Fanfic: Arms Against The System | Tema: Vampire Diaries

"Suas mãos apertavam meus braços puxando meu corpo para mais perto do seu, eu sentia seu hálito que cheirava à álcool. Ele tinha o corpo forte, braços delineados e um olhar que parecia enxergar minha alma. Seus dedos passavam devagar ao longo do meu braço direito enquanto ainda me segurava pelo esquerdo, fechar os olhos não resolvia mais. Eu estava exausta e minha cabeça girava, como se estivesse em algum daqueles brinquedos que nos giram sem parar até que perdemos a noção de onde estamos. Tudo ficou escuro. Ele sumiu."
Abri os olhos e percebi que estava deitada no grande tapete em forma de urso que ficava a beira da cama. A luz estava apagada e o quarto era iluminado apenas por uma vela em cada canto da cama. Minha cabeça doía e conforme eu me levantava sentia meu corpo inteiro doer, era como se eu tivesse apanhado sem parar horas e horas seguidas. Não me lembrava de nada além do seu olhar e me arrepiava cada vez que pensava no que aconteceu antes. No meio da escuridão uma sombra apareceu na porta e devagar me sentei na cama, me afastando com pavor do que pudesse estar ali. Fechei os olhos e me encolhi no canto mais escuro da cama, esperando que ficasse invisível aos olhos que procuravam por algo. Senti mãos macias e geladas me tocando, respirei fundo e abri meus olhos. Eu reconheci aquele contato de algum lugar, eu sentia segurança e não sabia explicar o porquê. Seu rosto estava escuro agora que ele havia apagado uma das velas, não me permitindo ver nada além da sua mão que devagar me trazia pra perto de si.
A segurança tomou o meu corpo e quando me dei conta estava com meu corpo colado no dele, ele me apertava forte e eu sentia seu perfume fresco e inebriante. Me sentia entorpecida e cada vez o apertava contra mim. - Você vai ficar bem. Eu vou te tirar daqui. - Quando ouvi sua voz grave percebi que era Enzo. O meu guardião. Ele estava ali tentando me acalmar e conseguia isso com uma facilidade tremenda. Fechei novamente os olhos e deitando minha cabeça no seu ombro, com meus lábios colados no seu pescoço, falei o mais alto que pude e ainda assim saiu como um sussurro - Eu sei. Você é o único que pode fazer isso e eu confio em você. - Percebi quando seus braços me envolveram, fazendo com que eu descesse da cama e ficasse de pé na sua frente, ficamos ali por mais alguns minutos até que ouvi um barulho e ele saiu apressadamente do quarto me trancando novamente no mesmo. Deixei que meu corpo caísse na cama e fechei os olhos. O dia só estava começando.

- Anabelle, abra o quarto 612! - A porta se abriu e logo veio Ana, uma das amas mais carinhosas que havia ali. Me estendeu a bandeja com pães, frutas e leite. Estava tremendo e me olhava friamente. Senti um calafrio percorrer meu corpo e peguei a bandeja o mais rápido que pude tentando libertá-la da aflição de ficar ali. Eu não queria comer, mas sabia que se não comesse pelo menos as frutas seria punida. Anabelle estava do lado de fora do quarto esperando que eu devolvesse a bandeja. Limpei a boca com o guardanapo, arrumei os talheres da maneira que haviam chegado para mim e levei a bandeja até a porta onde ela estava acompanhada de Nestor, o guarda da casa. Ela saiu carregando a bandeja fracamente, tropeçou duas vezes no caminho e pude ver que algo estava diferente. Ela me escondia algo. - Vá para o quarto e tire a roupa, mandarei alguém subir para te ajudar no banho. - Assenti com a cabeça para Nestor e me virei indo até a janela do quarto. Dali eu podia ver o imenso jardim onde estavam as outras meninas. Elas  brincavam umas com as outras enquanto eram vigiadas por mais seis guardas. Me despi lentamente deixando que o vestido vermelho cereja que vestia caísse no chão, tirei logo em seguida meu bustier e minha calcinha, ficando completamente nua. Caminhei até o banheiro e me olhei no espelho, meus olhos azuis estavam fundos e meus cabelos ruivos presos numa longa trança estavam bagunçados. Devagar soltei a trança e desembaracei alguns fios. Anabelle surgiu logo atrás de mim e trouxe consigo mais duas amas, Louise e Maria. Enquanto duas delas preparavam a água na banheira, Ana terminava de desembaraçar meu cabelo com um pente, prendendo-o novamente numa trança. Com a água já preparada entrei na banheira devagar e fechei os olhos. Elas me lavavam devagar e eu não podia fazer nada a não ser ficar parada. Essa era a regra, eu não devia me esforçar.
