Fanfic: Es Un Drama (Jondy/Vondy) | Tema: Rebelde - Jondy / Vondy
Christopher recebera notícias de Dulce através de Jack em menos de uma semana, o cara era realmente bom, pensou ele. Jack deu um relatório completo da vida de Dulce nos últimos anos, enviou inclusive um dossiê com varias fotos de Dulce, algumas fotos com pessoas conhecidas, outras não, as que ele menos gostou foram as fotos identificadas como Dulce e o namorado e uma em especial lhe chamou a atenção. Da última vez que falara com Maria Fernanda sobre Dulce, a mesma dissera que Dulce não voltava para Santa Fé há muito tempo, mas o que faziam juntos e em fotos recentes? Aquilo gerou um ódio muito grande em Christopher, pediu que Jack localizasse mais informações, pagou ao detetive uma considerável quantia em dinheiro, já era sexta-feira, teria apenas mais duas clientes e sairia com Alessandra, Alfonso e Claudia numa espécie de encontro duplo. Deixaria o dossiê para lê-lo com calma posteriormente, já sabia que Alessandra arrumaria um jeito de passar todo o sábado com ele, mas arrumaria uma desculpa para o domingo. Pensaria nisso depois. Atendeu as pacientes que faltavam, rumou para seu apartamento na Park Avenue, tomou um banho, arrumou-se impecavelmente como sempre fazia e foi ao encontro de Alessandra, buscou-a em seu próprio apartamento, foram juntos ao Appelbee’s, não seria um jantar formal, queriam apenas divertir-se, conversar e relaxar. E assim o fizeram, como havia previsto, quando voltavam para casa Claudia se ofereceu a ir ao apartamento dele, ele negou-se e disse que gostaria de passar a noite no dela para variar, assim seria mais fácil ir embora do que ter que despensá-la. Foram ao apartamento de Alessandra, transaram como de costume, passaram o sábado juntos. Alessandra era bonita e inteligente, se não fosse sua natureza e a obsessão que nutria por Dulce, talvez pensasse em ter algo sério com ela. No domingo pela manhã preparou o café, comprou uma rosa enquanto comprava o jornal, deixou tudo com um recado de que tivera uma emergência e por isso fora embora. Preferia fazê-lo enquanto ela dormia, assim evitaria todo o drama e o dengo dela. Ao chegar em casa foi diretamente ao seu quarto, pegou o dossiê e resolveu lê-lo. A cada página da vida feliz e perfeita da vida de Dulce o irritava, ficava com mais ódio, ela disse que o amava e agora seguia a vida com outro. Ele não seria capaz de deixar que isso acontecesse, descobriu que ela sempre ia à Albuquerque com uma amiga da faculdade e que lá restabelecera sua amizade com Fuzz e Francis, descobriu detalhes de Joe, Anahí, Maite e Christian. No dossiê havia indicações de como fora fácil invadir o computador de Dulce, do namorado e dos amigos dela, daí tantas fotos. Algumas íntimas e provocantes, ficou intrigado ao perceber que haviam algumas fotos dela e dele juntos, inclusive uma cópia daquela que dizia “Sempre Sua” e que ele sempre carregava, no dossiê constava também o endereço do apartamento onde Dulce e Joe moravam, decidiu que no final de semana seguinte iria atrás dela. Estava tão irritado que resolveu malhar, a verdade é que queria beber, queria bater em alguém, mas já que não podia fazê-lo resolveu malhar. Alessandra ligou várias vezes e ele simplesmente ignorou, falaria com ela no dia seguinte, depois de horas malhando e socando um saco e areia finalmente tomou um bom banho, deitou com a garrafa de vodka ao seu lado e bebeu-a quase toda até que não agüentou mais e dormiu.
