Fanfic: Marcas da vida

"A vida é mais simples do que a gente pensa; basta aceitar o impossível, dispensar o indispensável e suportar o intolerável”.(Kathleen Norris)

Manhã

Anahí, Ivo e Alma tomam café da manhã.

(Alma)- Filha, daqui a pouco eu vou ao salão dar um trato no cabelo.Você sabe que se eu ficar sem esse tratamento capilar fico parecendo uma vassoura de piaçava de pernas.Você quer ir comigo?

(Anahí)- Não mãe, eu vou ficar em casa para poder conversar com o vovô.

(Ivo)- Que honra, minha neta querer conversar com um velho raquítico.

(Anahí)- Para vô.O senhor não é nada disso.O assunto é sério.

(Alma)- Já vi que ela vai te pedir dinheiro.É a cara dela.

(Anahí)- Que horror mãe.Até parece que eu sou interesseira.

(Alma)- É brincadeirinha.Nossa ultimamente esses jovens estão tão rebeldes.

Alma começa a rir.

(Anahí)- O que foi que a senhora está rindo?

(Alma)- Você não entendeu a piada?

(Anahí)- Não.

(Alma)- Deixa pra lá.

Alma olha para o relógio.

(Alma)- Nossa!Eu já estou atrasada.Daqui a pouco a cabeleireira vai se estressar e aí quando eu chegar lá ela vai tacar o secador na minha cara.Tchau meus amores e até mais.

Alma vai embora.

(Ivo)- Sua mãe de vez em quando faz cada piada sem graça.

(Anahí)- Essa é uma delas.Até agora eu não entendi.

(Ivo)- Mas fala.O que tem de tão importante pra me dizer?

(Anahí)- A vovó veio falar comigo ontem à noite.

(Ivo)- Já vai começar.Minha querida, você já tomou seu Gadernal hoje?

(Anahí)- Vô eu sei que o senhor me acha uma louca, e não aceita o fato de eu poder ver mortos, mas dessa vez eu tenho como provar o que eu estou dizendo.

(Ivo)- E como?Você tirou uma foto com ela?Gravou ela falando com você?

(Anahí)- Não.Mas preste atenção no que vou mostrar pro senhor agora.

Anahí abre a gaveta do armário que fica perto do som e coloca o cd que ela havia gravado na noite antecedente.

(Anahí)- Eu gravei esse cd ontem à noite e deixei ele aqui para que ficasse mais fácil na hora de mostrar para o senhor.

A música começa a tocar.Ivo se emociona.

(Anahí)- Agora você acredita em mim?

(Ivo)- Como você sabia dessa música?

(Anahí)- A vovó me disse que foi uma música marcante na vida de vocês.Foi quando ela faleceu.Ela falou que só você estava no quarto quando a música tocou no rádio.

(Ivo)- É verdade.O dia mais triste da minha vida.Nós lutamos muito pra ficar juntos.Quarenta e um anos de casamento fazíamos aquele dia.Que ótimo presente eu fui ganhar hein.

(Anahí)- Ela me pediu que avisasse o senhor para que se cuidasse.Ela não agüenta ver o senhor se acabando a cada dia que passa.

(Ivo)- Minha vida sem ela não tem sentido.

(Anahí)- Eu sei que perder um grande amor deve ser complicado.

(Ivo)- Às vezes eu preferia morrer só para ficar perto de meu amor novamente.

(Anahí)- O senhor tem que entender que bem próximo do senhor tem pessoas que te ama e não gostam de te ver pra baixo.

(Ivo)- Eu sei da preocupação que vocês tem comigo.Agradeço.Mas uma parte da minha vida foi embora.Minhas alegrias, meu prazer, até meus ciúmes acabaram.

(Anahí)- Primeiramente, não agradeça por nós o amarmos tanto.Amar, não é nenhum favor.E outra, todos os sentimentos que o senhor falou que acabou podem regressar a qualquer momento.Basta o senhor querer.

(Ivo)- Não sei se a vida me reserva mais alguma coisa.Se a nossa história fosse um folhetim do horário nobre até teria esperanças de ser feliz para sempre.E quem sabe isso não aconteça na vida real.Não precisamos estar vivos para ser feliz para sempre.

(Anahí)- Mas ninguém é feliz para sempre.Na vida, sempre há bons momentos e maus momentos e tem vezes que não se dá para usar o bom humor para contornar situações que necessitam muito mais que uma exposição de sentimentos.

