O calor já começava a nos abandonar aqui em Londres, assim como o outono chegava a nossas portas, bem agressivamente de mais para o meu gosto. Eu continuava me sentindo mal, cada vez mais mal, e cada vez com mais frequência. Mas tá, isso também é exagero. Nada nem se compara com a festa de casamento do Liam (que por sinal, foi a seis dias apenas). Será que eu tava...? Não, não pode ser.
Hoje, eu ia sair com as meninas. Íamos ao shopping passar um "dia de menina" que já não tínhamos a algum tempo, por sempre ter alguém ocupado, e sim, nós estávamos nos sentindo muito culpáveis por não poder incluir a Dani nisso, mas ok, não podíamos fazer nada referente a isso.
Me arrumei de maneira simples e confortável (
http://www.polyvore.com/starting_again_ali/set?id=61079200#stream_box), sem muita vontade na verdade de me arrumar, e desci as escadas, escorregando pelo corrimão, porque sim, eu sou uma criança muito feliz. O Harry tinha acabado de ir ao supermercado comprar refrigerante e outras porcarias quando eu saí, então, deixei apenas um recadinho na geladeira.
"Curly, saí com as meninas. Vamos ao shopping. Volto a noite. Com amor, Sua Pequena"
Peguei meu carro e fui até a casa da Lea, onde estava também a Giuli e a Mel esperando.
-Ali, a gente já conversou sobre você abrir a porta da minha casa assim! -reclamou a Lea quando eu abri a porta do apartamento com a minha chave.
-BISCOITAAAA!!! -gritou o Louis aparecendo do nada e me jogando no chão pra fazer cócegas em mim.
-Luis... me... larga... eu... não... consigo...respirar -pedi entre risadas e gritos ficando descabelada no chão.
Do nada, senti algo molhado em meu rosto, e eu rezei pra que não fosse a baba dele (mesmo ele já tendo me lambido muitas vezes). Mas depois, molhado e molhado de novo.
-Giulieta! -reclamou o Luis pegando da mão dela um borrifador de água.
-Você está nos tratando como cachorro sua cachorra?! -reclamei me secando.
-Vocês mereceram, agora vamos, temos que ir -disse a Mel finalmente se pronunciando- Sua roupa está um horror.
-Tchau Biscoita, tchau amor.
-Tá, pode falar -disse a Giuli quando entramos no meu carro.
-Hã?
-Há, por favor, não se faça e sonsa Ali! -disse a Mel.
-O que foi!?
-VOCÊ ESTÁ GRAVIDA! -berrou a Lea.
-Oi? Não! Claro que não! -falei engasgando.
-Ali, você está sempre com dor de cabeça, com enjoo, com tonturas e com fome. O que é isso se não gravides? -perguntou a Mel.
-Gente, não sei! Mas eu sempre estou com fome, então isso não conta.
-Aqui a direita -disse a Giuli indicando o caminho.
-Pra onde a gente tá indo? -perguntei torcendo pra que nosso destino não fosse a clínica de pré-natal que estava no fim da rua.
-É, aí mesmo. -disse a Mel.
Pelo visto, "EU" tinha marcado hora pro médico ontem de manhã, meia hora depois de eu aceitar ir hoje com elas ao "shopping". Minha consulta seria exatamente às duas e meia em ponto, e elas, nem se sentiam culpável por trazer alguém que não está gravida numa clinica especializada em bebês. Eu não tava grávida... né?
Elas na verdade, só se sentiam minimamente culpáveis, por estar excluindo o Curly disso, porque segundo elas "ele já participou da produção, agora deveria estar na confirmação". Agora, eu estar espumando de raiva, ninguém ligava né?
-Alicia Collins, o Doutor Bryan está te esperando -disse a secretária.
-Vamos -me puxou a Lea quando eu não me levantei pra ir.
-O pai da criança não vai? -perguntou a secretária.
-Ele nem sabe que eu estou aqui -confessei, e fui puxada pra sala.
A sala era toda branca, com detalhes de madeira escura, e acessórios prateados ou cinzas. Tudo muito "monocromático" de mais pra mim, e só a sala, já me dava enjoo.