Christopher acordou com uma baita ressaca no dia seguinte, aproveitou que Sloan estaria na cidade e que praticamente todas as consultas dessa semana seriam com ele, disse que precisava visitar a mãe e que ficaria a semana fora. Como sempre fora responsável com o trabalho, Sloan simplesmente concordou, arrumou tudo o que precisava e rumou para Connecticut, hospedou-se no melhor hotel de New Haven, alugou um SUV preto e com vidros escuros, começou ele mesmo a vigiar Dulce de perto, a seguia de casa para o trabalho, a seguia quando ia à academia, estava ainda mais linda, sentiu vontade de sair e falar com ela diversas vezes, mas achou melhor não. Via Dulce saindo com os amigos e vez por outra com o noivo, notou o grande anel que ela usava no dedo e ferveu de ciúmes. Ela se casaria com aquele imbecil? Ele jamais deixaria isso acontecer. Após uma semana de vigília e perseguição decidiu deixar-se ver. A acompanhou até a academia, até o supermercado e depois estacionou em frente ao apartamento dela, baixou o vidro, retirou os óculos escuros e a ficou encarando, achou que ela nunca o notaria, mas de repente ela o viu. Percebeu o medo passar pelo rosto dela, percebeu que ela havia simplesmente congelado onde estava, sentiu-se feliz com isso. Ela sabia que era dele e que ele havia retornado para retomar o que era seu, ficaram encarando-se em silêncio por cerca de cinco minutos, ele colocou os óculos, fechou o vidro do carro e saiu, ainda a vigiou o resto do sábado e do domingo, mas ela não saíra de casa para nada. Domingo a noite retornou para Nova Iorque, tinha que retomar sua vida, mas no próximo final de semana iria atrás dela de novo e dessa vez falaria com ela. A semana transcorreu normalmente, como Sloan estendera sua estada em Manhattan, Christopher tinha muito poucas pacientes, resolveu marcar consultas apenas até quinta-feira e na sexta voaria para ver Dulce e assim o fez. Quando chegou em New Haven deparou-se com o apartamento de Dulce vazio, perguntou há alguns vizinhos que disseram que ela viajara com o noivo. Apenas agradeceu, fervia de ódio, resolveu que faria algo um pouco mais produtivo. Encaminhou-se para Santa Fé, iria atrás de Francis e Fuzz, elas teriam que contar para ele tudo o que sabiam. Não poderia arriscar-se a perder Dulce de vista mais uma vez.
Ao chegar em Santa Fé Christopher já foi ligando para Fuzz, ela reconheceu o telefone dele e atendeu empolgada.
“ – Gatinho... Você me ligando? Mas que novidade!”
“ – Maria Fernanda, acabei de chegar a Santa Fé e quero te ver. Tem como?”
“ – Eu tô no trabalho, mas eu posso te encontrar daqui uma hora. Pode ser?”
“ – Pode sim! Te busco onde?”
“ – Eu trabalho aqui no ‘Hotel Santa Fé’. É meio longe do centro. Se quiser te encontro no Starbucks!”
“ – Então me encontra no Starbucks em duas horas. Eu ainda tenho que resolver umas coisas.”
“ – Tudo bem gatinho, tô com saudades!”
“ – Tá Maria Fernanda, tchau!” – Christopher desligou o telefone sem paciência, não passaria em casa, sabia que Francis trabalhava na biblioteca local, eram 17h e provavelmente ela estaria largando do trabalho naquele horário, estava com um carro alugado, não queria que todos soubessem que esteve por ali aqueles dias, muito menos que o reconhecessem. Afinal, seu carro chamava atenção demais por si só. Pegou o Cherokee preto e foi para a porta da biblioteca municipal a tempo de ver Francis saindo, a seguiu por uns quinze metros após ela sair da biblioteca e virar numa esquina, parou o carro perto dela e falou friamente.
“ – Entra no carro, Francis Recinas.” – Falou de forma incisiva e autoritária, o que assustou Francis.
“ – Ucker? O que você quer comigo? Eu não vou entrar no seu carro, tá maluco?”
Christopher fechou-a com o carro e quase a atropelou, saiu do carro e a segurou, abriu a porta do carro e a jogou dentro do carro.
“ – Eu mandei entrar Recinas! Eu não tô com saco pra brincadeira!”
Fran ficou assustada, por mais idiota que Christopher sempre tenha sido nunca fora violento, apenas ficou quieta, na hora certa escaparia, ele a levou para um local mais afastado do centro, próximo a uma propriedade dos pais dele no limite da cidade, ela estava assustada, mas não deixaria transparecer.
