Pov Lua
Estávamos lá , na praça de alimentação da faculdade , meu coração já não estava acerelado , meu choro já havia sumido , minhas mãos não suavam mais , e eu já me sentia mais calma , olhei para o lado e vi ele , calado encarando o chão com as duas mãos no bolço da frente da calça , não havíamos trocado mais nenhuma palavra , e ele não se pronunciava , eu não sabia muito bem o porque ele tinha minha ajudado , e eu estava desconfiada , meu coração voltou a se acelerar , mas eu respirei fundo e me levantei rápido , ajeitei a minha bolça , mas sinto alguém segurar o meu pulso , me viro para ele assustada , e o vejo , seu olhar era diferente dos outros , esse era mais doce , era mais ... humano , e quando olhei dentro deles , meu coração bateu mais forte , e meu estomago gelou , o que estava acontecendo ? Eu estava me sentindo nervosa novamente , mas não era por causa do meu pânico , era algo novo , que eu nunca sentira. Ele soltou o meu pulso e me encarou , como se estivesse me analisando , e de uma hora para a outra seu olhar mudou , como se novamente ele voltasse a aquele Arthur arrogante , e sem educação , aquele que me odiava e eu nem ao menos sabia o por que.
-Não pense que isso mudou alguma coisa - Ele disse grosso - Você ainda não é nada para mim , insignificante - ele disse e eu me assustei tristonha - E ainda não te quero na minha vida . Por que não volta para casa? - ele perguntou com a cara de maus amigos - Volta para o seu pai - Não ele não dissera isso , meu pai . Ele não poderia brincar com isso . Meu olhos arderam , e eu prendi a respiração . Eu não podia chorar na frente dele , mas eu lembrara do meu pai , meu amado pai , ele era tudo para mim , ele sempre foi uma inspiração , foi por ele que escolhi a medicina ... quando Arthur saiu eu não aguentei e soltei as lágrimas , eu não sabia o que fazer , ele estava tão bom comigo e do nada isso . Ele não sabia do meu pai , minha mãe dissera que nunca havia comentado com ninguém naquela casa , provavelmente ele não sabia da minha história , não sabia de onde vinha e isso é o que doía porque ele me julgava sem nem ao menos saber a minha história . Ouvi um barulho e limpei as lágrimas , que mesmo assim insistiam em sair . Me virei e vi Chay . O amigo de Arthur. Me virei rapidamente para que ele não visse meu rosto vermelho , ele era como Arthur , iria correndo para contar ao amigo o que ele tinha conseguido de mim , o que me fez chorar mais , eu não conseguia entender o que eu havia feito para ele. Eu chegará á três dias , não havia trocado nem meia duzias de palavras com ele . Meu coração estava acelerado , e eu tentava não fazer barulho para que ninguém me ouvisse chorar , mas de repente sinto alguém me abraçando por trás , me viro de surpresa , era Chay , Ele estava me abraçando , devagar ele limpou as minhas lagrimas , e eu comecei a chorar mais , e o puxei para um forte abraço , não sei por que fiz aquilo , só sei que me sentia bem com ele , e pensar que pelo menos por um momento ele puderá ser gentil comigo como Arthur jamais fora ou tentara ser .
-Eu sei que vai contar tudo para o Arthur - eu disse com a voz chorosa - Mas
-Eu não vou contar nada a ele - Ele me cortou - Lua ,eu não sou como o Arthur . Há Anos venho tentado traze-lo de volta
-Traze-lo de volta? - me afastei sem entender
-O Arthur não foi sempre assim - Ele disse enquanto me levava para o balcão de sucos
-E como ele era? - eu perguntei sem perceber
-Eu e o Arthur nos conhecemos desde o ensino médio , Ele era incrível , era amigo , companheiro , e ... gentil - ele disse me entregando um copo de suco - Ele era muito ligado no pai dele
-Mas o que aconteceu ? - eu pausei - digo , para ele mudar tanto
-O pai dele , se separou da mãe dele , a Kátia - ele disse em um suspiro - Ela a encontrara na cama com outra mulher - ele disse e eu arregalei os olhos - o Arthur enlouqueceu , ele mudou de um dia para o outro - ele disse me olhando - Ele meio que não tem culpa
-Não tem culpa?- eu perguntei rindo - Eu , você , ninguém tem cupa pele que aconteceu com ele - uma lágrima escorreu do meu olho
-Eu sei - ele disse triste - Eu só não quero que sofra
-Ele falou do meu pai - eu disse chorando mais
-E o que tem o seu pai? - ele perguntou sem entender e eu me calei - Olha Lua se não quiser me contar tudo bem , eu não
-Quando eu tinha cinco anos - eu o ignorei andando para frente - meu pai tinha câncer , nos não tínhamos dinheiro para pagar o tratamento , naquela época as coisas eram muito mais caras , era quase impossível , e ele sempre disse que iria ficar bem e comigo - eu disse sorrido fraco - E de noite quando eu passava pelo quarto dos meus pais , eu via a minha mãe chorando e eu não entendia o porque , meu pai dissera que iria ficar bem - eu pausei me virando para encarar o garoto que me olhava com um olhar triste - uma semana depois meu pai morrera , e sabe do que eu mais me arrependo? - eu perguntei chorosa e Chay disse que não com a cabeça - De não ter nem ao menos me despedido
-Lua , eu - ele tentou falar mas eu o cortei
-Eu prometera para mim mesma que iria curar aqueles que tinha chances - limpei as minhas lágrimas - Não quero que sintam o que eu senti quando perdi o meu pai .
-Chay - ouvi alguém gritando pelo seu nome - Você ainda aqui coisinha? - Arthur perguntou , mas eu não me virei
-Para com isso Arthur - Chay respondeu bravo
-O que? - Arthur perguntou sem entender
-Eu já estou cheio! - ele gritou com Arthur avançando e eu me virei assustada - Eu não aguento mais esse seu jeito idiota e babaca de ser - Eu olhei para Arthur triste que me olhou sem entender
-É por causa - Arthur ia perguntar olhando para mim , mas Chay o cortou
-É por todos aqueles que VOCÊ pisou , Aqueles que não tinham nada a ver com a SUA vida , aqueles que não tinham culpa de NADA - Chay cuspiu as palavras em Arthur , que estava assustado
-Chay - ele tentou dizer , mas ele não escutou
-Arthur , eu não quero ser amigo de uma pessoa assim - ele disse e olhou para mim - Vêm Lua - ele disse me estendendo a mão , e eu sem pensar duas vezes fui até ele , que me abraçou pela cintura me conduzindo a saída , e antes de sair olhei para trás , vendo aquele menino que me olhava sem entender .