(Ivo)- Mas eu sonho com a felicidade eterna.Pelo menos em pensamento tudo o que a gente deseja se realiza.Muitas pessoas usam do subconsciente para conseguir coisas na vida material.Há vários livros de auto ajuda que falam sobre isso.Uma pena que o subconsciente não traga o amor de volta.

(Anahí)- Vô, pense no que te falei.Se cuida. O senhor vai encontrar com a vovó um dia e lá no céu ou onde quer que seja, o senhor voltará a ser completo.

(Ivo)- Eu vou tentar minha neta.Agora, se não for abusar, você poderia colocar a música outra vez para que eu possa escutar?

(Anahí)- Claro.

Anahí volta a colocar a música.Ivo por um momento fecha os seus olhos e começa a se lembra de vários momentos passados ao lado de Soraya.Anahí observa que Soraya se encontra no cômodo da casa e olha para Ivo.Anahí se emociona.

(Soraya)- Obrigada minha neta.

Anahí apenas com o olhar responde ao agradecimento da avó.

Dulce vai para a sala de jantar onde o café da manhã estava acontecendo.

(Dulce)- Que ressaca.Minha cabeça parece que vai estourar.

(Helena)- Que bom que você está com uma dor de cabeça bem forte.Isso é castigo pela sua irresponsabilidade.

(Dulce)- Mãe, não vai começar logo cedo.

(Paulo)- Dulce, respeito com sua mãe.Ela não é nenhuma amiguinha sua que você pode falar do jeito que quer.

(Dulce)- Pai, fica na sua e me deixa em paz.

(Paulo)- Garota abusada.Eu deveria dar uma surra em você para que você aprenda o que é bom.

(Dulce)- Como dizem, eu estou cagando e andando para o senhor.

(Paulo)- Essa menina vai aprender a me respeitar.

Paulo se levanta e prepara para tirar o cinto de sua calça para bater em Dulce.Helena impede que Paulo bata em Dulce.

(Helena)- Querido.Por favor.Não é batendo que vamos resolver essa situação.

(Dulce)- Deixa ele vim.O covardão.O superior.O senhor da verdade.O todo poderoso da casa.

(Paulo)- Eu não posso deixar essa garota falar assim comigo.Eu tenho que estirar ela no chão de tanta pancada para ver se ela entende de uma vez que pai e mãe são sagrados e que não se pode falar com eles como se fossem estranhos.

(Helena)- Querido, vai trabalhar.Eu me entendo com ela.

(Paulo)- É melhor eu ir mesmo, antes que eu cometa uma besteira.

Paulo sai de casa.

(Helena)- Agora estamos eu e você.

(Dulce)- Nossa!Me senti agora em um filme de faroeste quando o mocinho fica cara a cara com o bandido prestes a trocar tiros.

(Helena)- No caso o bandido é você.Onde já se viu você tratar o seu pai daquela forma.

(Dulce)- Pai? Eu nem sei o significado dessa palavra.Desde pequena eu fui criada pela governanta da casa, que Deus a tenha, e ela sim era a única pessoa que eu amei como mãe nessa vida.A pessoa que se diz ser meu pai só vivia para os negócios e se tínhamos uns momentos juntos eram cinco minutos e olhe lá.

(Helena)- Eu sei que nós dois fomos pais ausentes só que isso não te dá o direito de falar com a gente da forma como quer.

(Dulce)- Eu apenas falo o que penso.Não sou obrigada a engolir sapo perante as situações que passo.A sinceridade é uma virtude.Poucos têm, mas é essa minoria que se destaca.

(Helena)- Você pode achar a sinceridade uma virtude, mas não se esqueça que tem pessoas que não gostam de ouvir a verdade e isso acaba tornando a sinceridade uma arma mortal, para quem usa.

(Dulce)- Eu não tenho medo da morte.A vida está aí para ser vivida.Temos que aproveita-la da forma como acharmos melhor.A morte é a conseqüência de uma vida bem vivida.No meu caso essa frase que eu disse se encaixa perfeitamente.

(Helena)- Só no seu caso.Mas eu espero que a senhorita aprenda a ter um pouco mais de respeito pela sua família.Aliás,  por falar em família, sua tia me ligou hoje cedo me falando que ela e o marido dela tiveram uma discussão feia, e parece que eles vão se separar.Você viu o que você fez.