“ – O que você quer comigo, Uckermann? Eu não tô com saco pras suas brincadeiras?”
“ – E quem aqui tá brincando? Eu pareço estar brincando?”
“ – Fala logo o que você quer.”
“ – Eu quero que me conte tudo o que sabe da Dulce.” – Ele estava com ódio no olhar, ela se assustou ainda mais, Christopher sempre fora um assunto sensível para Dulce, no colegial ela era a única que sabia exatamente tudo o que rolava entre eles e odiava Christopher pela maneira como tratava a amiga. Inclusive fora ela que convencera Dulce a colocar um fim naquilo tudo.
“ – Ela foi pra Yale, fez direito esta noiva. É tudo o que sei! E o que você quer com ela? Não basta tudo o que a fez sofrer no colegial? Tem que perturbá-la depois de tanto tempo mesmo? É difícil assim deixar ela ser feliz?”
“ – Você sabe mais, eu sei que andam sempre se encontrando e falando. Me fala tudo o que sabe dela.”
“ – Eu já disse o essencial. Ela é muito mais feliz longe de você, como eu sempre achei que seria. Ainda bem que ela me ouviu...” – Pela expressão nos olhos de Christopher ela pôde saber que falara demais, ele estava ainda mais furioso que antes, ele partiu para cima dela e segurou-a pelo pescoço de forma agressiva.
“ – Eu sabia que isso tinha haver com você, sua sapatão invejosa!”
“ – Me larga Christopher... Tá maluco?” – Ela falava tentando desvencilhar-se dele. “ – Além do mais eu não sou lésbica e você sabe disso. Quem inventou isso na escola foi você quando eu não quis ir pra cama contigo.”
“ – E só pode ter sido por ser uma sapatão de merda. Achou mesmo que afastando ela de mim traria ela pra você, foi?”
“ – Eu não achei nada. Disse pra ela o quanto você é babaca e venenoso, você só fazia ela sofrer. Não precisei de esforço pra fazê-la enxergar isso. Você fez por si próprio. Ela te amava imbecil e você tratou ela como lixo.” – Ela conseguiu apoiar um pé no abdome dele e o empurrou, ele para longe, ele ainda tinha ódio no olhar, mas achou que seria realmente melhor soltá-la antes que acabasse matando-a tamanho seu ódio naquele momento.
“ – Você é uma escrota, sabia? Você não tinha que ter se metido entre nós dois.”
“ – Vai me dizer agora que a amava? Se amava era de um jeito bem doentio, não acha?”
“ – E o que você tinha haver com isso?”
“ – Eu prometi nunca contar, mas você tá merecendo ouvir umas verdades. Sabe por que eu convenci-a a ir pra Yale e fazer com que você sumisse da vida dela? Porque minha amiga chegou na minha casa, desesperada às duas da madrugada, chorando como uma criança porque te pegou transando com a Karla atrás da arquibancada no dia do baile de formatura. Eu falei pra ela que não era a primeira vez que você fazia isso e que estava na hora dela desaparecer. Ela contestou que daquela vez era diferente e quando eu perguntei o porquê ela disse que tinha acabado de dizer que te amava alguns minutos antes de te pegar com a Karla e que você parecia feliz, disse que ia buscar alguma coisa no carro e foi foder a Karla. Eu tentava consolá-la, dizendo para ela deixar pra lá e só passar um ano em Yale e te esquecer, ela daí ela me confessou que estava grávida de você. Grávida! Entendeu? E daí ela foi te procurar no dia seguinte, ela te confrontou sobre a Karla e você jogou na cara dela que nunca ia ficar só com ela, mas que ela era sua e ia ficar só com você. Ela era fraca pra você, mas não era idiota. Então ela, graças a Deus, te deu o fora.”
Não estava dando muita importância para nada do que ela dizia até ouvir que Dulce estava grávida, sentiu-se nauseado e tonto, respirou pesadamente e a encarou.
“ – Grávida? Como assim grávida? Por que ela não me contou?”
