Fanfic: Sant' Anna | Tema: Original
– Vamos pegar o papel. - Lola falou, andando depressa para a coordenação.
– Que papel? - Effie olhou para a coordenação exasperada, temendo o que quer que estivesse lá.
– Ruiva! Precisamos entrar na sala... - Lola deu um tapa no ombro dela. - Rápido! Estou perdendo matéria.
Effie revirou os olhos, me arrastando ao lado dela enquanto Iza corria mais à frente atrás de Lola. Coordenação? Sério? Uma puta perda de tempo andar até aquele aquário para pegar uma autorização boba.
Por que não podíamos simplesmente entrar na sala "like a boss"? Tão mais fácil! E menos tempo perdido para o professor também...
– Onde está o Márssio? - Iza grudou o nariz no vidro da coordenação, olhando a cadeira vazia do coordenador pedagógico.
– Eu sei lá - Effie cruzou os braços irritada. - , deve estar comendo alguma professora.
Hm, isso era muito provável.
– E agora? - Iza perguntou, ainda com o nariz no vidro.
Eu era a favor do "entrar com tudo" na sala de aula e mandar o professor ir se fuder se ele pedisse o papel. Só naquelas de quem mandava e tava cagando e andando pro diretor daquele colégio.
– Podemos sentar aqui e esperar. - A ruiva deu de ombros, olhando as próprias unhas.
– Nem pensar! - Lola provavelmente não queria perder mais matéria. - Vamos na Kamilla...
– Ficou doida? - Iza se exaltou, desgrudando do vidro e praticamente pulando em cima de Lola, tamanho era o seu medo de encarar a coordenadora novamente. - Eu não entro lá dentro nem que me paguem!
– Ah você entra sim! - A nerd xingou alto. - Precisamos dessa matérias para as trimestrais.
– Está tudo bem, Iza. - Segurei a mão da loira, encarando o chão. - É só não pensarmos no que vimos.
– Isso não é algo fácil de se ignorar. - Effie explanou.
– Vamos tentar. - Lola deu de ombros. - Precisamos do papel.
Quando entramos na sala da Kamilla, não era como se eu não tivesse me preparado para o que viria a seguir. Na verdade eu sabia no que tudo isso ia dar, se não fosse com a minha mão na cara dela.
Quando eu abri a porta e vi a Kamilla sentada em sua cadeira, percebi que de nada me afetava vê-la viva ou morta. Fora um choque pelo qual passamos, uma tragédia que vivemos, que parecia tão real quanto você parado do outro lado da tela lendo essas palavras ridículas que eu escrevo.
Quando meus olhos se encontraram com os da coordenadora, nada se passou além de um sorriso amigável entre conhecidas dentro de um colégio. Ainda que eu achasse que deveria ter o poder de matá-la com o olhar, só por ser chata e por ter morrido na hora errada, na frente das pessoas erradas, e voltado à vida do nada.
– Gurias - Kamilla nos convidou à entrar. -, no que eu posso ajudar vocês?
Nada além de gritar alto para tudo e todos que você morreu no laboratório 03. Puta merda, Wanda... Se você falasse metade do que pensasse, estaria na parte mais obscura do inferno.
Nenhuma de nós falou nada por um período inteiro de cinco segundos, tempo suficiente para que entrássemos na sala e ficássemos de pé na frente dela, encarando a mesa feito abobadas.
– Nós gostaríamos de uma autorização para entrar. - Lola pediu educadamente.
Kamilla nos encarou por alguns segundos, por trás dos óculos de armação escura. Seus olhos variavam de Effie para Lola, de Lola para Iza, e de Iza para mim, para então começar tudo de novo, exatamente como o garoto do quarto andar havia feito.
De repente me lembrei que não havia perguntado seu nome.
– E por que as senhoritas não estavam na aula? - Kamilla perguntou.
