Fanfic: Não me abandone jamais | Tema: Homossexualidade

Os dias passavam em seu próprio tempo, uns mais longos e tediosos (especialmente nos dias em que eu e Paulie não assistíamos às mesmas aulas) e outros que voavam, principalmente o dia em que descobrimos um paraíso no antro do inferno. 

Tori: Paulie, vamos pegar firme hoje! Mary vai?

Paulie: Creio que não. Parece que dará aulas de trigonometria para uma garota, alguma coisa assim. Hoje contaremos o tempo, tá?

Tori: Fala sério! Eu estava brincando sobre ``pegar firme``. Você ainda está um pouco debilitada, né?

Paulie: Ah, qual é, Tori! Estou novinha em folha... sou um falcão, e até eles voltam a voar.

Tori: Tudo bem então. Mas, se sentir algo, me grite, que paramos.

Paulie: Fechado.

Tori: Vamos embora, então.

Partimos para nossa corrida matinal pela floresta/divisa de colégios. Se as árvores daquele lugar vissem o que acontecia - inclusive comigo - ...

Os meninos do RAB sempre corriam ali, de fato, para observarem nossos seios pulando, gerando-lhes momentos únicos de orgasmo. Nojeira.

  Paulie: Está muito mole, Tori! Vamos logo! 

Tori: HA HA, olhe quem está falando! Eu vinha ganhando de você até agora!

De repente, um ruído muito particular e estridente atravessou nossos ouvidos:

Paulie: Nossa! Ouviu isso, ou eu (ainda) estou louca?

Tori: Não, eu também ouvi. O que será? - e o barulho se repetira umas três vezes, cada vez mais alto.

Paulie: Quem está aí? - Já estávamos perdidas na floresta.

Tori: Saia de onde estiver!

Paulie: Alôooo!? Oi!?

Tori: Quem está aí? Saia, por favor!

Ali estávamos, os olhos esbugalhados, olhando a nossa volta, uma de costas para a outra. Entrelaçamos nossas mãos e continuamos a olhar para o céu - é incrível como, em situações como essa, nossa reação imediata é a de olhar para o céu.

Jake: UUUUAAAAAAAARRRRHHH!!! SOU UM FALCÃO E CHUPO SEIOS, RRRUAAAAAAARRRHHHH!!!

Tori: AAAAAAAAH! JAKE! QUER NOS MATAR??

Jake: À você não. À ela.

Paulie: O que faz aqui, seu verme?

Jake: Pergunto o mesmo, sua sapatão.

Tori: Ei, parem!

Paulie: O que quer com minha rainha? Eu ganhei a batalha, aceite as consequências, J.

Jake: Batalha, batalha, pppffft. E que consequências? Fala desta aqui? - Jake levantou a camisa e mostrou-nos um enorme buraco em seu abdomen, causado pela espada de Paulie. - E não me chame de ``J``, eu tenho um nome completo. Jake.

Paulie: Olá, prazer em conhecê-lo, J. Agora vamos, Tori.

Jake: Ei, ei, ei! Ainda não! Tenho direito a uma revanche.

Paulie: Ok, J! Quer brigar? Vamos brigar. Aonde quer que eu lhe fure agora? Nos braços? Nas mãos, como Cristo? Ou no pênis? Aliás, se for aí, precisarei de uma agulha. - Começamos a rir descontroladamente, e Jake, enveronhado, foi embora, esbravejando).

Vimo-nos totalmente perdidas no meio daquelas folhas e aquele cheiro de terra molhada. Era até aconchegante ficar ali, mas só o fato de estarmos perdidas, já me assustava. O jeito era continuar. Achar a luz no fim do túnel.

Paulie: Estou começando a ficar fadigada. Não me culpe, você quis vir correr. Um banho gelado era tudo o que eu precisava agora...

Tori: Vamos voltar.

Paulie: O que? Não, o sol está muito forte, melhor esperarmos um pouco aqui na sombra.

Tori: Assim iremos nos atrasar!

Paulie: Dane-se! Posso não chegar viva até lá se formos agora.

Tori: Tudo bem, P. Vamos esperar.

Nos sentamos debaixo de uma árvore frutífera gigante. Dava mangas. E, adivinhe: Paulie quis escalá-la. E lá foi ela. Seus movimentos eram ágeis iguais aos de um macaco, cruz credo. Catou algumas mangas e, de lá do topo, berrou: "EU TE AMO, VICTORIAAAAAA".

Tori: Desça daí, sua maluquinha!

Paulie: Descendo!

Roubei um beijo dela e começamos a comer as mangas. Foi uma cena nada formidável, estávamos todas lambuzadas. Um silêncio tomou conta daquela floresta, e eu conseguia escutar a respiração de Paulie. Era tão sexy. Mas... havia algo além da respiração. Algum outro som desconhecido podia ser ouvido. Estava distante, mas nem tanto. 

Paulie: Está ouvindo isso?

Tori: Sim, mas dessa vez não é o Jake.

Paulie: Melhor que não seja - disse enquanto levantava rapidamente, me levantando também. - Vamos descobrir o que é?

Tori: Paulie, sossegue! Você sempre está com a corda toda, eu hein!

Paulie: O que há, Tori!? Vamos logo, preguiçosa.

Tori: Você sempre consegue o que quer, né? Vamos.

Paulie: É por isso que eu te amo, coelhinha. - me abraçou e começou a me guiar, de mãos dadas. - Vamos tentar seguir o som, está bem?

Tori: Ok, mas... tem certeza do que está fazendo?

Paulie: Confie em mim, sou um falcão, tenho a audição apurada. Venha.

Tori: Ai, ai...

Paulie: VIU?? Está ficando mais perto... parece... ÁGUA! TORI! É UMA CACHOEIRA!

Tori: Será??? Vamos correndo, estou ansiosa!

Seguimos mais alguns minutos, e o pitaco de Paulie estava certo (como sempre). Nos deparamos com uma das mais belas vistas do mundo! Um paraíso no meio do inferno, sim. A água era cristalina e quentinha. Nenhum vestígio de presença humana. No fim da queda d`água, havia uma piscina natural cercada de pedras. Um convite dourado para um bom banho. Ou mais.

Paulie: Tori, o Clube das Meninas Perdidas é o primeiro a pisar aqui! Vamos dar um mergulho nesta maravilha!

Tori: Mas, P, não trouxemos roupa de banho...

Paulie: E quem disse que precisamos de roupas?

*OBS* QUANDO ESTIVER ESCRITO APENAS UMA LETRA, COMO MARY `B`, `P`, `J` ETC, LEIA A LETRA DE ACORDO COM SUA PRONÚNCIA EM INGLÊS.