(Dulce)- Eu não fiz nada.Eu não tenho culpa que a titia não sabe comandar uma relação como se deve.

(Helena)- Falou a especialista em relacionamentos.

(Dulce)- Eu posso não ter ninguém, mas pelo menos quando tiver um companheiro saberei levar a relação muito melhor que a titia.Coitada, essa aí vai morrer solteira.

(Helena)- Cala a boca.Não fala uma coisa dessas.Vamos torcer para que os dois se entendam e possam continuar juntos.

(Dulce)- Pra que eu vou torcer?O que eu ganho com isso?A vida dos outros é a vida dos outros.Eu tenho que viver a minha vida e esquecer da vida dos outros.E outra, já cansei desse papo, vou sair para dar uma volta.

(Helena)- Mas logo cedo?

(Dulce)- 10:00 é cedo pra você.Daqui a pouco já é hora do almoço.

(Helena)- Mas o que você vai achar de tão interessante essa hora na rua?

(Dulce)- Entenda uma coisa, Dulce sempre deixa as coisas interessantes.Agora deixa eu ir.

(Helena)- Mas você não vai tomar café da manhã?

(Dulce)- Não estou com fome.

Dulce sai de casa.

(Helena)- Quando será que essa menina vai mudar?

Helena volta a tomar seu café.

Maitê sai de casa para dar uma volta.Deco e Saulo passam perto da garota.

(Deco)- E aí maitezinha quer uma mãozinha?

(Maitê)- Me deixa em paz.

(Saulo)- Toma cuidado Deco, senão ela vai meter a bengala em você.

(Deco)- Se ela soubesse onde eu estou talvez teria medo.Mas por que ela não sabe onde estou?Será que é por que ela é cega.

Maitê se irrita e começa a balançar sua bengala de um lado para outro tentando acertar eles.

(Maitê)- Seu idiota, eu vou acabar com você.

(Deco)- Então vem sua cegueta.Eu estou aqui.

(Saulo)- Garota idiota.Ela nem deveria sair de casa.

(Maitê)- Calem a boca seus infelizes.Quem vocês pensam que vocês são?

(Deco)- Somos jovens inteligentes, perfeitos, e com uma visão perfeita, diferente de você.

(Saulo)- Coitada, essa garota não se enxerga.Ai desculpa, ela é cega.

Deco começa a rir.

(Deco)- Essa foi boa hein.

(Saulo)- Eu acho que tenho criatividade para ser mal.

Maitê entra em prantos.

(Maitê)- Me deixem em paz.

(Deco)- Garota volta pra casa.Sua deficiente.Não vê que você não é bem vinda entre nós da sociedade, que somos pessoas perfeitas.

(Maitê)- As pessoas respeitam os deficientes.

(Deco)- Eles tem pena de vocês.Pra que você quer passear?Você não pode apreciar a paisagem.

(Saulo)- Ela deve estar procurando namorado.

(Deco)- Será?Não.Não pode ser possível.Quem gostaria de namorar uma pessoa cega.Anormal.

(Maitê)- Mas você fala como se uma pessoa cega fosse a coisa mais absurda do mundo.

(Deco)- Quase.Mas você pode ter certeza que todos a olham com um olhar de  pena.Mas como você pode saber?Você é cega.

(Saulo)- Hoje a gente está terríveis.

(Deco)- Que moleque burro.Você deveria dizer, hoje nós estamos terríveis.

(Saulo)- Português nunca foi o meu forte.

(Deco)- Eu já percebi.

(Maitê)- Vocês já acabaram comigo, agora vão embora.

(Deco)- Nós não fizemos nada demais.Apenas te falamos a verdade.

(Maitê)- Eu sou uma pessoa normal.Eu posso agir como uma pessoa normal.

(Deco)- Eu não sabia disso.Então quer dizer que você pode agir como uma pessoa normal?Vamos fazer o teste.

Deco tira a bengala da mão de Maitê.

(Deco)- Agora vamos ver se você pode voltar para a sua casa sem isso.

(Maitê)- Devolve, por favor.

(Saulo)- Vamos embora Deco.Temos que jogar videogame.Meu tio trouxe o Medal of honor para mim.

(Deco)- Vamos então.E você Maitê, a garota normal, volta pra casa e não se esqueça do que te falei.O melhor é você aceitar as suas limitações e perceber que as trevas em que você vive te acompanhará pelo resto de sua vida.

