Fanfic: Starting Again 2 | Tema: One Direction

Cinco meses... Seis meses...

Tempo de mais havia se passado.

Seis meses, e ninguém aguentava mais. Saudades era o nosso principal sentimento naquele momento, mas a diferença de mim, todos estavam seguindo em frente, seguindo suas vidas ignorando a saudades.

Ok, não havíamos comemorado nenhum dos nossos aniversários –fazíamos apenas pequenas aparições nos aniversários de nossos familiares- desde que ela entrara em coma, e o Derek, assim como eu, passava aqui no hospital todo o seu tempo livre.

Parece que é assim a normalidade de nossas vidas sem a Ali. Bem, da minha vida pelo menos.

Os meninos estavam morrendo de saudades dela, e faziam o possível pra se lembrar menos dela. Agora, biscoitos tinham sido banidos de nossas vidas, e ninguém assistia Marley & Eu (fora o primeiro filme que vimos juntos) ou comia pizza de lombo canadense, que era seu sabor favorito. Eu não precisava de nada disso pra me lembrar dela a cada segundo.

Eles estavam se recuperando, e isso era o importante. Voltaram a brincar com quase tudo, e riam de si mesmos. Me agradava ver que eles seguiam em frente, e me deprimia notar que eu não conseguia acompanha-los. Eles até davam umas entrevistas curtas pra revistas e rádios novamente...

-Derek...? –chamou uma voz fraca e conhecida chamando a atenção de todos nós, e ao olhar, em pé a nossa frente, estava a Ariana, com os olhos vermelhos e inchados carregando três malas grandes a tira colo.

-Ari, o que está acontecendo? Você vai sair de férias no meio do ano? Ainda é apenas junho... Pra onde você vai? –perguntou ele se levantando pra ir até ela e analisar de relance as suas malas.

-Não são férias, Derek. Eu vou embora. Vou trabalhar em Nova York por dois anos –disse ela segurando nervosamente um envelope grosso, azul bebê em suas mãos.

-Err... Ok –começou o Derek calmamente, mas realmente confuso- Vai ser complicado, mas a gente pod...

-Não, Derek. Você não está entendendo. Eu realmente vou embora, e ir embora, não inclui o “a gente” –disse Ariana com a voz chorosa, contendo as lágrimas dentro de si. Isso partiu meu coração. Ela era uma menina legal, e eu tinha que admitir que era linda. Ela não merecia sofrer... Hipócrita eu, né? Fiz a menina mais linda sofrer, e agora quero pagar de bom samaritano com uma menina bonitinha que eu convivi muito pouco.

-Ma-mas, po-por quê? O que que que que eu fiz?! –perguntou o Derek gaguejando frustrado e triste.

-Não é o que você fez, Derek. É justamente o que você NÃO fez. Já são mais de seis meses nos quais você não me deu um pingo de atenção. Esqueceu o nosso aniversário de quarto anos de namoro, não foi no jantar importante que eu tinha com meu novo chefe... Derek, os relacionamentos não funcionam assim, e você sabe disso, não sabe? Você precisa ficar e esperar a Ali, tanto quanto eu preciso seguir em frente –disse ela calmamente, mas com os olhos cada vez mais marejados, e ele, não disse absolutamente nada concordando com suas palavras- Viu? Você sabe que eu estou certa... Olha, entrega isso a ela quando ela acordar –disse a Ariana entregando finalmente o tal envelope pro Derek- E não abra, por favor. Não pense que a culpa é sua, ou dela, ou deles –apontando pra nós. O que nos poderíamos ter feito?!-, ou minha. Apenas... as suas prioridades são diferentes das minhas.

 Ele estava atônito. Dava até pra ter pena dele. Ela, apesar de triste, parecia libertada. Isso me fez sentir um pouco de raiva dela, não sei se porque eu me identificava com o Derek naquele minuto, ou porque ela parecia não lhe dar importância alguma ao fato de ter acabado de terminar um relacionamento de quatro anos. Simplesmente me sentia incomodado.

-E... Aqui está o meu numero novo. É de meu novo apartamento em Nova York –falou ela entregando um papelzinho rosa bebê dobrado ao meio. Qual era o problema dela com tons bebe?- Me ligue assim que ela acordar, por favor, e... Bem, adeus Derek.

Assim, Ariana deu-lhe um abraço apertado, olhou no fundo de seus olhos, fez um aceno leve para nós, e se foi, com lágrimas em seus olhos...