“ – Como se você fosse ficar com ela por causa disso. Era capaz de manda-la abortar, seu escroto!” – Francis estava revoltada, Christopher ferira muito sua melhor amiga e ela nunca pôde dizer nada, queria poder fazer algo, mas sabia que Christopher não tinha sentimentos para serem feridos. Ele estava aturdido, sentiu um nó em sua garganta, lembrou do olhar de tristeza e decepção de Dulce quando ela disse que ia embora, respirou fundo, ainda tentando organizar as coisas em sua mente. Um filho. Ele tinha um filho com Dulce, mas por que o detetive não tinha falado nada sobre ela ter um filho? De repente tudo se iluminou na cabeça dele, segurou Francis pelos braços e a sacudiu.
“ – O que aquela piranha fez com meu filho?”
“ – Como assim o que ela fez?”
“ – É porra... O que ela fez. Eu sei que ela não tem filho nenhum hoje! Fala! Desembucha Recinas!”
Fran se assustou com aquela informação, para ele saber que Dulce não tinha filho só se ele estivesse seguindo ela, ela arregalou os olhos, do que seria ele capaz? Ele apertava cada vez mais seus braços, ela começava a senti-los doer.
“ – Christopher, você tá me machucando. Me solta!”
“ – Só quando você me disser o que aquela vagabunda fez com o meu filho.”
“ – Ela não fez nada... Ela não fez nada!”
“ – Fala a verdade! O que ela fez? Eu sei que ela não tem filho, o que aquela vadia fez?”
“ – Ela perdeu o bebê... Ela perdeu o bebê por sua culpa, seu estúpido!”
Francis estava a beira de um ataque de nervos, sua voz já estava embargada, Christopher não se importava com ela, mas o que ela queria dizer com ‘culpa dele’?
“ – Como assim por minha culpa?”
“ – Será que você não lembra mesmo, seu idiota? Você não lembra do dia que drogou ela e estuprou ela?”
“ – Eu... Eu... Eu não estuprei ninguém. Ela foi pra cama comigo porque quis.”
“ – Você se convence disso, não é mesmo? Você se convence que ela foi pra cama com você porque quis e não porque você drogou ela! Você é um canalha escroto, Uckermann. Eu tentei convencê-la a te denunciar, mas ela te amava demais, ela disse que você não fez por mal. Que ela nunca deveria ter ido até você.”
“ – Eu não fiz nada demais aquele diz, nós nem transamos se você quer mesmo saber. Ela desmaiou e eu não fiz nada com ela. Então para de falar merda.”
“ – Isso pra mim é novidade, porque se você não fez, alguém na sua festinha doentia fez antes de ir embora.”
“ – Ninguém encostou nela. Eu dei GHB pra ela, admito, chegamos a começar algo, mas logo depois ela desmaiou e eu parei. Eu fiquei com ela o tempo todo, mas não fiz nada e claro que não deixei ninguém nem chegar perto dela.”
“ – Claro que não... Ela era sua, não é mesmo? Seu brinquedinho favorito! Você me enoja, Christopher. Sua falta de sentimentos e de consciência em relação aos seus atos é o que sempre me enojou em você. Mas que seja, você deu uma droga forte demais pra ela, ela voltou pra casa vomitando muito, desidratada e com muitas dores, ninguém sabia que ela estava grávida além de mim, a mãe dela levou ela pro hospital, lá eles medicaram ela em emergência e as medicações eram fortes demais, a gravidez estava no princípio... Bem... Como eu disse. Culpa sua! Quando descobriram que ela estava grávida foi porque ela estava abortando. Mas foi melhor assim... Um filho seu não iria trazer nada de bom pra ela, pelo contrário. Ela ia trancar Yale por um ano por causa disso. Ela só não tinha certeza se poderia ficar com o bebê. Sabe como a mãe da Dulce é religiosa e essas coisas. Se descobrisse da gravidez jamais deixaria ela abortar, mesmo que ela não fosse mesmo fazer isso, e depois obrigaria ela a dar a criança pra adoção, porque ela jamais contaria quem era o pai e a mãe dela não deixaria ela passar por essa vergonha de ser mãe solteira.”
