Fanfic: Nem Todo Mundo Odeia o Chris - 2ª Temporada | Tema: Todo Mundo Odeia o Chris
POV. CHRIS (Brooklin – 1984)
Com catorze anos a revolta tomou conta do meu ser e eu decidi não deixar mais ninguém pisar em mim. Passei semanas me esquivando do Jerome pra ele não me roubar, arrumei um emprego, mas eu não sabia o que fazer pra mudar minha situação na Corleone. O Caruzo me deixava em paz... quando a Lizzy tava perto. Eu não dizia isso pra ela, mas era meio humilhante ser defendido por uma garota. Ela era minha melhor amiga assim como o Greg era meu melhor amigo, mas eu tinha que fazer alguma coisa por mim. Acabei contando pra eles que queria me candidatar a presidente do grêmio.
“É sério?” Greg.
“Tem certeza?” Lizzy.
“É muito sério e eu tenho certeza, sim. Afinal, o que eu tenho a perder? O que nós temos a perder, Greg?”
“Pensando assim, eu também apanho do Caruzo.”
“Só quando não consegue correr.” Lizzy.
“Vai dizer que você também não corre?” Ela olhou pra ele com uma cara de ‘fala sério’.
“Não, eu não corro.” Ele desistiu de tentar se explicar.
“É, tem razão. Eu sou um covarde.” Ela riu.
“Não esquenta, Greg. Mas é sério que vocês vão fazer uma chapa pra presidência?”
“É.” Dissemos juntos.
“Ok, mas não coloquem meu nome nisso. Boa sorte.” Ela virou e foi saindo. Aparentemente o Greg ficou meio desesperado.
“Mas, Lizzy, eu tinha tantas ideias pra você.”
“Não.” Ela não virou e continuou andando.
“Mas e se você...”
“Não.” Era até um diálogo engraçado.
“Mas eu...”
“Não.” Ela virou o corredor do banheiro feminino e sumiu.
“Droga. Eu pensei que ela ia ajudar a gente.”
“Sério? Eu sabia que não.”
“Por quê?”
“Ela odeia popularidade, Greg. Foi uma das primeiras coisas que ela disse quando conheceu a gente. Não lembra?” Ele fez uma cara de desconsolado.
“É mesmo. Então, somos só nós dois.”
“Pois é, parceiro.”
Consegui a petição, mas precisava de 30 assinaturas pra eu poder montar a chapa.
“Eu só quero saber onde a gente vai conseguir isso.” Greg.
“De caras iguais a nós.”
“CDFs?” Dei de ombros.
“Claro.”
A notícia ruim é que o plano não deu certo. Só conseguimos oito assinaturas e quando eu tava começando cogitar pedir a Lizzy pra ajudar a gente, a Srta. Morello chega com uma notícia pior. Eu e o Greg não poderíamos concorrer juntos por causa da maldita pesquisa de popularidade. Segundo ela eu tinha até chance de ganhar, mas só se saísse da minha zona de conforto. Falei dessa história da pesquisa de popularidade pra Lizzy quando a gente tava voltando pra casa.
“Então, quer dizer que você só pode montar chapa com alguém popular?”
“É. Ou nunca vou conseguir mais assinaturas.”
“Tenso. Mas e o Greg?”
“Não sei.”
Eu tinha uma certeza enorme que ela ia me matar se soubesse que eu queria tirar o Greg. Afinal, nos últimos dias o objetivo da vida dele era montar a chapa, mas com ele eu nunca ia conseguir. Então esperei ela se afastar da gente e fui falar com ele.
“Greg, preciso falar com você.”
“Eu também. Olha, eu tava planejando um jeito da gente burlar a pesquisa de popularidade e...”
“Você tá fora.” Ele me olhou com cara de quem não tava acreditando. Achei melhor sair de fininho antes que eu escutasse umas boas.
Detestei tirar o Greg da campanha, mas isso só ia dar certo se eu fizesse dupla com alguém popular. Fui o caminho pra casa inteiro pensando e a Lizzy notou que eu tava calado demais.
“O que você tem?” Tentei disfarçar.
“Nada.” Ela me encarou.
“Não mente pra mim.” Desisti de fingir.
“Eu tirei o Greg da chapa.”
“O quê? Por quê? Ele tava vivendo pela campanha.”
“Eu sei, mas eu nunca ia conseguir montar a chapa com ele. Eu preciso de alguém popular.”
“Então foi por isso que ele não falou com a gente na saída. Imagino o que você disse pra ele.”
“Só que ele tava fora.”
“Limpo e seco?”
“Foi.”
“Sem uma única explicação?” Minha consciência pesou.
“Eu devia ter explicado.”
“Não, imagina.” O ônibus parou, a gente desceu e fomos andando.
“Ok, pode parar com o sarcasmo. A pior parte é que eu não consigo pensar em ninguém popular que queira fazer campanha comigo.” Ela ficou me encarando por tanto tempo que eu comecei a ficar constrangido. “O quê?”
“Isso é tão importante assim pra você?”
“É.” Ela suspirou e rolou os olhos.
“Ok. Eu vou.” O quê?
“É sério?”
“É.”
“Mas você odeia chamar atenção. Faria isso por mim?” Ela corou um pouco e baixou o olhar.
“Sim.” Subimos a calçada de casa.
“Valeu.” Ela sorriu.
“Mas tem uma condição.” Rolei os olhos.
“Tá parecendo a minha mãe.” Ela riu.
“Pede desculpas pro Greg amanhã.”
“Tudo bem.”