Nos entreolhamos rapidamente; cada uma tentando criar uma desculpa convincente dentro da cabeça que funcionasse, e não nos desse uma suspensão.
– Estávamos na sala dos professores. - Lola, nossa porta voz de primeira classe, falou rapidamente. - Entregando alguns trabalhos e...
– Estava faltando a bibliografia em um deles. - Effie completou. - Tivemos que revirara a biblioteca procurando. -Ela deu um riso sem graça.
Kamilla nos olhou por cima dos óculos e eu comecei a rezar para que funcionasse. Ela sorriu para nós - aquele sorriso típico de miss simpatia - e eu me perguntei até que ponto aturaria isso.
– OK. - Foi tudo o que ela disse, antes de pegar um bloco de autorizações na gaveta de maneira rápida e assinar um dos papéis.
– Tudo certo? - Dava para ver que Lola iria ter um ataque epilético de não saíssemos dali logo.
Kamilla nos entregou a autorização assinada com um aceno de cabeça, se levantou da cadeira estranha onde se sentava e abriu a porta para nós.
– Muito bem, gurias. - Ela lançou um olhar intenso na nossa direção.
– Obrigada. - Effie falou, antes de me puxar para sair da sala.
– O prazer foi meu. - Kamilla sorriu de maneira sinistra, para cada uma de nós, individualmente, nos separando como os papéis que ela separava em sua sala. - Eu gostaria que vocês se certificassem de não voltar ao quarto andar.
Eu empaquei a caminho da porta, fazendo com que Effie soltasse o meu braço e voltando para ver o olhar sinistro que ela continuava nos lançando. Só para me certificar, sabe? Me certificar de que havia ouvido bem.
– Desculpe - Lola parecia estar com os mesmos problemas de audição. -, o que disse?
– Eu disse - A coordenadora falou pausadamente. - para que as senhoritas não voltem ao quarto andar.
Olhei para Lola em estado de choque, querendo que o que eu tivesse ouvido não fosse verdade. Eu amava minha sanidade o suficiente para não jogá-la pela janela nos dias de liquidação total, certamente não jogaria agora.
– Tudo bem. Até mais. - Effie nos puxou para fora de repente, fechando a porta da Kamilla atrás de si, até que eu lembrei infeliz que a porta era de vidro, e lá estava ela nos ainda nos olhando.
Nós sabíamos que ela sabia. No fundo, nós sempre soubemos.
Puta merda, coordenadorazinha da porra... Quem disse que um dia iríamos passar por algo como isso? Para mim, não merecíamos nada daquilo, nada do que aquele enforcamento estava nos oferecendo.
Nossos passos eram curtos e apressados na direção da sala de aula, como se tivéssemos medo de que Kamilla viesse atrás de nós com o seu "tique de enforcada", e os saltos batendo no mármore em uma sinfonia assustadora.
Em pensar que àquela altura, eu ainda me perguntava até onde nossa situação seria covincente. Até onde uma pessoa que não tivesse nada a ver com a história poderia acreditar em nós.
Então, eu já vou logo avisando...
Algumas coisas acontecem, ainda que sejam absurdas, elas realmente acontecem. Como um assassinato, um enforcamento, uma decaptação... Algo realmente grotesco e de grande porte, pode vir a acontecer em qualquer lugar, por mais seguro que ele pareça.
Algumas coisas são como a fé. Você não pode enxergá-la ou prová-la, mas ela existe dentro de cada um de nós, como algo que nos impulsiona a buscar o necessário.
Nos dias de hoje, as pessoas costumam ter fé nas coisas mais absurdas. Como, por exemplo, um colega retardado, uma comida preferida ou um professor exemplar.
Os abstratos existem.
Nós podemos acreditar neles; acreditar na morte como um fim e no nascimento como o verdadeiro início.
No mundo existe guerra. Existe dor e sofrimento. Existe sede e fome...
Por isso acreditamos nos nossos próprios pesadelos.