(Saulo)- Falou bonito.Agora vamos deixar de papo e ir pra casa.

(Deco)- Tchau maitezinha.

Deco e Saulo vão embora.

(Maitê)- Por favor, devolvam a minha bengala.

Maitê percebe que não ouve mais resposta e resolve voltar para casa.Maitê vai se apoiando na parede, mas acaba tropeçando numa pedra e caindo no chão.Maitê chora sem parar.

(Maitê)- Que vida desgraçada.Eu quero morrer!

Uma vizinha de Maitê passa perto dela.

(Vizinha)- Ai minha querida, o que você está fazendo aqui?A sorte que você está perto de sua casa.Vamos, eu te ajudo a voltar para casa.

A vizinha ajuda Maitê a se levantar e a leva pra casa.

Alfonso se prepara para sair de sua grande casa.

(Alfonso)- Mãe, eu estarei de volta em breve.

(Luíza)- Filho, eu não gosto do que você faz, eu já te falei.Tenho medo que um dia dê algo de errado e eu perca você.

(Alfonso)- Eu fui treinado pra isso.Tenho facilidade em realizar meu trabalho.

(Luíza)- Eu sei que você está ganhando uma grana alta pelo serviço, mas não foi isso que eu sonhei pra você.

(Alfonso)- Mãe, nós éramos pobres.Pobre tem sonhos, mas não tem dinheiro para realiza-los.São poucas as pessoas que conseguem vencer na vida tendo uma condição financeira ruim.

(Luíza)- Eu entendo.Sabe, quando você cruza essa porta para ir trabalhar eu me grudo na nossa senhora de Guadalupe e peço que ela te proteja de todo mal que possa vir a acontecer.

(Alfonso)- Pelo menos a santa que eu te trouxe do México teve alguma serventia.

(Luíza)- Eu sou muito religiosa.Eu tenho fé que um dia você vai arrumar um emprego decente.Não precisamos de tanto conforto.Essa casa imensa é muito pra nós.

(Alfonso)- Nesse país, por mais que o desemprego caia à medida que o tempo passa, ainda é difícil arrumar emprego.Temos que levantar as mãos pro céu e agradecer pelo dinheiro que ganho.

(Luíza)- E o seu chefe? Por que você não fala dele?Diz pelo menos qual é o nome dele.

(Alfonso)- Eu não posso.Ele sempre pede aos seus funcionários que nunca revelem o nome dele.

(Luíza)- Eu não sei pra que tanto segredos.

(Alfonso)- Todo mundo tem um segredo guardado.Se esse segredo tiver em sua volta mentiras, falsidade, armação, ele sempre vem à tona, uma hora ou outra.A verdade é que nenhum segredo dura para sempre.

(Luíza)- Isso é uma verdade.

(Alfonso)- Agora deixa eu ir embora, tenho que chegar antes que anoiteça.

Pedro entra na sala.

(Pedro)- Alfonso, você já vai viajar?

Alfonso se ajoelha perto de Pedro.

(Alfonso)- Já.

(Pedro)- Você me traz um presente.

(Alfonso)- Se eu tiver tempo eu compro, mas qualquer coisa nós saímos depois e compramos o brinquedo.Tudo bem?

(Pedro)- Ta.

(Alfonso)- Agora me dá um abraço mano.

Pedro abraça Alfonso.

(Luíza)- Você já terminou o seu dever de casa Pedro?

(Pedro)- Não.

(Luíza)- Então vai lá pra cima terminar.

(Pedro)- Pode deixar.Tchau Alfonso.

(Alfonso)- Tchau.

Pedro volta para seu quarto.Alfonso abraça Luíza.

(Alfonso)- Se cuida.

(Luíza)- Pode deixar.Eu digo o mesmo pra você.

Alfonso vai embora.

(Luíza)- Minha virgem de Guadalupe, proteja meu filho nesse novo serviço.

Luíza volta aos seus afazeres.

Christopher escuta música em seu quarto quando Boris entra em seu quarto.

(Boris)- Rapaz eu quero ter uma conversa com você.

Christopher finge não perceber a presença do pai.

(Boris)- Rapaz, eu estou falando com você.

Boris percebendo a desatenção do filho ranca o mp5 de perto de Christopher e joga no chão.

(Christopher)- Pai, meu mp5 novinho.