Já do lado de fora do banheiro, usando um bustier vermelho em conjunto com a calcinha, parei novamente em frente à janela enquanto Maria amarrava o espartilho em mim, me apoiei na parede tentando conter o ar que me faltava. Já pronta com um vestido longo e rodado azul royal e azul marinho e um sapato de pedras e salto alto sai devagar do quarto acompanhada das três e de Nestor. Desci as escadas que passavam entre corredores e mais corredores, era tudo um labirinto proposital que tinha como função principal nos confundir. Não me lembro como chegamos ao jardim porque me perdi já no primeiro lance de escadas. Enzo estava sentado numa das mesas acompanhado de mais duas meninas e me olhava aflito enquanto Pierre, seu irmão, se levantava e vinha em minha direção. Assim que se aproximou senti seu hálito e o reconheci da outra noite. Me estendeu a mão e segurei firme enquanto caminhávamos até a mesa. Ali estávamos em seis; Pierre, eu, Enzo, as duas meninas e mais um homem forte que devia ser um dos seguranças novos. Fui servida com uma taça de vinho e enquanto todos bebiam e comiam uvas oferecidas na mesa, eu mal tocava minha taça e me pegava deslizando em pensamentos.
- Vamos para o salão principal. Hoje teremos uma festa, só entram pessoas com máscaras e vestidas à caráter do século XIX. Quero que você recepcione à todos. - Saí apressada enquanto era puxada por Pierre. Meu salto afundava na grama do jardim conforme corríamos e eu estava arfando, o peso do vestido era muito e meu corpo fraquejava. - Não corra, Pierre! Ela não vai aguentar. - Enzo gritou do outro lado do jardim e nós paramos imediatamente. Percebi que ambos me olhavam e enguli seco. Já no salão principal, a imagem era belíssima. As mesas estavam todas com arranjos enormes de rosas e no centro do salão, logo abaixo do imenso lustre de cristais uma única mesa, deixando à sua volta espaço suficiente para que as pessoas se movimentassem e dançassem. Aquela festa não era como as outras e eu percebi isso assim que olhei numa das laterais do salão, havia uma mesa larga e comprida, cheia de arranjos de flores nos tons de azul, branco, rosa e amarelo. Em cima dela, um enorme bolo de seis andares, branco, apetitoso e lindo.
Conforme as pessoas iam chegando, Pierre e eu estávamos lado a lado recebendo-as. Todas nos parabenizavam e eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Logo chegou Enzo com sua mesma expressão aflita e beijou minha mão, reverenciando-me. Sorri, abaixei a cabeça em resposta ao seu cumprimento. Ao meu lado, três seguranças e Pierre, ele me olhava sério, com uma expressão sombria e sorria ironicamente, o que me causava calafrios. Eu tinha medo e curiosidade por ele.
