Fanfic: Starting Again 2 | Tema: One Direction

Mais duas semanas haviam se passado, e quer saber qual a maravilhosa novidade? Ela não tinha acordado. Legal, né?  Certamente eu deveria parar de ser tão irônico, mas tudo estava sendo irônico comigo agora, eu tinha esse direito! Ok, o quadro dela não tinha piorado em nada, e ela fora transferida pra um quarto normal, dois dias depois da cirurgia. Isso por si só já era muitíssimo bom, pelo simples fato de que poderíamos estar lá com ela por mais tempo, e uma das meninas podia acompanha-la pra dormir. Eu não tinha permissão de fazer isso...

Outra boa notícia, era saber que seu corpo havia aceitado muito bem a cirurgia, e que a doença estava quase completamente dizimada de seu corpo, tanto que os cortes em seus pulsos estavam cicatrizando bem; e seus braços e pernas estavam com hematomas amarelados, e logo, voltariam ao seu tom normal de pele; sua boca e seus lábios também estavam quase perfeitos, pareciam pequenas aftas e lábios ressecados (a Mel passava hidratante em seus lábios pra melhorar). Agora, a minha pequena parecia apenas dormir.

Só que ela não acordava.

Parecia que ela se curava em todos os aspectos, mas que nada disso era o suficiente. Como se ela, por escolha própria, se recusasse a acordar. Como se ela quisesse simplesmente ignorar todos os problemas do mundo que a cercava e... Eu não podia culpa-la por isso.

Por outro lado, num plano mais alegre da minha estranha vida, estava o Liam e a Danielle. Eles haviam meio que “anunciado” a gravidez semana passada. Na verdade foi meio difícil de negar quando, logo depois de serem publicadas na maioria das revistas britânicas fotos dos dois saindo de uma clínica de pré-natal, saíram fotos do Liam com as mãos sobre a barriga dela, cheio de amor nos olhos.

Eles iriam ver o sexo do bebê mês que vem, já que já haviam se passado três meses de gravidez. Olha quanto tempo a Dani conseguiu guardar isso pra si mesma, apenas esperando a Ali melhorar.

-Err... Harry? –me chamou a Lea abrindo a porta do quarto da Ali me interrompendo em meus preciosos momentos nos quais eu podia segurar suas macias mãos nas minhas... Mesmo sabendo que se ela estivesse acordada, eu não poderia me aproximar dela. Mas eu não a culpava por isso também- Os meninos precisam de você lá na recepção.

-O que foi? –perguntei levemente irritado pela interrupção, sem tirar os olhos do rosto da Ali. Vai! Acorda! Agora!!!

-Acho melhor você mesmo ver –disse a Lea impaciente pegando meu braço e me puxando corredor a fora me afastando da Ali. No corredor mesmo já era possível se ouvir uma enérgica discussão.

-... mon, a gente NÃO vai  embora desse hospital! –reclamou o Liam erguendo os braços em frustração tentando explicar ao Simon que não iriamos embora. Eu tinha desgraçadamente me esquecido das duas semanas.

-Liam! É só um mês, no qual seu filho ou filha não vai nascer! Além do mais, a gente combinou, vocês aceitaram as condições, e cá estou eu pra leva-los embora –disse o Simon pacificamente.

-Não Simon –comecei cheio de ódio me metendo na conversa/discussão- VOCÊ combinou. Você pôs uma data. Mas a gente, e sim, eu falo por todos, a gente não vai embora, e não me importo pro que você falar, ou pro que isso vá me custar. Não me interessa que você seja tão amargurado, arrogante e mal amado, ao ponto de simplesmente não deixar as pessoas que te rodeiam se importarem com outras, pelo simples fato de você não ter ninguém que se importe por você. Quer show? Faça-o sozinho, e por favor, se retire, aqui não queremos ninguém que não se importe verdadeiramente com a Ali.

Nem eu acreditei no que acabara de falar. Tinha sido tão... rude. Falei sem pensar. Tudo. Eu adorava o Simon. O Tio Simon, era por ele que eu estava aqui hoje, e pra ele eu devia muita coisa, mas eu não estava disposto a ser afastado da minha pequena, e se pra isso eu precisasse atropelar um elefante de triciclo, eu o faria (N/A: não tive comparação melhor, me relevem).

Pelo seu rosto se passou tudo. Raiva, tristeza, vergonha, remorso, vingança... Até que ele voltou a ser apenas o Simon, e depois de um minuto, ele falou.

