Fanfic: Nem Todo Mundo Odeia o Chris - 2ª Temporada | Tema: Todo Mundo Odeia o Chris
POV. CHRIS (Brooklin – 1984)
Com a minha campanha pra presidente do grêmio de pé, eu pensei que eu queria muito ganhar. Mas eu descobri que eu queria mesmo era ganhar do Caruzo de qualquer jeito. A arma do Caruzo era ameaçar as séries menores e eu ainda não tinha descoberto a minha arma, se é que eu tinha uma. Com a Lizzy na minha campanha eu tinha ganhado o voto da maioria dos garotos da escola. Me irritava um pouco, mas eu tentei relevar. Tava sendo muito útil, já que o pessoal da primeira à quinta série ia votar no Caruzo com medo de apanhar.
Quando eu já tava achando tudo horrível, a Srta. Morello veio me mostrar mais uma vez que tudo pode piorar.
“Chris, eu estive pensando...” Sério? “... que os alunos deveriam ter mais uma chance de ouvir os candidatos antes da votação, então eu imaginei que vocês poderiam fazer um discurso.”
“Um discurso?”
“É. Espero que não seja muito difícil.” Estou sem palavras.
“Sem problema, Srta. Morello.” Greg. Ela foi embora e deixou a gente pensando em como fazer mais isso. Minha cara não devia ser das melhores por que a Lizzy perguntou:
“Tem medo de falar em público?”
“Descobri que tenho agora.” Ela riu.
“Você vai se sair bem. É só escolher o discurso certo.”
Esse era o problema. Nenhum de nós três tinha escrito um discurso e não tínhamos a menor ideia de como fazer isso. O Greg até pesquisou alguns, mas...
“Eu peguei os nomes de alguns pra você olhar.” Ele me passou a lista e a Lizzy olhou por cima do meu ombro.
“A atual economia do país em relação ao ouro? Greg, sou eu que vou falar o discurso e o título desse já me faz dormir.”
“A gente podia dar uma olhada nos livros da biblioteca.” Lizzy.
“Boa.”
Olhamos todos os discursos possíveis, mas nenhum dava certo. Tinha alguns com o título mais estranho do que os da lista que o Greg trouxe. Eu até tentei inventar alguns e a gente quase chorou de rir. Serviu pra aliviar a tensão. Mesmo assim não encontramos nenhum que funcionasse.
“Ah, eu desisto. A gente nunca vai encontrar um que se encaixe.”
“Então só tem uma solução, não é?” Eu e o Greg olhamos pra ela.
“E qual seria?”
“Escrever um.” Rolei os olhos.
“Você já escreveu um discurso?”
“Não, mas não deve ser muito difícil. A gente só precisa escrever tudo o que eles querem ouvir.” É. Talvez desse certo.
Depois da aula a gente pensou em como ia fazer o discurso, mas o problema era imaginar onde fazer o discurso.
“Pode ser na minha casa?” Lizzy.
“Tudo bem, mas eu tenho que avisar meu pai.” Greg.
“Ok. Vamos?”
“Vamos.”
Na casa da Lizzy a surpresa foi grande por que a mãe dela pareceu nem me notar. Normalmente quando eu ia lá ela me encarava como se eu fosse um acidente de trânsito que ela não conseguia parar de olhar. Mas acho que dessa vez ela tava ocupada demais mimando o Greg pra fazer isso. E acho que eu poderia dizer que tinha uma boa relação com o pai da Lizzy. Ele era legal e era diferente da mãe dela. Ele tinha provado ser gente boa e naquela vez que foi o dia dos pais e a Lizzy deu os ingressos do jogo pra ele, ele realmente convidou meu pai e eles foram juntos. De vez em quando ele aparece lá em casa e fica conversando com o meu pai. E é bom ter alguém sensato lá em casa, pra variar.
Mas voltando ao assunto discurso. Ninguém teve a mínima ideia de como fazer aquela porcaria. A gente ficou no quarto da Lizzy: eu sentado no chão, encostado na parede; o Greg em pé, olhando pela janela; e a Lizzy deitada na cama, olhando pro teto. Resultado disso tudo: nada. Pensei descaradamente em desistir, mas dava pra ver que eles tavam tentando muito me ajudar. Aparentemente a gente não tinha o que fazer, então eu falei a coisa que tava martelando na minha cabeça desde aquela manhã.
“Gente, isso não tá dando certo.” Eles me olharam e assentiram.