Christopher estava completamente perdido. Era informação demais de uma vez só, tentou processar tudo, mas não conseguia, Dulce estivera grávida dele e por causa de uma brincadeira de mal gosto dele perdera o bebê, mesmo depois de tudo ela nunca revelara nada do que ele fizera à ninguém, nunca contou que ele a drogara e menos que era pai do filho que ela perdera, sentia-se nauseado, confuso, queria mais informações, mas sabia que seria difícil tirar mais coisas sobre a vida atual de Dulce de Francis, olhou o relógio e viu que faltava meia hora para o horário que marcara com Fuzz, dela seria mais fácil tirar informações, olhou para Fran, o olhar ainda com o costumeiro ódio, mas agora não sentia ódio de Francis, de Fuzz e muito menos de Dulce, seu ódio era culpa, era ódio de si próprio e de seu comportamento passado. Não estava habituado a este sentimento, apenas permaneceu calado e desviou o olhar do de Fran, ligou o carro e rumou de volta ao centro da cidade, chegando lá passou pela casa de Fran e a deixou ali sem mais nada dizer.
Francis cuspira todas as informações em Christopher e via o ódio dele crescer por isso, achou que ele a esbofetearia, mas ele fez exatamente o oposto, voltou para a cidade e a deixou em casa. Não gostava de Christopher desde o colegial e as coisas não mudariam em um dia, ainda mais depois do comportamento abusivo e obsessivo que ele acabara de apresentar, estava nervosa, temia pela vida da amiga, estava claro que ele sabia coisas demais dela, ele a estava seguindo ou pagando alguém para fazê-lo, precisava avisar a amiga do que acontecia. Christopher se mostrava perigoso, a amiga precisava ficar alerta em relação a ele. Ligou para a Dulce, mas ela não estava em casa, deixou um recado para que ela retornasse o quanto antes e que tivesse cuidado. Preferiu não dar detalhes, Joe sabia de Christopher, mas não tinha ideia da dimensão do que ele fora na vida de Dulce e se a amiga não tinha contado, não seria ela a fazer isso.
Quando chegou ao Starbucks faltavam apenas cinco minutos para o horário marcado com Fuzz, mas ela já estava lá. Respirou fundo, entrou, comprou um Machiatto e foi até a mesa onde ela o esperava.
“ – Vamos? Não quero conversar com você aqui!”
“ – Tudo bem, vamos então!” – Ela o olhava interessada, ele estava com uma expressão pesada, como se estivesse sofrendo por algo. Preferiu não perguntar, não ali. Falaria algo quando estivessem afastados de todos, apoiou sua mão no braço direito dele e saíram para noite fria, ela pensou que ele a iria repelir, mas ele fez exatamente o contrário, ajeitou o braço e a puxou para si, caminharam em silêncio até onde ele estacionara o carro, ele abriu a porta para ela, deu a volta e entrou, ligou o carro e rumaram para a propriedade dele fora da cidade, estavam em silêncio, ela reparava a expressão carregada dele e o percebia longe, chegaram ao local, entraram na propriedade que ficava a uma boa distância da cidade, saíram já na porta da enorme casa colonial, desceram também em silêncio, direcionaram-se direto para o quarto, ele trancou a porta, sentou na cama, demorou cerca de cinco minutos até que soltasse a primeira palavra, ela apenas o observava. Era incomum ver Christopher daquele jeito. Quando ele falou foi num tom pesado, entre dentes, sua voz saía raivosa. Ela teve medo.
“ – Eu sei que você e a Dulce voltaram a ser amigas. Por que mentiu para mim que não tinha notícias dela?”
“ – Eu não disse que não tinha notícias dela. Disse que ela não voltava a Santa Fé desde que foi para Yale!” – Ela estava gelada, como ele sabia que ela e Dulce haviam retomado a amizade?
“ – Você deveria ter me dito que sabia notícias dela. Você deveria me ter me dito que aquela...” – Christopher controlou o impulso de xingar Dulce por um instante e prosseguiu falando. “ – Que ela estava noiva, que ela vinha nos feriados para o Novo México, só que ficava em Albuquerque. Eu teria ido vê-la.”