-Você ainda é um garoto, Harry, e falou sem pensar. Garotos ainda são meninos, e meninos tem o direito de serem teimosos às vezes. Eu não posso obriga-los a nada. E não vou prejudicar a carreira de vocês, acho que vocês podem se encarregar disso melhor que eu. Apenas saibam que em relação a musica, a carreira, vocês estão cometendo um grave erro. Agora, se me dão licença, visitarei a Ali, porque ao contrario do que vocês pensam, eu me importo com ela –disse ele tranquilamente indo pelo corredor em direção ao quarto da Ali.

O ódio escoou de meu corpo, e eu pude ver com clareza. Ele não queria nos obrigar a nada, queria nos convencer, queria apenas fazer o que ele fazia de melhor: cuidar de nossa carreira e de nossa imagem.  O que a Ali pensaria sobre o Tio Simon vir aqui, querer nos afastar dela, e depois ir visita-la como se nada houvesse acontecido? Eu ainda não conseguia decidir se ela o desculparia e riria da situação, ou se ela ficaria nervosa falando que ele é um belo de um filho da perra (porque segundo ela, mulheres não falam palavrão: falam coisas ofensivas em outros idiomas).

-De onde saiu aquilo tudo Harry? –perguntou o Niall se sentando do meu lado.

-É cara, ok, o Simon estava errado, mas não fazia falta falar tudo aquilo –disse o Louis ainda em pé sem se mexer nem um milímetro.

-Não sei galera! –respondi levemente exaltado- Eu simplesmente estou cansado, e ele vem fazer mais cobranças como se eu mesmo não estivesse fazendo isso sobre mim todos os dias a todos os segundos. Se não fosse por mim talvez...

-Não Harry! –me cortou a Dani- Não seria diferente. A doença já estava nela desde antes da briga. Talvez você também estivesse doente. Isso sim seria diferente. Agora cala a boca e para de falar merda, como se você fosse importante o suficiente pra ser fator determinante no passado futuro da Ali –disse ela nervosa e eu obedeci na hora.

Ficamos em silêncio depois disso. Não sabíamos o que falar, e talvez, nem houvesse nada para ser dito.

-Ai Ali, volta, por favor –disse o Zayn mais com ele mesmo, do que com qualquer um de nós.

 As semanas, os dias, as horas e os segundos voavam. Porém, por mais confuso que pareça, as semanas, os dias, as horas e os segundos pareciam não passar, atenuando a minha dor, e sofrimento de todos.

De todas as formas, o filho do Liam e da Dani era agitado. Sim, filho. Era um menino que não dava trégua nenhuma. O moleque pouca coisa aceitava comer, chutava igual jogador de futebol, socava igual lutador de UFC, e se remexia o dia inteirinho. A Dani, coitada, vomitava quase tudo o que comia, reclamava de chutes o dia inteiro, e vivia enjoada, de tal modo, que pouco tempo ela passava no hospital agora.

Já a Ali, continuava na mesma de antes. Nenhuma melhoria, nenhuma piora. Nada em absoluto. Não tínhamos nenhuma previsão de quando ela poderia acordar, nem de se ela acordaria algum dia.

Agora, eu era o único que não saia por mais de duas ou três horas do hospital.

A Ali, há quatro meses em coma. A Dani, com seis meses de gravidez. Era um fato: por mais que todos a amassem, cada um tinha a sua vida esperando pra ser vivida. Todos, menos eu. Minha vida estava em coma naquele quarto de hospital, e algo em mim me impedia de sair do lado dela.

-Tô indo pra casa com a Dani –anunciou o Liam colocando um casaco sobre os ombros da Dani.

-Será que você pode nos deixar no Nando`s? –perguntou o Zayn se levantando juntamente com o Niall e a Mel.

-Lógico, cambada! Desde quando vocês perguntam? –perguntou a Dani sorridente colocando a mão afetuosamente sobre sua barriga.

-Eu tenho que ir –disse o Derek frustrado-, tenho um trabalho pra entregar amanhã. Qualquer coisa me chama –falou-me ele- QUALQUER coisa mesmo, ok?

-Claro –respondi apenas e ele se foi.

-Hazza...? –chamou o Louis quando todos os outros já haviam ido embora- Tudo bem pra você se eu for pra casa?

-Claro que sim Louis. Podem ir, e descansem –falei tentando parecer o mais confiante que eu podia naquele momento.