– O que você acha que ela estava pensando? - Iza caminhava na minha frente, num zigue e zague meio rebolado, com algumas falhas.
– Como eu vou saber? - Sussurrei para ela, olhando para os lados a procura de ouvidos indesejáveis. Todos estavam em aula e o corredor estava deserto, nos dando a oportunidade de conversar dentre sussurros.
– Ela sabe. - Lola falava mais para si mesma. - Ela tem que saber.
– Ela estava morta! - Effie não se importou em manter o silêncio. - Como é que ela poderia saber?
– Isso é confuso. - Lola concordou, caminhando até a sala de aula e abrindo a porta devagar.
Entramos silenciosamente na aula de matemática, entregando a autorização ao professor e nos sentando em seguida, sem dizer uma palavra. Nossos olhares se encotravam às vezes, mas não trocávamos mais sussurros.
Marciano lecionava sua matéria normalmente, desenhando círculos no quadro branco e tagarelando sobre trigonometria. Seus olhos se moviam de um lado ao outro, nos incitando a responder ou admitir que não entendemos.
Tudo estava muito estranho, e eu estava ficando com medo. Algo estava errado, e todas estávamos erradas também.
– O que tem no próximo? - Effie perguntou rapidamente.
– Literatura.
– E no próximo?
– Nada. A aula termina. - Lola respondeu.
Suspirei aliviada, querendo ir pra casa e tentar vomitar qualquer resquício de quarto andar que me restasse. Ainda que eu estivesse de acordo que o bonitão não tinha nada a ver com a história toda, exceto que talvez ele soubesse o que havíamos visto.
– Algo para fazer? - Lola perguntou, olhando o quadro fixamente e falando como se viesse do além.
– Dormir? - Effie palpitou.
Deitamos a cabeça na mesa e tentamos dormir do jeito que dava, com casacos para afofar as orelhas e a voz do professor como um sonífero potente.
Me lembro de quando minhas pernas começaram a ficar dormentes embaixo da mesa, e meus dentes começarem a doer. Logo eu senti Iza botando o dedo no meu ouvido para me acordar, fazendo com que eu saltasse alarmada de susto.
– Poia! - Gritei com ela.
– Te amo. - A loira sorriu.
Complexo de amizade é foda.
– Faltam três minutos. - Lola olhou no relógio de ponteiro dela. - Ele podia nos deixar sem tema, certo?
– Hm. - Effie resmungou. - Seria muito generoso da parte dele.
– Iza concorda. - Iza concordava.
Guardamos nosso material de matemática o mais depressa possível, mais do que prontas para tirar outro cochilo básico na aula de literatura e poder ir embora.
Effie se sentou na mesa de Lola, lendo O Morro dos Ventos Uivantes com mínima atenção, provavelmente morrendo de sono como o resto de nós. A diferença é que ela já havia lido aquele livro diversas vezes, e acabara se tornando uma leitura automática.
Eu sentei no colo da Iza, usando o casaco dela para apoiar minha cabeça contra a parede e tirar um cochilo no intervalo, até a professora Anne me acordar cantando algo como Educação pela Pedra.
– Dábliu. - Lola chamou me atenção.
Tirei o casaco de Iza da minha frente e ergui os olhos em direção a porta, rezando por tudo e todos que não fosse o Tio do Corredor, me chamando na coordenação por ter pichado o bebedouro.
Quando levantei minha cabeça e encarei a porta pra valer, na verdade havia um cara meio estranho me encarando, como se me convidasse a sair da sala.
Ele era um garoto da nossa idade, e eu imaginei que pudesse ser do segundo ou do terceiro ano. Era baixo, apenas uns poucos centímetros a mais do que eu, e usava uns óculos quadrados sujos com algo que eu imaginei ser folheado.
Usava uma camiseta dos simpsons por baixo de uma camisa xadrez, jeans desbotados e reeboks precisando de uma boa lavagem. Carregava uma bolsa um pouco estranha, que parecia ser um pouco peluda, mas isso não vem ao caso.