Sete meses... Oito meses... Nove meses... Dez meses...

Nada.

Para variar, nada aconteceu. Ela não havia acordado, nem havia piorado, nem melhorado, nem nada.  A Ali apenas permanecia. Isso, essa era a palavra certa: permanecer.

Tudo podia estar acontecendo no mundo, mas a Ali não se deixava afetar por isso. Inafetável finalmente. Essa palavra existe? Eu sei lá!

Por outro lado, para diminuir a tristeza e animar a todos, o filho do liam nasceu, e já está no auge dos seus três meses. Ele tinha nascido no dia dezesseis de julho. Agitado e pra frente, Benjamin quase nunca chorava, e até tinha vindo ao hospital algumas vezes, já que o Liam e a Dani decidiram esperar algum tempo pra que eu e a Ali fossemos os padrinhos.

Me deixava extremamente feliz pensar na cara que ela faria se descobrisse isso. Ela provavelmente começaria seu show de que ela não valia tudo isso, e depois ficaria se gabando pelo mundo.

Benjamin já tinha se tornado o nosso xodó, e vivia no colo. Ele era a coisa mais fofa, e até eu que estava me sentindo gay de tanta melancolia, estava babão com o novo bebê, ainda mais, sabendo que ele seria meu afilhado.

Ele era a cara e o focinho do Liam. Eram iguais na boca, no risinho meio aberto, nos olhos, no cabelo ondulado... E a Dani, só aparecia na cor do cabelo, e na cor dos olhos.

Ela morria de ciúmes por ser lembrada a cada segundo de que o Bem poderia se passar facilmente por filho só do Liam.

11 meses... 12 meses...

-Harry...? –chamou-me Charlotte quando, naquela noite, todos já haviam ido embora- O doutor quer falar com você.

O tom da voz da Charlotte, não me agradou nem um pouco. Isso, somado as ruguinhas frustradas entre os seus olhos, era pior ainda. Mas poderia ser impressão minha. Algo bom podia estar por acontecer. Né?

-Sr. Styles –disse o doutor assim que a Charlotte fechou a porta atrás de si- O assunto que eu tenho que tratar com o senhor, não é dos meus favoritos. O caso da Srt. Collins é... Delicado –ele andava de um lado a outro, me fazendo suar frio, porque seu tom de voz, também não me agradava.

-Co-como assim? –perguntei agarrando fortemente na cadeira. Não sei o que estava acontecendo, mas algo me incomodava muito.

-Neste ponto, após um ano no coma, devemos oferecer às famílias e amigos a opção do... Desligamento dos aparelhos. Doação de órgãos é uma óti...

-O senhor está me sugerindo que eu aceite MATAR a Ali?! –perguntei sem poder acreditar verdadeiramente no rumo que estava tomando essa conversa. O fogo estava subindo por minhas veias, tomando o meu corpo. Como ele podia sequer me pedir para aceitar uma... Uma... Aberração dessas!

-Entenda o meu lado, Sr. Styles. Há uma lei que me obriga a fazer essa proposta. Apenas me ouça –ele pediu quando viu que eu estava me levantando, mas eu fiquei- O que eu estou tentando... Oferecer, é uma saída. Sempre é feita ao parente mais próximo, mas legalmente, só esta a Sra.Collins, mãe da Srt.Collins, mas não conseguimos entrar em contanto com ela, dessa forma, a proposta é ao senhor, namorado dela. Se trata de desligar as maquinas. A paciente não sentirá nada, disso, lhe dou a garantia. Se isso for escolhido, deverá assinar documentos, aceitando e marcando a data, logo, poderá ser visto se deseja a doação de órgãos. Não é tão ruim assim quanto parece, na verdade, por experiência própria, digo que é... Reconfortante, saber que em algum lugar há um pedacinho vivo da pessoa amada.

Eu estava anestesiado.  Tudo girava em minha cabeça como um turbilhão de informações correndo a mil por hora. Eram tantas imagens, tantos futuros, tantas opções, tantas vitorias e tantos fracassos, e um passado cheio de escolhas que nos trouxeram aqui. Mas não era aqui que eu queria que meu passado tivesse me levado. Eu queria ir pra uma casa, não muito grande, com a Ali, talvez um ou dois cachorros que daríamos nomes bobos; poderíamos ter um bebê, que nos enlouqueceria, e seria a nossa vida. Poderíamos ter tido um futuro.

Agora, eu tinha que escolher se queria ou não mata-la.

Uma saída. Uma saída. Uma saída.