(Boris)- Quando eu estiver falando com você, quero que preste atenção.

(Christopher)- Mas precisava quebrar meu mp5?

(Boris)- Eu tenho dinheiro pra comprar milhares desses.Mas eu quero falar da sua chegada ontem de madrugada.Os vizinhos reclamaram comigo agora pouco.

(Christopher)- Já vai começar essas pessoas que não sabem cuidar das suas vidas e ficam implicando com a dos outros.

(Boris)- Não se esqueça que moramos num condomínio nobre dessa cidade.Aqui, temos que mostrar nossa educação respeitando o local onde vivemos.

(Christopher)- Mas eu não estou nem aí para essas pessoas.Já sou de maior.Faço o que eu quero.Ninguém tem nada a ver com a minha vida, inclusive o senhor.

(Boris)- Enquanto você morar na minha casa e depender do meu dinheiro, você me deve explicações sobre o que anda fazendo.

(Christopher)- O senhor adora jogar na minha cara que dependo do senhor.

(Boris)- Mas é a pura verdade.Sem dinheiro você não é nada.Eu não sei se você já percebeu isso.

(Christopher)- Vai ter um dia que não vou mais depender de seu dinheiro.Pode ter certeza disso.

(Boris)- Espero estar vivo para ver esse dia chegar.Se eu fosse o presidente desse país decretaria feriado nacional.

(Christopher)- Eu não sei que prazer o senhor tem em me colocar para baixo.

(Boris)- Prazer nenhum.Tudo o que falo e tudo que faço é para tentar colocar mais juízo nessa sua cabeça.

(Christopher)- Pode deixar, que o que é certo e o que é errado eu sei diferenciar, mesmo que o meu certo não seja o seu certo eu já tenho uma opinião formada.

(Boris)- Quando você tiver tempo, espero que você peça desculpas para os vizinhos e espero que isso não se repita, porque senão...

(Christopher)- Senão o que?

(Boris)- Espero que você não me desafie.Eu sou muito mais poderoso e inteligente que você.Eu posso te dobrar com uma mão só.Pense nas suas atitudes e no fim verá que tenho razão.

(Christopher)- Claro, o senhor é sempre o certo aqui dentro.

(Boris)- Não sou sempre o certo.Sou apenas observador, ético e humano, acima de tudo.Às vezes o que eu falo pode soar de uma forma ruim, mas o que eu digo é sempre para o seu bem.

(Christopher)- Se o senhor não tem mais nada para me dizer, poderia sair do meu quarto.

Boris olha para Christopher e sai do quarto.

(Christopher)- E ainda tenho que agüentar mais essa.Agora vou ter que escutar música pela internet.

Christopher liga o computador e começa a ouvir música.

Christian ajuda na limpeza do mosteiro.

(Christian)- O mosteiro fica com um ar tão gostoso quando é limpo.

(Erik)- Verdade.Mas o produto para limpar está acabando.

(Christian)- Se quiser eu vou lá buscar.

(Erik)- Por favor, faça esse favor pra mim.

(Christian)- Pode deixar.

Christian vai em direção a sala de produtos de limpeza só que ele percebe que tem alguém lá dentro.

(Mateus)- A noite ontem foi maravilhosa.

(Bruno)- Mas a noite hoje será ainda melhor.

(Mateus)- Olha que engraçado, nós estamos aqui para se entregar ao senhor.

(Bruno)- Mas eu prefiro me entregar pra você.

(Mateus)- Eu também.Com você aqui meus dias são muito melhores.

Christian tropeça e acaba fazendo barulho.

(Mateus)- Tem alguém aí?

Christian sai correndo.

(Bruno)- Deixa.Quem quer que seja, nós descobrimos depois.Vamos namorar um pouquinho agora?

(Mateus)- Vamos.

Mateus e Bruno se beijam.Christian não acredita no que ouviu.

(Christian)- Senhor, faça com que o que eu ouvi não seja verdade.Eu preciso fazer alguma coisa.Esse pecado não pode continuar aqui dentro.

Christian volta para perto de Erik.

(Erik)- Cadê o produto que eu te pedi?

(Christian)- A sala estava trancada.Mas eu acho que o que tem no balde dá para limpar.

(Erik)- Será?

(Christian)- Só saberemos se tentarmos.

Christian e Erik continuam a limpar o mosteiro.

CONTINUA...