– Wyrda? - Ele entrou na sala, um pouco incerto.
Cuspi alguns pelos estranhos que havia engolido sem querer do casaco da Iza, sacudi minha blusa cheia de cera de borracha marca texto, e me levantei sonolenta, andando na direção da porta.
– Essa deve ser eu. - Tentei sorrir para ele, mas isso foi meio inútil. Meus sorrisos costumam ser meio cínicos por natureza.
– Sim. Deve ser. - Ele respondeu meio tonto. - Você vem?
– Onde? - Perguntei suspeita.
Effie ergueu as sobrancelhas para ele, jogando seu cabelo ruivo por trás dos ombros, enquanto Iza estourava uma bola de chiclete e Lola mostrava a língua.
– Passear. - Ele disse, simplesmente, olhando um pouco temeroso na direção das três.
– Tudo bem. - Acenei para as gurias, indicando que voltava logo. - Tudo para matar aula.
Ele concordou com um aceno de cabeça, fazendo com que aqueles óculos quadrados parecessem ainda mais esquisitos.
– Eu sou Oliver. - Ele tentou sorrir para mim, mas acabou resultando num espasmo nervoso.
– Olá, Oliver. - Sorri para mim mesma.
– Vamos andando.
Seguimos pelas escadas à esquerda, que levavam para o corredor do terceiro ano, e no momento estavam lotadas de cartazes do grêmio estudantil.
– Então... - Tentei pará-lo ali mesmo, querendo voltar para o meu casaquinho e dormir. - Pra onde estamos indo?
Ele não respondeu em seguida. Seus olhos vagavam perdidos nas escadas enquanto descíamos, e seus passos eram meio desembestados, aleatórios pelo piso.
– Eu só queria conversar com você. - Ele sorriu na minha direção quando descemos.
– Ah. - Fiz sinal de entendimento. - Sobre...?
– Coisas. - Ele continuava sorrindo, colocando as mãos nos bolsos e andando devagar.
Eu não perguntei mais nada até que chegássemos ao bar, onde paramos em uma das colunas nos encarando, um verificando ou outro com o olhar.
– Você é meio estranho, sabia? - Meus olhos se fixaram no rosto dele.
– Falou a "rainha da normalidade". - Ele riu abertamente na minha direção, mostrando que não estava mais tão envergonhado quanto antes. - Você escreve fanfictions, certo?
– Isso é normal. - Dei de ombros para ele, cruzando os braços e fazendo biquinho.
– Não com tanta convicção. - Oliver parecia estar se divertindo.
Me encostei na coluna de azulejos próxima ao bar, vendo as criancinhas da educação infantil dividirem um pão de queijo quente. Estava pensando sobre Lola, a morena simpática e meiga, e como ela puxaria conversa com um completo estranho sem se constranger.
– Sabe, você não precisa se preocupar em conversar comigo. - O garoto piscou em minha direção.
– E quem disse que eu estava preocupada?
– Você é meio transparente, Wyrda. - Ele deu uma risada contida, pausada nos lugares certos. - Não me leve a mal.
– Não estou levando.
– Está sim.
– Não est...
– Como eu disse. - Ele deu de ombros. - Você é meio transparente.
Ficamos calados por mais um tempo e, apesar de ter ficado um pouco ressentida com ele, eu ainda queria algo decente para falar.
– Por que eu estou aqui? - Fiz um cálculo rápido de qual pergunta fazer.
– Porque você os vê. - Oliver parou de sorrir, seus olhos refletindo por trás das lentes.
"Porque você os vê."
Por uma estranha razão, aquilo havia me lembrado de algo. O garoto do quarto andar, beijando a Iza e perguntando se o víamos realmente. Perguntando se ele não era invisível, ou nós se nós não éramos loucas.
– Eu vejo quem? - Perguntei à Oliver, me desencostando da coluna e massageando minhas costas.