-Tem certeza que não quer vir com a gente? Ainda temos o seu quarto lá... –disse a Lea tentando me dar o seu melhor sorriso.

-Não, não. Podem ir. Mesmo. Vai me fazer bem ficar um pouco sozinho...  E eu não poderia sair daqui de qualquer modo –respondi com um sorriso fraco.

Todos se foram, e eu, não os culpava por isso. Provavelmente, nem pra mim convinha continuar parado naquele hospital, quando até os reportes tinham desistido. Dormir mal, comer mal...

Eu estava sofrendo tanto. Culpa, saudades, amor, ódio de mim mesmo... Acho que meus sentimentos tinham se tornado meio gays nessas ultimas semanas, porque nada em mim encaixava. Eu não achava o Harry dentro de mim, achava... Qualquer coisa, menos o que eu costumava ser, ou pelo menos o que eu gostaria de ser...

-Sr. Styles? –chamou a enfermeira Charlotte. Ela era uma mulher baixinha e magricela, que parecia que poderia quebrar a qualquer momento, de mais ou menos uns quarenta e poucos anos, ruiva e que sempre tinha um agradável cheiro de usa. Ela era a minha enfermeira favorita. Sempre gentil, e com um sorriso acolhedor.

-Charlotte, estou aqui já faz quatro meses, e você ainda me chama de Senhor? Sério? Por favor, me chama só de Harry- falei tentando sorrir.

-É sobre isso que eu quero falar Senhor... Err... Harry –disse ela sem jeito se sentando ao meu lado.

-Eu não vou ir embora, Charlotte. Amo a Ali como a minha vida, e eu não vou viver sem a Ali ao meu lado. Ela vai acordar, eu sei disso, e quando isso acontecer, eu vou estar aqui, e o meu será o primeiro rosto conhecido que ela verá –falei já cortando o papo de que eu deveria “seguir em frente”.

-Eu não vou te pedir pra ir embora, nem te falar um papo moralista! –disse ela quase parecendo ofendida- Meu bem, -recomeçou Charlotte bem mais calma- você não deveria dormir nessas cadeiras daqui... Faz mal, sabia?

-Eu não vou sair do hospital –respondi.

-Vou quebrar pelo menos umas quinze regras com isso –murmurou ela pra si mesma e depois, voltou a falar comigo após alguns segundos de silêncio- Eu não posso simplesmente ignorar o cantor favorito de minha filha dormindo noite após noite nessas cadeiras incomodas, então... Você poderia dormir na poltrona reclinável no quarto da Srta. Collins... Sempre e quando, for dormir depois dos remédios noturnos, e acordar antes do doutor chegar. Feito? –perguntou ela estendendo a mão em minha direção.

-Feito –respondi pegando a sua mão, e ela sorriu docemente.

Depois de uns vinte minutos, Charlotte me levou ao quarto. E lá estava era. A mulher da minha vida. O cabelo e as unhas mais compridas do que de costume, era o único que comprovava o passar do tempo nela. Mas a gente não deixava que cortassem seu cabelo ou suas unhas. Sempre fora ela que cortava as suas unhas, e ela sempre mudava o penteado, não queríamos tomar essa decisão por ela agora.

Me sentei na poltrona ao lado de sua cama, e Charlotte saiu me deixando sozinho com a Ali. Por que o tempo não podia curar tudo? Por que ainda havia esse buraco em mim? Por que doía tanto meu coração?

Dei uma olhada em mim mesmo no reflexo da janela. Eu era um homem em chamas. Minha expressão seria a mesma de um homem condenado à fogueira, eu tinha quase certeza.

-Por que, Ali? –perguntei como se esperasse que ela se levantasse da cama, e me desse seu discurso sobre como ela poderia saber, mas ela não o fez- Por que com você absolutamente nada pode ser fácil? O que será do nós quando você finalmente acordar, em minha pequena? –perguntei passando a mão em seu cabelo- Eu te amo tanto Ali, fui um idiota. Quem liga pra orgulho quando o tema é amor? Bem que você sempre fala que eu sou um idiota. Mas agora é diferente, Ali. Você não está aqui pra me concertar. O que eu faço? Por favor, me dá um sinal. Qualquer coisa...?

Era agora. Agora era um ótimo momento pra ela acordar, se mexer, o seu coração acelerar... Qualquer coisa! Agora era um ótimo momento pra eu acordar, e me tocar de que tudo não passava de um terrível e sádico pesadelo.