Fanfic: If All My Dreams Come True | Tema: One Direction

Durante toda a minha vida eu quis fazer um intercâmbio ou passar um certo tempo, um certo grande tempo, no Reino Unido mais especificadamente na Inglaterra. O motivo disso é meu pai e sua família de origem inglesa. Meu avô nasceu na Inglaterra em 1919 e veio para o Brasil com meu bisavô, conheceu minha vó e passou o resto da sua vida em solo brasileiro. Vovô morrera antes de eu nascer, por isso, não sei muito sobre ele. Tudo o que tenho dele são lembranças que papai me contou.

Desde que anunciei para meus pais de que quando eu fizesse 15 anos queria viajar para Inglaterra e, quem sabe, fazer um intercâmbio por lá, mamãe havia recusado. Ela tinha medo que eu me perdesse, nunca mais voltasse para casa ou, talvez, tivesse medo de ficar sem a única filha dela. Papai e eu, desde então, começamos a tentar convence-la disso.“Vai ser bom para ela conhecer a terra de seu avô, mesmo porque não conviveu com ele. Ela tem que começar a explorar o mundo. Ela não pode morar pelo resto da vida conosco. Amor, não custa deixar a menina por um ano conhecendo uma parte da sua descendência”, este fora o último argumento usado por papai para fazer com que mamãe deixasse-me partir.

Na época em que consegui um sim de mamãe, eu desistira da viagem. Eu havia me apaixonado e estava namorando com o um menino, que até hoje, não entendo o porquê de me apaixonar por ele, e também tinha a minha melhor amiga do mundo. Não queria ir para Londres e perde-los, não mesmo. Mamãe nem insistiu para que eu mudasse de ideia apenas soltou um mero “tudo bem”. Eu sabia que ela abrira um sorriso enorme por dentro quando a disse que não queria mais viajar.

Em 2010, havia passado um ano de toda essa loucura. Eu havia me arrependido, por que mesmo eu neguei meu sonho? Minha “melhor” amiga havia se apaixonado pelo meu namorado e desde então tudo começou a dar errado. Eles me traíram, perdi amiga e namorado no mesmo dia. Eu até entendo o lado do meu ex, mas da minha amiga e nunca conseguirei entender. “Namorado de amiga é mulher”, não é isso que diz a regra? Quando aconteceu isso, eu dei um tempo com todas as minhas amizades. A partir daquele dia, eu só ia confiar em mamãe e nunca mais queria me apaixonar. Em agosto de 2010, fui conversar com mamãe:

– Mãe, a senhora desistiu do meu intercâmbio?

– Por que?

– Pensei bem e, nesse momento, é tudo o que eu mais preciso, um tempo longe dessa cidade. Um tempo longe de tudo. Desistiu?

– Olha, Emily, desistir eu não desisti, mas... não sei bem se quero que você vá para lá nesse seu estado trágico. Perder namorado e amiga não é uma coisa agradável. Tenho medo de que se machuque mais lá, longe de mim.

– Por favor, mãe, por favorzinho. Eu prometo que ficarei bem. E outra, terei que aceitar essa perda de qualquer jeito. Longe daqui será mais fácil. Londres é a melhor coisa para mim agora.

– Tudo bem, minha filha, vou conversar com seu pai, ver o que ele acha e começamos a ver as papeladas.

– Obrigada, mamãe! Você é a melhor. Te amo. – disse isso e logo a abracei. Ela merecia.

Claro que papai aceitou de cara minha decisão e logo a correria começou. Agência de intercâmbio, achar uma casa para eu ficar, que dia iria e que dia voltaria, quantas malas levaria, quais roupas, remédios, ah, tudo o que se precisa para se ter a melhor viagem da sua vida. Graças a essa correria, eu já me sentia melhor em relação ao William e à Brenda. Minha auto-estima estava voltando.

A viagem foi marcada para 16 de agosto de 2011, eu estudaria lá em tempo normal de aula, como se morasse lá. O nome do colégio era South Hampstead High School. As aulas começavam dia 01 de setembro, meu pai achou bom que eu fosse antes para já aprender o caminho para casa e também para ter mais tempo para passear e fazer amigos.