Se você se pergunta onde estou, o que é tudo isso, se prepare para a resposta. Quando eu tinha alguns dias de vida, fui deixada na porta de um castelo no norte da França, o castelo de Chambord e achada por um casal que cuidava do castelo. Bennedict e Alicia Fontaine, eram parte de uma das famílias mais ricas e respeitadas da França por conta da fortuna herdada parte da antiga família real, os Bourbouns e parte do lucro de empresas que a família possuía. Fui criada por eles desde então e até os 16 anos fui educada por diferentes professores em casa. Aprendi cinco línguas diferentes: Inglês, Português, Alemão, Espanhol e Italiano. Tive uma vida regrada, onde comer e dormir eram tarefas com hora marcada e reuniões com importantes parlamentares eram comuns. Aos 17 anos fui trazida para o castelo, numa parte onde as visitas de turistas não era permitida. Aqui conheci Pierre e Enzo, dois irmãos e sócios numa das maiores empresas de tecnologia renovável. Por serem sobrinhos dos meus pais convivíamos diariamente. Mesmo em pleno século XXI, eu me vestia e era tratada como se vivesse no século XIX. Tive acesso à itens de beleza atuais, e muitas tecnologias, mas ainda assim não podia entrar em contato com roupas atuais ou ter acesso à celulares, computadores, etc. O meu mundo inteiro se resumia à minha vida no castelo. Quando completei 18 anos, no mês passado fui trazida para esse quarto em que durmo agora, recebi novas roupas - ainda com o mesmo estilo do século XIX - e com as roupas recebi novas regras, não deveria me esforçar. Tudo que posso fazer é cavalgar à determinadas horas do dia, ir à biblioteca, andar pelo jardim - sempre acompanhada de algum segurança -, comer diversas vezes por dia e ter aulas de Direito Administrativo com um professor particular todas às quarta e sexta feiras. Essa sou eu, entediante, dependente e mais conhecida como "Lauren, The Queen."

As pessoas me cumprimentavam e sorriam para mim como se me parabenizassem, eu não estava entendendo nada mas sempre que tentava me afastar percebia os olhares voltados para mim e perdoa a coragem. De repente sinto seu hálito quente na minha nuca e me arrepio completamente, suas mãos tocam minha cintura e Pierre ainda sorrindo para todos sussurra no meu ouvido - Me acompanhe, tenho um pedido a fazer. - Não entendi muita coisa, mas vou caminhando com ele enquanto sua mão segura a minha me puxando até a mesa onde está o bolo. As pessoas se afastam formando um círculo, deixando o meio do salão livre e nos olham alegres, todas com suas respectivas taças de champanhe. Quando já estou pronta para reclamar que não fui servida, Pierre me entrega uma taça e sorrindo pede a todos silêncio. Estou sem entender nada, olho para todos os lados sorrindo e tentando, em vão, disfarçar minha preocupação. Enzo me olha aflito e percebo que ele também sabe o que vai acontecer. Caramba! Sou a única desinformada aqui?
Pierre está na minha frente de joelhos, já deixou sua taça na mesa e segura diante de mim uma caixa pequena e da cor de um azul turquesa e com um laço branco à sua volta, em cima da pequena caixa há uma gravação em relevo prata que diz "Tiffany&Co." Meu coração dispara e parece que vai sair pela boca, deve ser por isso que imediatamente fecho meus lábios e olho à minha volta assustada enquanto seu pedido se torna somente um som perdido na multidão que me olha sorrindo, empolgada. "Você quer se casar comigo, Lauren?" Minhas mãos estão trêmulas e sinto que meu corpo vai desmoronar a qualquer momento. Agora entendo o motivo do nervosismo da Anabelle, todos sabiam. Todos, menos eu. Me deparo comigo mesma, assustada, sem respirar, com os olhos vidrados na caixinha, Pierre permanece de joelhos e me pergunta novamente com um pouco mais de irritação na sua voz. - Lauren, você aceita se casar comigo? - Na mesma hora direciono meu olhar aos meus pais que me olham levemente irritados, percebo que não é exatamente uma resposta que devo dar, já que estou sendo "obrigada" a dizer sim com todos os olhares em cima de mim, esperando uma reação natural, um simples "sim". - S... si... sim. - Demoro para dizer a palavra de apenas três letras e todos aplaudem. Pierre me olha mais aliviado mas percebo através do seus olhos cor azul do céu que está irritado. O anel é cravejado de pequenos diamantes e tem um grande diamante em cima, numa forma quadrada também rodeada de diamantes menores, sinto-o colocando-o no meu dedo e apago.