-Holá Sra.Collins -disse o doutor, MUITO bonito por sinal, me dando a mão quando eu entrei acompanhada pelas minha três amigas.
-Senhorita Collins, na verdade.
-É mesmo? Então como engravidou? -perguntou ele divertido.
-Primeiro, eu não estou grávida. Segundo, não sou casada, nem noiva, apenas moro junto do cara que eu amo. Terceiro, não entendo como isso possa te importar. Quarto, você ainda não testou os métodos? Agora entendo sua cara de mal-comido -respondi sorrindo vitoriosa quando seu rosto se contorceu. Pena que fui beliscada pela Lea e a Mel, mesmo recebendo as risadas da Giuli.
-Te falei que ela ama o Harry seu otário! -disse a Giuli vitoriosa ao doutor.
-Tá sua chata, agora cala a boca. Eu ainda tenho uma consulta a fazer. -disse ele.
-Calma, o que eu perdi? -perguntei.
-Ali, o Doutor-mal-comido, é o meu primo -disse a Giuli chorando de rir- Me desculpa, vou te explicar. Ele sempre é "fofo" com as pacientes, e no geral, elas se sentem felizes, e sexys, mesmo estando grávidas e com cara de hipopótamo, e ele queria tentar isso com você... mas não deu certo, e foi assim que descobrimos que a namorada dele não faz bem o serviço.
-Ok, vamos a consulta? -perguntou a Lea interrompendo.
Tive que me vestir com um jaleco extremamente feio, que fazia uma ventilação incomoda em meu traseiro, e me deitar sobre uma maca. O teste seria apenas com ultra-sonografia, pois queríamos os resultados instantâneos, e um teste de farmácia... o que era muito ilógico considerando que estávamos numa clinica, mas que se dane.
-Olha aqui -disse ele mechendo aquele aparelhinho gelado sobre minha barriga com a atenção de todas nós-, essa mancha toda aqui, é o seu útero.
-Tá, mas e o que isso significa? -perguntei.
-A imagem, nos mostra que está claramente vazio. Nada de bebês por aqui -disse ele me fazendo relaxar.
-Então por que ela tava se sentindo mal? -perguntou a Mel.
-Não sei, pode ser alguma coisa que ela comeu... nervosismo, as vezes causa isso. Faça o seguinte. Tome esse remédio por duas semanas, se não melhorar, você terá de fazer exames -declarou o médico me entregando uma receita.
-Muito obrigada Dr.Bryan.
-Só Bryan Alicia.
-Só Ali, Bryan. E diga a sua namorada fazer um serviço melhor -respondi fazendo todos rirem.
-Se você der um autógrafo pra ela posso convencê-la a isso.
Saímos da clínica, já quase as cinco da tarde, e como boa criança que eu sou, convenci as meninas a comprarem sorvete pra mim, mesmo estando frio pra desgraçar.
Cheguei em casa exatamente às seis horas rindo sozinha pela tarde que tivemos no consultório.
-CHEGUEI MEU MACHO! -gritei.
-Oi amor, como foi lá no shopping?
-Há, quem dera tivessem me levado ao shopping. Fomos a uma clinica de pré-natal -falei sorrindo.
-ÓH MEU DEUS EU VOU SER PAPAI! -gritou ele largando no cão uma tigela de pipóca e me pegando no colo.
-Não! Harry, não, calma! -falei rindo, e ele parou de pular- Eu não tô grávida.
-Então por que vocês foram na clínica? -perguntou ele um pouco decepcionado.
-Porque elas achavam que eu tava grávida..
Contei pra ele tudo o que aconteceu durante nosso jantar de porcarias. Pipoca, pizza, biscoito e chocolate (nem sei pra que têm a cozinha se a gente nunca usa) foi nosso nutritivo jantar. Ele ria, e deixou de parecer desapontado com o fato de não ser papai, ele estava rindo divertido do "Dr.mal-comido" e do desapontamento das meninas, e até se sentiu um pouco aliviado por eu ter visto algum médico e ter remédios receitados por meu mal estar.
Nervosismo. Quem diria.