“Não tá mesmo.” Lizzy. “Nenhum de nós tem a menor ideia de como fazer um discurso.”
“E nenhum dos livros que a gente pegou da biblioteca adiantou.” Greg.
“Exato. Por isso eu tava pensando em... improvisar.”
“Improvisar? Tá maluco?”
“Talvez eu esteja, Greg. Algum de vocês sabe como o Caruzo vai começar o discurso dele?” Eles negaram.
“Ter uma noção de como começar já seria uma boa.” Lizzy.
“Pois é.” A Lizzy sentou na cama e me olhou.
“Vai querer mesmo improvisar?” Pensei um pouco.
“Vou sim. Eu nem ia conseguir decorar um discurso mesmo.” Ela deu de ombros.
“Se você quer assim, então boa sorte.” Ouvimos alguém bater na porta. “Entra.” O pai dela colocou a cabeça pra dentro.
“Oi, Lizzy. Tem um Art Wuliger no telefone. Acho que é o seu pai, Gregory.” O Greg desceu com o Sr. Jackson pra atender o telefone e me deixou sozinho com a Lizzy. Ela tava me encarando e o encarar da Lizzy dá a impressão de que ela tá radiografando a tua alma. E toda vez que ela fazia isso em mim, descobria alguma coisa que eu tava escondendo, então eu sempre ficava incomodado quando ela fazia.
“O que foi?”
“Nada. Só to imaginando qual o verdadeiro motivo de você estar se candidatando.” Tentei continuar na mentira descarada.
“É pela gente.” Ela estreitou os olhos e eu senti como se tivessem escrito a palavra ‘mentira’ na minha testa.
“Não mente pra mim.” Essa frase era a minha desgraça. Sempre que ela falava isso, eu parecia estar incapacitado de falar qualquer mentira pra ela. Suspirei, me rendendo.
“Ok. Eu quero ganhar do Caruzo.”
“Muito mais sincero.” Rolei os olhos.
“Muito cara de pau.” Ela riu. “Por que tá rindo?”
“Temos um desejo em comum: ferrar o Caruzo.”
“Ainda vai me ajudar?”
“Claro. Você acha que eu vou perder a oportunidade de ver aquele elefante ruivo se retorcer de ódio quando perder?” Eu ri, mas notei o que tava implícito na frase dela.
“Acha mesmo que eu posso ganhar?”
“Por que não? Merece mais do que ele.”
“Valeu.”
No dia do discurso, eu tava tremendo mais do que vara verde. A Lizzy chegou até a dizer que eu parecia pálido. Eu até teria rido se não estivesse com tanto medo.
“Relaxa, Chris. Você tá tremendo.”
“Talvez seja por que eu não faço a mínima ideia do que falar.”
“Você escolheu assim.” Tentei me resignar, mas ouvi o Greg sussurrar no ouvido da Lizzy.
“Foi uma boa campanha.”
“Eu acho que ainda não acabou.” O Greg olhou pra ela, sem acreditar, mas ela ignorou.
O Caruzo já tinha terminado o discurso dele, que por sinal foi muito bom. Ele provavelmente ameaçou algum nerd pra fazer o discurso pra ele. E a vice-diretora subiu no palco pra chamar a segunda chapa, a minha e da Lizzy.
“Agora temos o discurso da outra chapa: o segundo candidato à presidência do grêmio, Chris, e sua colega de chapa, Lizzy.”
Naquela hora a Lizzy pegou minha mão e apertou. Olhei pra ela e ela me deu um beijo no rosto e sussurrou no meu ouvido.
“Eu acredito em você.” Senti um calor bom se espalhar pelo meu corpo. Ela me soltou e, antes que eu perdesse a coragem, eu fui.
POV. LIZZY
Ele tava muito nervoso e eu não fazia a menor ideia do que fazer. Segui o instinto e fiz aquilo. Não sei se funcionou, mas agora já é tarde demais. A gente subiu no palco; ele foi pro centro e eu me sentei em uma cadeira que tinha lá. Eu tava em um ângulo que eu não podia ver o rosto dele, mas achei melhor assim. Preferi só ouvir. Talvez ele ficasse mais nervoso se eu olhasse.