– Eles. - O garoto deu de ombros novamente. - Os originais.
Eu ri ainda mais na direção dele, fazendo com que algumas criancinhas se sobressaltassem e corressem de nós.
– Eu já disse que você é estranho?
– Já. - Ele voltou a sorrir.
E eu continuei rindo abertamente, me contendo para não fazer imitações dele em voz alta, como "Eu sou o Oliver e eu vejo gente morta."
– Eu já disse que a Kamilla é um demônio? - Oliver me encarava seriamente.
Eu fechei a cara.
– Me desculpe - Me aproximei mais dele. -, o que disse?
– Eu disse que a Kamilla é um demônio. - Ele repetiu.
Senti minhas pernas ficando dormentes e meus olhos pestanejarem. Minha mente estava voltando para o quarto andar, enquanto meu estômago revirava me lembrando do cheiro de sangue.
– Que tipo de brincadeira é essa? - Eu me afastei dele, chegando à conclusão de que a peça não fora nenhum pouco engraçada.
– Não é brincadeira. - Oliver negou veemente, se esse ainda fosse o nome dele.
– Isso chegou ao terceiro ano? - Perguntei à ele.
– Não! O que está dizendo? - Ele fez questão de se aproximar de mim e me segurar.
– Não é divertido zombar da gente! - Empurrei-o para longe. - Foi só uma brincadeira com a coordenação... - Tentei me justificar. - Não vimos nada!
– Wanda! - Ele gritou para mim, me sacudindo e fazendo com que eu o encarasse.
– O que é? - Perguntei, me livrando de seus braços.
– Foi real. - Oliver engoliu em seco. - Realmente houve um assassinato e um enforcamento
.- Você está... - Franzi a testa, querendo por tudo e todos poder correr para o outro lado. - Você está dizendo que a matou?
– Ah! Você está dizendo que acredita que ela morreu? - Oliver sorria.
– Você está dizendo que a matou?
– Não! - Ele negou, ainda sorrindo. - Mas fico feliz que você acredite no que viu.
– Eu também, certo? -Olhei-o de cima a baixo. - É bom preservar a sanidade...
– Com certeza. - Ele murmurou.
Ficamos assim por um tempo, em silêncio, um encarando o outro e afastados até onde podíamos. O bar estava deserto e os tiozinhos estavam conversando com os professores.
Botei as mãos nos bolsos, de repente sentindo um frio que não existia.
– Quem é você? - Encarei-o.
– Eu sou Oliver. Prazer. - Ele segurou uma das minhas mãos, em um aperto firme e cálido. - Provavelmente, o único que sabe a verdade sobre esse colégio.
– Que verdade? - Comprimi os lábios.
O sinal tocou, se estendendo por alguns longos segundos. Ouvimos cadeiras sendo arrastadas e portas batendo nos outros andares, passos vindo da escada e o saguão se enchendo.
– Dábliu! - Effie corria na minha direção.
Oliver franziu o nariz, fazendo com que seus óculos levantassem. Sua expressão se tornou neutra, como estava quando ele havia me encontrado
.- Essa conversa ainda não terminou. - Puxei-o pelo braço, fazendo-o ficar na minha frente.
– Eu sei. - Ele sorriu levemente para mim. - Eu sei a verdade.
– Que verdade? - Perguntei novamente, enquanto Iza me alcançava.
– A verdade que você logo irá descobrir. - Ele sorriu, soltando o meu braço gentilmente. - Eu sou da trezentos e dois, ok?
– Ok. - Confirmei, soltando-o igualmente.
– Passa lá quando estiver se coçando. - Ele mostrou a língua em seguida, para logo se afastar de mim murmurando. - Você é doida. - Eu ainda pude ouvi-lo.
Revirei os olhos ao mesmo tempo em que Iza e Effie me alcançavam, segurando meus ombros e olhando para Oliver que já ia embora.