O que se passou durante o final do ano de 2010 até a metade de 2011 foi resumidamente: ansiedade. O dia da viagem estava chegando, faltava uma semana apenas. Até essa hora eu não acreditara que riscaria um dos meus itens da minha listinha de sonhos e desejos.

A cada hora que passava eu desejava Londres mais e mais. Descobri por intermédios que mamãe chorava toda a noite desde o dia da confirmação da viagem, pena que descobri isso um dia antes de viajar...

Acordei feliz e me sentindo realizada. O grande dia chegara! FINALMENTE! 16 de agosto de 2011, data histórica. A marca da minha “nova” vida. Mamãe estava chorando desde manhã e a hora que saímos para o aeroporto, ela desabou em choros.

– Amor, por favor, se acalme é só um ano. Nossa pequena vai se dar bem lá e vai dar tudo certo e quando menos esperarmos, ela já terá voltado. – meu pai tentou acalmá-la.

– Mamãe, se a senhora não parar de chorar, eu vou me sentir super mal. Por favor.

– Eu... não... consigo... aceitar que ficarei longe do meu bebê, mas... saiba, Emily, que eu quero muito que você se divirta. Aproveite essa oportunidade, viva a cada dia como se fosse o último e principalmente, saiba que eu sempre te amarei. – Eu não me aguentei e lágrimas começaram a rolar no meu rosto. Abracei mamãe e papai nos abraçou.

Chegando ao aeroporto, mamãe já começou a exercer sua função de protetora. Afinal, mãe é mãe.

– Não fale com estranhos, bêbados, drogados, não beba, não se drogue... não não não e não. – Eu não lembro muito bem de tudo o que ela me falara porque o nervosismo não deixava. – EMILY CALVO WATSON, PRESTE ATENÇÃO EM MIM! Olha pra cá!

– Oi? Que? Fala mãe. Desculpa. Me perdi nos pensamentos.

– Hum... Sei... Lembra-se do nome da mulher que irá te hospedar?

– Lembro sim, mamãe. Patricia Malik.

– Conversei com a moça da agência e ela me disse que Patricia esperar-te-á com uma placa com seu nome na frente do portão de desembarque internacional.

– Tá bom, mamãe! Te ligo quando chegar em “casa”, prometo!

– Garanto que vai pirar tanto quando chegar lá que vai esquecer até de respirar.

– Hahahahahha. Que engraçado, mami, sempre fazendo piada. Agora eu preciso ir... É a última chamada para o meu vôo. Se cuida, mamãe. Eu amo muito você, sentirei saudades. Prometo ligar sempre e mandar-te presentinhos!

– Tchau, minha filha. Se cuida também. Aproveite bastante! Mamãe te ama muito!! Faça uma boa viagem nos veremos em breve... – Quando mamãe disse isso, senti que ela segurava o choro, então, a abracei e falei que papai iria cuidar muito bem dela. Terminei de abraçá-la e fui em direção ao meu pai.

– Papai, te amo muito. Cuida bem da mamãe e se cuide também. Se eu achar alguém de nossa família por lá te mando um e-mail contando ou te ligo! Espero que Londres seja como é nos meus sonhos.

– Hahaha, tenha certeza de que é melhor, Emily. Vai com Deus! Amo você, querida. – Ele foi breve pois também estava a ponto de chorar, mas foi mais forte que o choro.

– Abracei papai e mamãe juntos e fui em direção ao portão. Entrando no portão, olhei para trás e vi mamãe aos prantos, papai acenou e li seus lábios “Ela vai ficar bem, fique calma, Emily. Te amo”. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu pensei: Adeus, Brasil! Até ano que vem!

No avião, eu pensava sobre minha vida... Já havia me iludido por dois garotos, os quais acabaram comigo. Prometi à mim mesma que não iria me apaixonar em Londres, não lá. O meu objetivo lá era diversão, não namoro, mas sabia que podia ser fraca o suficiente para me apaixonar de novo. Também pensava nos meus pais... Como eu tive coragem de entrar nesse avião? Como eu pude escolher ficar à 9253 km de distância deles? Eles ficarão bem? Será que estão preocupados? Eu não consigo tomar nenhuma decisão sem me arrepender, essa é a verdade. Agora já era tarde demais para voltar atrás, por isso, tinha que aceitar. Chorei em silêncio no avião e acabei adormecendo.