“Ah... Bom, hoje eu vim aqui sem nenhum motivo convincente pra ser o presidente do grêmio. Eu nem tenho discurso.” Todo mundo riu e ele continuou. “O motivo que eu tenho é que eu realmente quero ganhar. Eu não sei o que eu posso fazer como presidente do grêmio, mas eu sei que eu realmente vou tentar fazer alguma coisa. Armários com combinações que funcionem e que sejam maiores, por que a maioria dos nerds passa o intervalo trancados dentro deles.” Muita gente tava gostando e eu reprimi um sorrisinho de orgulho. “E a cantina. O que tem de errado com a cantina? Decididamente eu vou ter uma conversa com a nutricionista. Eu tenho certeza que ela come batata frita, por que nós não?” Gargalhada generalizada e eu continuei escutando. “Os livros da biblioteca são tão antigos que até as traças se cansaram deles. Uma vez eu peguei um livro da biblioteca emprestado e quase fiquei com asma quando abri. E o juramento à bandeira? Precisa ser todo dia? Se é um juramento, basta fazer uma vez. Eles não confiam na gente, não?” As risadas continuaram e alguns aplausos começaram a aparecer. “Eu sei que todo mundo quer algo parecido com isso, e como presidente do grêmio eu prometo que vou fazer o máximo. Meu nome é Chris e eu sou candidato à presidente do grêmio estudantil.”
Todo mundo aplaudiu e eu também. Só então olhei pra ele. Ele me olhava com um sorriso no rosto, como se dissesse obrigado. Eu entendi e sorri de volta.
Então foi todo mundo votar e a gente ficou esperando. O Caruzo me encarava com aquela cara ridícula que ele tem, mas eu nem liguei. Vinte minutos depois da votação, a vice diretora anunciou o resultado.
“E o vencedor da eleição para presidente do grêmio estudantil é........ Chris!”
Não vou mentir, a cara de pasmo que ele fez foi hilária. Eu ri mais disso do que de qualquer outra coisa. Ok, minto. A cara de raiva do Caruzo pagou todo o aperto que a gente passou pra ganhar a eleição. O Chris e o Greg fizeram a festa e eu fiquei só olhando. Depois eles vieram falar comigo.
“E ai? Vocês querem comemorar aonde?”
“Não sei, você escolhe.” Chris.
“Fliperama.” Eles concordaram e a gente foi.
Desnecessário dizer que a gente passou a tarde inteira no fliperama, jogando. Teve uns caras estranhos que ficaram encarando a gente, mas a gente ignorou. Dois nerds e uma descolada no fliperama era um grupo que devia chamar atenção.
Depois da comemoração a gente foi deixar o Greg na parada dele e fomos pegar nosso ônibus. A gente falou de tudo, menos do que tinha acontecido pouco antes do discurso. Parecia um assunto proibido. Ele não tocava no assunto talvez por vergonha e eu também. Mas como uma hora tinha que acontecer, ele tocou no assunto quando a gente tava subindo as escadas de casa.
“Lizzy, valeu por hoje. Eu precisava ouvir aquilo.” Baixei os olhos.
“De nada. Eu sabia que você precisava escutar alguma coisa, mas na hora eu não sabia o que era. Então falei o que eu queria falar. Acho que funcionou.” Ouvi ele rir e vi ele chegar mais perto.
“Hora de retribuir o favor.” Sem entender, eu levantei os olhos.
Ele segurou minha mão e me puxou pra perto dele. Inconscientemente eu fui e ele me beijou no rosto, mas daquela vez foi diferente. O beijo foi mais longo e quando acabou ele me abraçou. Me arrepiei involuntariamente quando ele suspirou no meu ouvido. Ele me soltou e eu vi que ele tinha um sorriso bobo no rosto. Eu provavelmente tinha um também.
“Eu tenho que entrar. Minha mãe vai me matar por que eu demorei.” Ri, sem jeito.
“Meu pai também deve tá louco atrás de mim. Mas acho que sua mãe te desculpa, Sr. Presidente.” Ele riu e afagou meu rosto.
“Te vejo amanhã.” Assenti.
“Tchau.” Virei e entrei antes que eu fizesse alguma coisa que eu não devia.
Meu coração martelava no meu peito e eu respirava com dificuldade. Desde quando ele ficou tão ousado? Ele nunca fez algo assim tão atrevido. Vai dizer que você não gostou?, disse uma voz na minha cabeça. Hipocrisia nunca fez parte de mim, então eu tive que admitir que eu tinha gostado. Então, o que eu sinto por ele?
...
Autor(a): LivyBennet
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