“ – E foi justamente por isso que eu não te falei nada. Demorou dois anos depois que foi embora para ela voltar a falar comigo. Eu tentei falar de você para ela algumas vezes, mas ela não estava interessada. E quando eu conheci o namorado dela há três anos atrás eu entendi o porquê. Ele ama a Dulce, ele cuida dela com carinho. Ele não usa ela pra se satisfazer e depois trata ela como lixo, que era o que você fazia. Ela deixou claro que você era uma memória dolorosa, um passado que ela tentava apagar. Ela finalmente estava feliz e tinha voltado a falar comigo. Eu não ia estragar tudo por sua causa.”
“ – Quem é você pra decidir o que é ou não melhor pras pessoas, Maria Fernanda? Se você tivesse me dito desde o início que ela estava em Albuquerque, eu poderia ir atrás dela e...”
“ – E concertar as coisas? Não mente pra si mesmo, Christopher. Você machucou a Dulce de maneiras que você nem pode imaginar. Ela é uma pessoa doce, carinhosa, não merece você na vida dela. Ela está feliz agora. Deixa ela em paz. Deixa essa sua obsessão de lado e deixa ela viver.”
“ – Eu não quero. Eu não posso. Ela é minha!” – Ao falar a palavra ‘minha’ a voz de Christopher saiu novamente cheia de ódio.
“ – Ela não é um brinquedo que você larga e pega quando quer. Ela é uma pessoa, tem sentimentos e...”
“ – E você é uma vadia egoísta que me escondeu que ela estava perto esse tempo todo só pra me manter contigo, não é mesmo?” – Ao falar isso Christopher levantou-se da cama como um raio, pegou Fuzz pelo rosto e a jogou na cama, pulou em cima dela e a segurava com força, ela não conseguia se mexer e o olhava assustada.
“ – Christopher, tá me machucando!”
“ – Confessa... Confessa que me afastou dela porque achou que eu fosse escolher você!”
“ – Não é nada disso Christopher. Você é só um objeto, uma diversão pra mim. Não passa disso! Eu NUNCA me apaixonaria por você, você é um merda sem sentimentos. Você é divertido, mas não passa disso, uma merda de brinquedo!” – Fuzz proferiu as palavras com raiva, não era mentira, jamais se apaixonaria por Christopher novamente, gostava de estar com ele, mas nada além disso. O sexo com ele era algo divertido e excitante, claro que ela deixava que ele pensasse que era o contrário, mas a verdade é que ele era para ela o mesmo que ela sabia ser para ele. Nada além de diversão.
“ – Sua vaca!” – Ao ouvir as palavras de Fuzz ele sentiu seu ódio crescer, sentiu-se sujo e usado, não conseguiu pensar e a estapeou, deu um forte tapa no rosto de Fuzz que fez com que ela ficasse marcada. Como ela ousava trata-lo daquele jeito? Estava possuído de ódio, nunca fora tratado assim na vida, mal podia ver que ela fazia com ele exatamente o que ele fazia com ela e que fizera com todas as outras, tantas vezes.
Ao sentir o tapa os olhos de Fuzz marejaram, não de dor, claro que doía, mas de raiva. Como ele ousava bater nela? Ele tinha passado dos limites. Começou a debater-se sob ele, queria soltar-se, gritava, mesmo sabendo que seria inútil e que a casa estava vazia.
Christopher acordou de uma espécie de transe quando ouviu Fuzz gritar, respirou fundo e a soltou, saiu de cima dela e parou em frente a porta, bloqueando-a e encarando a loira.
“ – Desculpa, eu não queria te bater...”
“ – Mas bateu, seu estúpido. Eu não sou a Dulce, ok? Eu não vou apanhar, ser drogada, estuprada e ficar por isso mesmo!”
“ – Não fala merda, Maria Fernanda. Eu nunca bati na Dulce.”
