Fanfic: The Ghost of You | Tema: My Chemical Romance
A família tinha acabado de se mudar para aquela casa velha. Donna e seus dois filhos, Gerard e Mikey, eram os mais novos moradores daquela vizinhança. Tinham se mudado há uns dois dias, e só agora tinham terminado de arrumar a casa.
- Mikey! Gerard! Hora do jantar! – Donna gritou da cozinha.
Os garotos desceram a escada alguns minutos depois, virando a direita para entrar na cozinha. Eles sentaram-se na mesa da cozinha e serviram-se do frango assado que Donna tinha preparado.
- Segunda-feira vocês vão voltar a ir a escola, ok? – Donna falou quando estavam quase terminando.
- Mal posso esperar pra me formar e me livrar da escola. – Gerard falou entre uma garfada e outra.
- Nem eu! – Mikey concordou. – Só de pensar em nunca mais ter que acordar cedo.
- Dependo do trabalho que vocês escolherem, vocês ainda vão ter que acordar cedo. – Donna disse rindo.
- Você bem que podia ser menos estraga-prazeres, né mãe? – Mikey disse um tanto irritado.
Eles terminaram o resto do jantar em silêncio. Gerard estava sentindo alguma coisa estranha no ar, mas não conseguia dizer o que era. Achou melhor deixar pra lá. Eles tinham acabado de se mudar, talvez fosse apenas questão de se adaptar ao novo ambiente. Quando terminaram de arrumar a mesa, Donna os mandou cuidar dos pratos e foi deitar.
- Por que temos sempre que lavar os pratos? – Mikey perguntou frustrado.
- Eu não vejo problema em ajudarmos nossa mãe. – Gerard sorriu e deixou o sorriso sumir enquanto guardava o último prato no armário – Ainda mais depois de toda essa confusão.
- Ah Gee, por favor, não começa tá?
- Tá bom. Não devemos pensar nessas coisas mesmo. – Gerard sacudiu a cabeça como se pra livrar-se de maus pensamentos – E agora? Ainda são oito da noite. E não temos hora pra dormir. O que quer fazer?
- Hm... Que tal televisão?
- Ah, fala sério. Nós acabamos de nos mudar. Deve ter algum cômodo que não exploramos ainda.
- Quantos anos você tem? Dois? Eu não quero explorar nada. – Mikey saiu da cozinha passando na frente da escada e entrando na sala de estar, sendo seguido por Gerard.
- Vamos Mike, por favor? A casa tem um porão, e um sótão também! Sabe o que podemos encontrar lá? – Gerard estava convencido de que os antigos moradores da casa eram colecionadores de antiguidades.
- Poeira, insetos e talvez cocô de passarinho. – Mikey disse ligando a TV e se jogando no sofá.
- Ah Mikes!
- Shh! Tô vendo TV. – Os olhos de Mikey já estavam vidrados na tela e ele já não ouvia o que Gerard dizia.
- Mikey, me ouve! – Gerard estava disposto a fazer birra pelo que queria e parou na frente da televisão, de braços cruzados. – Então vá comigo amanhã, poxa.
- Gee! Saí da frente! – O menor gesticulou com a mão, mas Gerard não se mexeu.
- Promete que vai comigo amanhã?
- Tá! Saí da frente!
- Promete!
- Prometo! Pronto! Agora sai.
Mais do que satisfeito Gerard se retirou da frente da televisão e sentou ao lado de Mikey, tentando prestar atenção no que se passava na tela. Logo desistiu de entender o que estava acontecendo naquela série e foi pra cama.
Eles acharam a única casa na cidade que tinha três suítes com um preço tão baixo. Seu quarto tinha uma cama, um criado mudo com um abajur em cima, um guarda roupa e uma mesa onde ele desenhava quando tinha vontade. Gerard entrou no quarto e foi direto ao seu guarda roupa e tirou seu livro de cabeceira da parte de cima. Era a primeira vez que ele ia ler na casa nova, quase não se lembrava da história do llivro.
Espreguiçou e largou o livro em cima da cama para trocar suas roupas por um pijama. Desligou a luz do quarto, acendeu o abajur, sentou na cama, cobriu as pernas e abriu o livro. Era uma história boba de romance entre colegiais. Ele adorava esse tipo de história.
Fazia uns cinco minutos que ele estava lendo o livro quando ouviu um barulho atrás da porta do banheiro. Não era muito alto, parecia o som de água correndo. Ele colocou o marca páginas no livro, o fechou e tirou o lençol de cima das pernas para ir até a porta do banheiro. Assim que pôs o livro em cima do criado mudo o barulho parou.
