Fanfics Brasil - Único To Die For {Finalizada}

Fanfic: To Die For {Finalizada} | Tema: Murder By Numbers


Capítulo: Único

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A minha música preferida soava em meus ouvidos, tão real que me vi colocando as mãos sobre as orelhas pra ter a certeza de que não colocará os fones de ouvido. Só que agora diferente, soava em violinos, continuava cheia de sentimentos só que dessa vez soava como uma marcha fúnebre. E eu estava caminhando em direção à morte certa, de qualquer forma.


Refiz o caminho que tantas vezes fizera. Exatamente assim, na calada da noite, quando todos dormiam sem saber o que de fato acontecia a seu redor.


Subi os três degraus o mais lentamente possível, como se isso fosse adiar o que já era confirmado. Abri a porta e vi Richard sentado ao chão com uma bolsa na mão, o olhar distante. Quando me viu levantou de súbito e me puxou para um abraço, daquele mesmo jeito que costumava fazer em momentos de desespero.


- Eu sabia que você viria, Jus. – murmurou.


Seu perfume invadiu meu nariz de forma quase dolorosa, misturada ao odor do cigarro e de bebida alcoólica.


Limitei-me a esperar ele soltar-me do abraço. Assim que o fez virei trancando a porta.


Richard voltou até a bolsa que largara no chão e retirou de lá duas armas.  Estendeu uma pra mim.


- Pega Justin.  – balançou a arma no ar em minha direção.


Respirei fundo e me abaixei a seu lado tomando o objeto em mãos.  Eu tinha me conformado com a situação, eu precisava fazer aquilo. Mas tendo a arma em minhas mãos trêmulas esqueci por um minuto toda confiança.


- O que há de errado Justin? – Richard perguntou em um tom preocupado.


Continuei encarando o objeto em minhas mãos. Coragem, mais do que nunca eu precisava dela. Era incrível como acabar com uma vida parecia tão fácil, mas quando se tratava da minha, era estranho. Mais estranho, por todos dizerem que eu tinha um desejo suicida escondido no mais profundo de mim. Pelo jeito esse sentimento estava muito bem escondido.


Levantei, correndo até a parte mais afastada da casa, vomitando ali meu jantar da noite passada.


Meus joelhos fraquejaram, mas antes que eu caísse ali mesmo, Richard me segurou pelos ombros.


- Seja forte Justin. – sussurrou, embrenhando seus dedos por meus cabelos.


- Como pode estar tão tranquilo? – consegui perguntar depois de alguns minutos.


- Eu não estou, acredite.


Richard soltou-me do abraço caminhando até a janela. Escorreguei pela parede até chegar ao chão, encostei a cabeça nos joelhos. Meu corpo inteiro tremia agora, não só as mãos.


- Mas isso ajuda um pouco. – abaixou mostrando uma garrafa de uísque.


Ri minimamente, típico dele.


- Toma. – parou a minha frente estendendo a garrafa.


Torci o nariz, o cheiro era tão forte.


- Seja homem. – Richard provocou.


Quando estendi a mão para pegar a garrafa, ele simplesmente a afastou de minha mão. Olhei para ele confuso, Richard mantinha um pequeno sorriso nos lábios. Colocou uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha e aproximou a garrafa de meus lábios. 


Dei um pequeno gole, senti a garganta queimar e meus olhos lacrimejarem.


Richard deu um breve beijo em meus lábios. – Muito bem.


Depois levantou indo olhar pela janela novamente.


- Eles chegaram a qualquer momento Justin. – disse sério, acendendo um cigarro. – Não podemos adiar por muito mais tempo.


- Eu sei.


Minutos se passaram em absoluto silêncio. O vento podia ser ouvido; tocando as arvores. Até as ondas que se quebravam contra a rocha logo abaixo a casa.


Como Richard dissera, não podíamos adiar por muito tempo, logo a policia nos encontraria.


Na hora pareceu certo, pareceu perfeito. Tínhamos a certeza de que tudo ficaria bem, mas agora, repassando mentalmente cada passo, eu podia ver os erros.  Uma onda de revolta cresceu em mim. No segundo seguinte estava de joelhos no chão com a arma em mãos, no meio daquela enorme sala.


- Vamos acabar logo com isso. – tentei parecer confiante.


Richard sentou a minha frente, estava tão diferente de como costumava ser, sem mais piadas fora de hora, sem mais sorrisos espertos.


- Precisamos. – ele murmurou, tentando convencer a si próprio. – Certo Justin?


Seus olhos verdes revelavam o que ele sentia agora: dúvida, medo, incertezas. Era evidente que a resposta que ele queria de mim era “não precisamos, Ric”. Ele sempre esperava que eu pudesse ajuda-lo quando as coisas pareciam não ter saída. Dessa vez eu não poderia ajudar nem a mim mesmo. E a única coisa que pude fazer foi assentir.


- Como combinamos, precisamos. – falei lentamente. – Coragem Richard, precisamos apenas dela agora.


- Você não parece certo de que quer fazer. – Ele disse olhando em meus olhos.


- E não quero. – respondi simplesmente.


- Eu preciso te lembrar do por que estamos fazendo isso? – Richard pareceu perturbado. Era como se ele achasse que convencendo inteiramente a mim do que fazer, ele próprio se sentiria seguro para fazer o mesmo.


- Não. Eu sei o porquê. Só não pensei que acabaria assim...  De fato. – minha voz falhou ao final da frase. – Tudo parecia certo.


- Nós combinamos assim. – Sua voz não passou de um sussurro.


Concordei com a cabeça. – E assim será.


“Estamos conectados, de alguma forma” Lembrei-me do que ele me dissera ao que parecia agora, tanto tempo atrás.


Engatilhei a arma, ouvindo-o fazer o mesmo.


- Precisamos. – murmurei para mim mesmo, convencendo-me disso.


Levei a arma vagarosamente à cabeça.


- Espera! – Richard falou mais alto. Desengatilhando a arma, fiz o mesmo.


- O que foi?


- Você concordou que só faríamos isso depois das nossas ultimas palavras. – Respondeu como se fosse obvio.


- Achei que era apenas um devaneio seu. – ri sem humor.


- Por favor, Justin. – insistiu.


Concordei com a cabeça.


Olhei uma ultima vez para Richard a ultima pessoa que eu veria em vida. Ele olhava pra mim concentrado como se pensasse a mesma coisa. Seus olhos brilhavam pelas lágrimas que não caiam. Os meus próprios olhos estavam daquela forma.


Levei a arma novamente até a cabeça e Richard em frente ao rosto, o que significava que depois de suas ultimas palavras à arma iria direto para sua boca. Sem chances de sobreviventes. Aquela única bala no municiador faria seu trabalho corretamente.


Um longo suspiro. E Richard começou.


- Quando você libertar seus olhos, o prêmio será eterno...


Engatilhamos as armas, ao mesmo tempo.


- Quando você perde a mente limitada, liberta sua vida. – completei.


Um único movimento com o dedo e estava feito.




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Autor(a): misconstrued

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