando a voz novamente, e abandonando sua postura tranquila e passiva de antes.
-A Ali vai chegar daqui a pouco então... amanhã a gente continua essa conversa com mais calma. Então... relaxa, respira e esfria a cabeça. Depois a gente se fala -disse ele, e eu automaticamente me escondi atrás de um grande vazo de plantas que tinha no corredor
Ouvi a Ariana sair do apartamento batendo a porta, e logo, passar por mim sem me notar, resmungando algo sobre a culpa de tudo aquilo, ser completamente minha. Eu me sentia mesmo culpada. Não queria que eles terminassem mas... apaixonado por mim? Isso sim estava me incomodando. Quando isso? Não, eu ouvi errado, só pode!
-Oi Dere- falei com o melhor tom de voz que eu pude entrando no apartamento com a chave que ele havia me dado, que por sinal, era o chaveiro tipico das Cookies, tinha o meu rosto estampado nele, escrito "Ali Collins".
Ele estava sentado numa poltrona, virado de costas pra mim, com seus ombros curvados e a cabeça baixa enterrada nas mãos. Nesse momento, eu me senti a pior pessoa do universo. Isso era culpa minha, e somente minha. A Ariana tinha completa razão de estar me odiando no momento.
-Err... Dere, eu vou embora -falei de uma vez, e ele se virou pra mim. Graças a tudo que é mais sagrado, ele não estava chorando.
-Por que? Não! Você não pode ir embora! -disse ele se desesperando, e até parecia que ele ia começar a hiper ventilar se eu continuasse o contrariando.
-É que... bem.... érr... Eu vi a Ariana saindo do prédio e ... bem... ela não parecia feliz, e você não parece feliz... e eu estou me intrometendo.... eu vou pra um hotel hoje mesmo -falei tentando mentir o menos que era possível.
-Meu amor, você não está se intrometendo... Eu realmente quero que você fique aqui, e você VAI ficar -disse ele autoritáriamente- Até porque, eu tenho duas surpresas pra você. A primeira, é essa aqui -disse ele abrindo o forno para me mostrar uma grande travessa de lasanha- E a segunda... está lá no quarto.
Ele começou a me empurrar ao quarto, e não sei porque, mas me deu um pânico de que ele tivesse se livrado de meus CD`s, ou das fotos que eu tinha dos meninos, ou das coisas que eu levei da minha casa. Porém, pra minha agradável surpresa, ele não tinha feito nada disso com as minhas coisas.
Ele abriu a porta do quarto, e me deixou entrar na frente. Estava tudo lindo! Ele havia decorado o quarto pra mim (http://weheartit.com/entry/27709880/via/Giyy) e diferente do que eu pensava, ele havia dado um lugar de destaque às minhas fotos. Eu juro que aquilo não poderia estar mais lindo. E eu duvidava que a Mel tivesse o ajudado, assim como duvidava que ele houvesse feito aquilo tudo sozinho.
-Então, o que achou? -perguntou ele ansioso.
-Você fez tudo isso sozinho? -perguntei ignorando sua primeira pergunta.
-Mais ou menos.... -disse ele coçando a nuca sem graça- Na verdade a vendedora me ajudou a escolher as coisas... Mas se você não gostar, agente pode ir trocar amanha mesmo.
-Cala a boca! Eu adorei! É só que... bem... você tinha falado pra eu decorar... de todas formas eu não ia fazer isso mesmo, tava com preguiça -admiti.
-Imaginei -disse ele rindo e passando o braço sobre meus ombros- Agora vamos, a lasanha nos espera.
-Vai descansar, já estou indo pra cama também -disse ele me dando um beijo na testa- Boa noite meu amor.
-Até amanha -respondi
Nem sei como eu aguentei tanto, já eram quase as quatro da manha, e eu estava exausta, mas resisti fielmente, só pra passar mais tempo com o Derek. Ele merecia isso.
Porém, admito que foi um alivio quando ele disse que eu podia ir dormir. Escovei meus dentes rapidamente, na velocidade da luz.
Eu estava muto tonta e com muita dor de cabeça.
Coloquei meu pijama (http://www.polyvore.com/starting_again_ali_16_2%C2%B2/set?id=64513732) rapidamente já quase dentro da cama. Minha visão estava ficou turva. Deu uma pontada agoniante no meio de minha testa. Os cortes doeram como se eu estivesse rasgando-os com as unhas. Uma dor dominou todo meu abdômen como se estivessem me explodindo de dentro pra fora.
Tudo ficou escuro.
FIM.