“ – Mas drogou ela e fez várias outras coisas que a feriram mais. Deixa ela em paz de uma vez por todas. Você é doente Christopher. Você tem que se tratar, ok? Ela não é um objeto, um brinquedo seu. Ela é uma pessoa e você já a magoou demais. Aceita, você jogou ela fora, mas alguém achou, cuidou dela e a fez ficar nova de novo. O Joe ama a Dulce de verdade e ela tá feliz com ele, ele dá pra ela o que você nunca vai ser capaz de dar pra ninguém. Amor... Carinho. Deixa a menina em paz. O que ela fez pra merecer isso? Me diz? Deixa a Dulce viver!”
“ – Cala a boca Maria Fernanda, você não sabe de nada!”
“ – Ah tá! Vai me dizer que descobriu que ama a Dulce e que está arrependido de tudo o que fez? Me poupe, Christopher. Você não tem coração, você é incapaz de amar.”
“ Eu... Eu...” – Christopher estava sem fala, estava confuso com tudo o que ouvia.
“ – Christopher, eu vou falar uma vez só, ok? Me deixa ir embora daqui. Eu vou a pé pra casa, não tem problema. Mas me deixa ir embora.” – Ela falava isso com a voz embargada, estava assustada e com raiva, queria sair dali o quanto antes, tinha medo do que Christopher fosse capaz de fazer. Ele demorou a processar as palavras, mas apenas olhou para ela e afastou-se da porta em sua direção, ela se encolheu toda, temia o que ele faria, ele a segurou e abraçou, falou com uma voz serena que nem ela entendeu.
“ – Me desculpa por te bater. Eu me irritei com o que disse, me perdoa!”
“ – Tudo bem, mas me solta e me deixa ir embora!”
“ – Eu vou te levar pra casa.”
“ – Tudo bem, mas eu quero ir agora!” - A atitude dele a pegara de surpresa, não entendia o que estava acontecendo com Christopher, mas achou que seria melhor saírem dali o quanto antes. Não queria correr o risco dele ter outro acesso.
Christopher estava se sentindo perdido, afastou-se de Fuzz, foi até a porta e a abriu, desceu na frente e ligou o carro, ela ia logo atrás de si, ele abriu a porta para que ela entrasse, ela o fez, ele voltou a entrar no carro, deu partida e voltaram para a cidade. Ele estava estranhamente calmo e pensativo, dirigiu em silêncio, parou na porta da casa de Fuzz e a deixou ali, sem falar absolutamente nada, como fizeram com Francis. Não queria que seus pais soubessem que estava na cidade, por isto direcionou-se ao hotel onde Fuzz trabalhava, não porque ainda tivesse pretensões de intimidá-la a contar algo, mas porque era o melhor e mais luxuoso da cidade.
Fuzz estava confusa com as atitudes contraditórias de Christopher, uma hora era agressivo, outras calmo e até mesmo cavalheiro, decidiu não contestar, só queria chegar em casa o quanto antes. Ele a deixou na porta de casa e saiu, ela entrou com pressa, trancou-se e ligou para Dulce, ela precisava saber que Christopher estava atrás dela mais uma vez, o telefone chamava e ninguém atendia, Dulce não estava em casa, deixou um recado na secretária mandando a amiga retornar o quanto antes, não queria dizer mais nada porque não queria assustá-la. Desligou o telefone, estava cansada e com medo, tomou um banho e foi dormir, teria que trabalhar no dia seguinte e precisava descansar. A conversa com Christopher fora mais estressante do que gostaria que tivesse sido.
Autor(a): seixasdaiana
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
O dia amanhecera frio e nublado, não era costume fazer frio no Novo México, mas acontecia às vezes, Christopher acordou cedo, já que dormira tão logo se instalara no hotel, fez sua higiene matinal e vestiu-se para correr, precisava colocar as ideias no lugar. As coisas que Fran e Fuzz falaram ainda estavam em sua cabeça, inclusi ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 3
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bola Postado em 04/06/2013 - 15:32:59
Como abandona esse web novela? a melhor historia que ja vi posta por favor
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annepl Postado em 04/11/2012 - 11:28:48
poxa pq vc parou ? não vai posta mais ? Quero mais
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anarosa Postado em 30/09/2012 - 19:48:50
Posta maissss