Fanfic: O café esfriou | Tema: Amores não correspondidos, solidão, vazio.

Annelize era uma menina de cabelos longos e ruivos que mais pareciam alaranjados, que batiam na sua cintura, não tinha o corpo escultural, nem era gorda, era magra. Tinha os olhos azuis claros, que pareciam mais o azul do mar. Tinha o nariz fino e a boca era pequena, bem pequena e sem cor, já que Annelize era pálida de tão branca. 

Não tinha amigos, achavam-na estranha. Os poucos que tinham a deixaram para trás e a traíram. A única pessoa no mundo em que Annelize amava, de verdade, depois de seus amores-não correspondidos era sua mãe, Carmene. 

O sol ardia no céu, e estava muito bonito nessa manhã. Era uma segunda-feira e Annelise já estava pronta para ir à escola, encarar mais um dia difícil, afitinal, era sozinha. Deu-lhe um beijo longo no rosto de sua mãe e saiu pela porta, sorrindo timidamente. Fez uma caminhada longa, como sempre fazia todos os dias, atravessou uma ponte bem pequena e já velha pelo tempo e continuou percorrendo seu caminho, até que viu uma silhueta, bem a longe, que parecia familiar.

Tentou ignorar mas quanto mais a silhueta se aproximava, mais ela tinha conviccção de que o conhecia, era um garoto, tinha certeza.

Agora já via seu rosto, sentiu seu peito desparar e engoliu em seco. Sentiu uma enorme angústia e vontade de chorar mas respirou fundo e seguiu em frente, tentando não mostrar-se abalada. Passou ao lado  dele, ele não estava só, tinha uma garota do lado dele, e ela o beijava no rosto como se já tivesse feito isto antes. Ela era loira, carregava uma beleza indescritível e tinha os olhos verdes da cor de um lago. Ele, estava mudado, deixou o cabelo crescer, e estava loiro também, a barba por fazer como sempre e o mesmo jeito de andar. 

Olhou para trás e sentiu a lágrima rolar, era ele, o amor de sua vida, era Joseph, era o cara que a fez sentir um lixo por um longo tempo, até sumir e agora reaparecer. 

Faltei a aula, não iria conseguir encarar o dia hoje, expliquei para a minha mãe que saí cedo e ela entendeu, falei que iria descansar porque estava com a cabeça doendo bastante, e acho que ela aceitou a desculpa perfeitamente. Me tranquei no meu quarto e deitei-me na cama, recostando a cabeça sobre meu travesseiro, as lembranças começaram a invadir minha mente, e eu lembrava de tudo o que aconteceu com detalhes, a forma como ele me beijava, me tocava, depois que me traiu, depois que tentou acabar comigo, o tapa e acabei adormecendo com lágrimas no rosto.

Acordei às 20:30 da noite, com minha mãe gritando, falou que eu precisava comer algo pois estava o dia todo sem me alimentar e só dormindo. A noite se passou normalmente, agora eram 23:00 em ponto. Todos estavam dormindo e eu levantei-me e fui à cozinha sem fazer barulho, peguei a caixa de remédios da mamãe que ficava em cima da geladeira, peguei a faca amolada que ficava sempre em cima da pia, fui até o banheiro silenciosamente e me tranquei. Era infalível, ia dar certo, de algum jeito eu ia acabar com a minha dor.

Lembro-me perfeitamente de pegar vários comprimidos de sabe sei lá o que, todos de adulto e se consumido em muitas doses, as consequências iriam ser as mais trágicas possíveis. Consumi uns 10 comprimidos, e lembro-me de imediatamente começar a ficar com sono e uma vontade enorme de vomitar e dormir ao mesmo tempo. 

Peguei a faca e passei sobre meu pulso, com as forças que restavam em mim, foi só o que consegui pois a dose já estava fazendo efeito e estava muito dopada. Apaguei.