– O que ele disse? - Effie perguntou, ajeitando a mochila nos ombros.
– Vocês ficaram? - Os olhos de Iza brilharam.
– Por que eu sou sua amiga mesmo? - Effie perguntou à Iza.
– Porque eu sou gostosa! - A loira brincou.
Revirei os olhos para as duas.
– Ele é um completo estranho.
Lola caminhava em nossa direção com toda a calma do mundo, bebericando uma lata de coca e observando os calouros passarem.
– O que ele disse? - Effie repetiu. A ruiva parecia estar prestes a ter um colapso.
– Argh. - Troquei o peso de um pé para o outro. - Ele meio que acredita em nós.
– Meio que acredita em nós? - Levou alguns segundos para que Effie compreendesse. - Ah! - Ela confirmou. - ...Ele acha que foi real.
– Se ele está tão certo disso - Iza segurou o fichário mais forte contra o peito. -, como ele justifica o fato dela ter voltado?
– Ninguém justifica, amiga. - Effie respondeu por mim.
Lola nos encarava divertida, quase um pouco anestesiada. Seus olhos castanhos pareciam brincar com a paisagem, enquanto seu queixo se levantava para nós.
– Senhorita Lola. - Effie soltou o meu ombro, caminhando até a morena. - Cospe.- Ela ordenou.
– O quê? Não tenho nada pra cuspir. - Lola negou.
– Lola esconde algo. Lola solta rápido. Lola travessa! - Sorri na direção dela, saltitando ao seu lado.
– Lola não esconde nada. - A morena afirmou. - Só estou divagando...
– Hmmmm. - Effie murmurou.
– Oie. - Lucas nos alcançou na saída, me dando um abraço rápido e se apoiando no meu ombro. - Quem era?
– Um cara do terceiro. - Sorri para ele. - Talvez você conheça...
– Nome? - Lucas perguntou, diminuindo o volume do seu iPod.
– Oliver. - Falei para ele.
– Who?
– Oliver! - Sorri. - Um cara estranho com óculos quadrados...
– Sim, eu o vi. - Lucas acenou. - Mas não conheço.
– Que ótimo! - Effie bufou.
Fomos caminhando na direção da saída, para onde todo o colégio estava evacuando depois de uma longa manhã de aulas. O saguão se tornou um lugar apertado, dificultando nossa saída pelo corredor da coordenação.
– Então - Effie sorria para si mesma, observando a multidão evacuar. -, eu estava planejando a busca pelo cara misterioso.
– Do que está falando? - perguntei à ela.
– Do cara que vimos nas escadas! - A ruiva revirou os olhos. - Não é possível que você já tenha esquecido...
– Mas eu achei que...
– Espera - Iza fez com que parássemos. -, não era o cara que encontramos no armário?
– Qual é o seu problema? - Effie deu num tapa estalado nela. - Eu disse que ele era loiro, entendeu? LOIRO!
– Effie, ele era idêntico ao que vimos nas escadas...
– Não era o mesmo! - A ruiva esperneou. - Eu tenho certeza do que eu vi.
– Ótimo. - Lola revirou os olhos. - Essa frase já está se tornando comum entre nós.
– Então nós temos dois caras parecidos. - Iza tentou simplificar. - Precisamos achar o loiro. - Ela contava nos dedos. - E ainda temos o nerd da Wanda...
– Meu Deus. - Lucas tirou um dos fones. - Vocês são umas taradas...
– Hey! - Lola gritou.
Nós caímos na gargalhada.
Autor(a): clarawyrda
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Layla brincava com a sua nova raposa de pelúcia, jogando a pobre coitada contra a janela toda a vez que conseguia pegá-la de novo. O sol iluminava o seu pelo cor pastel, em constraste com o pelo escuro da raposa, cujo interior de algodão saia por um furo na costura feito pelos dentes furiosos da cadela. Eu me divertia assistindo a cena; Layla saltava de ...
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