No outro dia antes da aula, eu fui logo com a Lizzy resolver a história da campanha e montar a chapa e não consegui falar com o Greg antes da aula. Entrei com a Lizzy na sala e a Srta. Morello foi logo anunciando que o Caruzo tinha conseguido montar a chapa dele e que o vice dele era o Greg. Senti como se tivessem me dado um tapa na cara. Olhei pro Greg e ele nem se dignou a olhar pra mim. Vi a cara de ‘eu te disse’ da Lizzy e fiquei remoendo minha culpa.
Depois de montar a chapa, a gente teve que divulgar as propostas. Tipo, tudo mundo ficava nos corredores, a gente colava cartazes, tirava fotos, falava com os alunos. Tradução: esperança de conseguir votos. Era legal fazer campanha com a Lizzy, ela nunca me excluía e ficávamos de igual pra igual, mas logo eu descobri que a popularidade dela atraía mais os garotos. Teve um que até chamou ela pra sair. Enquanto falava da campanha, tentei controlar minha raiva e respirei fundo. Ela tava fazendo aquilo pra me ajudar, eu não ia estragar tudo por causa de ci... Ah, esquece.
Olhei pro outro lado e vi o Greg. Eu detestava fazer campanha contra o Greg, mas era pior ver ele na chapa do Caruzo. Tentei me lembrar que a culpa era minha, mas foi sacanagem ele ir formar chapa logo com o Caruzo.
Depois da aula eu tentei falar com ele, mas quando encontrei ele num corredor vazio, os cartazes da campanha do Caruzo tavam todos rasgados. Ele tava juntando os cartazes.
“Oi.”
“Oi.”
“O que foi isso?” A Lizzy apareceu no final do corredor e se encostou na parede, observando.
“Nem queria saber.”
“Olha, Greg, desculpa.” Ele me olhou.
“Pelo quê?”
“Por tudo. Por ter sido um idiota. Se eu tivesse agido diferente...”
“...você não teria chapa.”
“Mas teria meu amigo. Nós dois somos desprezados aqui e eu não devia ter te deixado de lado por causa de uma campanha.” Ele assentiu.
“O Caruzo rasgou os cartazes pra te prejudicar. Amanhã todo mundo ia chegar e te acusar. Eu não ajudei e ele me expulsou da chapa.”
“Valeu. Desculpa.”
“E a sua campanha?”
“Não sei se quero continuar.”
“Você tem que continuar. Essa campanha é por nós dois. Você disse que não ia mais ser o zoado da turma.”
“É, mas...”
“Eu quero ser o coordenador de campanha.” Sorri em ver a facilidade com que ele me desculpava.
“Tudo bem.”
“Por falar nisso, como convenceu a Lizzy a fazer campanha com você?” Dei de ombros.
“Ela se ofereceu.” A gente andou até ela.
“Então, vocês dois vão concorrer?” Greg.
“Nós três vamos concorrer.” Lizzy. “Amigos de novo?” O Greg olhou pra mim.
“É. Dá pra suportar.” Ri.
“Grande amigo você é.”
“Uia, ele sabe ser sarcástico.” Lizzy. Fiz cara de descaso.
“Acho que é a convivência.”
“Tchau, Greg.” Dissemos.
“Tchau.” Ele virou e foi embora. Eu sabia que melhor amigo que o Greg eu nunca ia encontrar.
“Não sei como ele te desculpa tão fácil.”
“Nem eu.”
“Eu não desculpava.” Olhei pra ela e vi que ela tava rindo.
“Ah, é?”
“É.” Ela me empurrou, me deu língua e saiu correndo.
“Ah, é assim? Eu vou te pegar!” Saí correndo atrás dela.
POV. LIZZY
Diazinho estranho, mas muito legal. A campanha foi uma coisa louca. Dava pra ver que o Chris tava triste por que o Greg tava na chapa do Caruzo. A divulgação da campanha foi tudo certo, exceto por um sem noção que me chamou pra sair. Fala sério. Dei um chega pra lá discreto nele, pra não estragar a campanha do Chris. E por falar nele, ele parecia estar com raiva de alguma coisa, mas devia ser por causa do Greg. No fim das contas, como eu sabia que seria, eles dois se acertaram e a paz voltou a reinar. É sempre assim.
Eu sei que tem alguém querendo saber, então... na corrida pro ônibus ele me pegou sim. Ele corre mais rápido. A gente quase caiu no chão. O sem nexo ia me derrubando. Mas foi quando a gente chegou em casa que ficou mais... sério.
Flash Back
“Não foi justo!”
“Foi sim. Eu te peguei. Má perdedora.” Fiz uma careta.
“Tá certo. O que quer que eu faça?” Ele sorriu como quem trama alguma coisa.
“Nada. Mas vou te lembrar que você perdeu pro resto da vida.” Ele começou a rir.
“Mau ganhador.” Mas ri com ele. “Então, vai mesmo continuar com a campanha?”
“Vou. Não é mais só por mim.” Ele me encarou, sério. “Valeu por me ajudar. De novo. Sério, você não se cansa?” Fiz que não com a cabeça. Sem saber o que eu tava fazendo, me aproximei e ergui minha mão, acariciando o rosto dele. Ele prendeu a respiração por um segundo, mas depois soltou. Um leve sorriso apareceu no rosto dele como se ele gostasse. E antes que eu pudesse ficar com vergonha do que eu tava fazendo, ele chegou mais perto e beijou meu rosto. Meu coração disparou e um formigamento se espalhou pelo meu corpo, então eu tive a decência de corar.
“Eu... tenho... que ir. Até amanhã.” Antes que eu perdesse a coragem, devolvi o beijo que ele tinha me dado e corri pra casa. Antes de fechar a porta, ouvi um suspiro atrás de mim.
...
Autor(a): LivyBennet
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