Gerard sentiu um arrepio percorrer sua espinha e seu corpo tremer um pouco, de repente, o quarto tinha ficado frio. Arqueou uma sobrancelha para si mesmo “não me lembro de estar tão frio” pensou. Ia voltar a ler seu livro quando o barulho voltou a perturba-lo.
Ficou um tempo encarando a porta, esperando o som parar como acontecera antes. Mas quando teve certeza de que não ia parar ele levantou para verificar o que era. Estava a meio caminho da porta do banheiro quando uma risada infantil veio do outro lado da porta, fazendo seu corpo petrificar-se no mesmo lugar. Seu instinto o dizia para correr na direção contrária, mas Gerard era muito curioso para dar ouvidos. Apesar de todo o medo e da tensão que sentia em cada músculo contraído ele se movia devagar e trêmulo na direção da porta.
Sua respiração acelerava a cada passo junto com as batidas de seu coração em seu peito. Tocou a maçaneta levemente e abriu a porta com cuidado, tentando manter-se calmo e controlando sua respiração o melhor que podia. Tocou a maçaneta e abriu a porta devagar.
Na frente da pia, mirando o espelho, uma mulher ruiva e levemente maquiada segurava um bebê muito pequeno. Ela parecia estar dando banho na criança, na pia do banheiro. Gerard ficou parado na porta, sem condições de se mover. Seus olhos quase saltavam das órbitas e nem piscar ele conseguia. A mulher passava a mão na cabeça do bebê enquanto banhava o pequeno corpo.
- Quieto Joseph! Vai ficar tudo bem! Shh... Não se agite tanto, pequeno. Hahaha! Mamãe te ama tá? – Ela dizia as palavras com certo medo e frieza.
Gerard tentou dizer alguma coisa, mas não achava palavras. Estava tentando se convencer de que aquilo era apenas um sonho, ou um pesadelo, ou sua imaginação. Mas ele sentia que era real.
- Com licença? – Sua voz estava muito mais baixa e mais fraca que o normal. Ele sentia a garganta seca.
A mulher virou a cabeça de vez, de forma que podia quebrar-lhe o pescoço, e encarou Gerard. Um choque atravessou o corpo dele junto com o olhar dela. Gerard sentiu suas pernas amolecerem ao notar um corte profundo e seco na garganta da mulher e quase desmaiou ali mesmo. Ela o olhou dos pés a cabeça e depois se voltou para seu bebê. Pegou-o no colo sem se importar com a água e desligou a torneira, virou-se de frente para Gerard, de modo que a criança ficava de costas para ele. Um pequeno e profundo corte estava aberto na cabeça do bebê.
Gerard desmaiou.
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- Gerard? Gee acorda! Anda Gee, levanta! – A voz de Mikey foi ficando mais alta até estar a alguns centímetros de distância.
- Mike? – Gerard perguntou ainda desnorteado.
- E quem mais seria? – Gerard levantou de vez e se agarrou ao pescoço do irmão.
- Mikey! Graças a Deus! Você a viu?
- Vi quem? – Mikey afastou Gerard de si, apenas o suficiente para poder ver seu rosto. – Gerard, o que aconteceu aqui? Quando eu cheguei a luz estava apagada e você estava caído aqui no chão. – Gerard olhou em volta, estava na porta do banheiro.
- Você não a viu?
- Vi quem? – Gerard mordeu o lábio inferior. Talvez fosse melhor manter isso em segredo por enquanto, afinal, eles tinham acabado de se mudar.
- Ninguém. Eu devo ter sonhado. – Mikey ajudou-o a levantar do chão.
- E deve ser sonâmbulo também. Por que eu não sei como foi que chegou aqui. – Mikey foi até sua cama e começou a se preparar pra dormir.
Gerard foi até a porta do banheiro a acendeu a luz de olhos fechados. Aos poucos foi abrindo os olhos e encontrou o banheiro vazio. Respirou aliviado.
- O que você tá fazendo? – Gerard quase pulou ao ouvir a voz do mais novo.
- Nada não. – Respondeu e correu pra sua cama. – Aliás, o que você está fazendo aqui?
- Eu vim pedir o carregador do celular emprestado. Não sei onde botei o meu.
- Deve estar dentro da sua gaveta na parte direta do guarda roupa. – Gerard respondeu pegando o livro que tinha deixado ali e percebendo que ele estava sem o marca páginas. Ficou encarando o livro até ouvir a voz do irmão.
- Você tá meio estranho hoje.
- Não é nada Mikey. – Gerard deitou e se cobriu o mais rápido que pôde – Boa noite.
Mikey olhou desconfiado para o maior, mas resolveu não perguntar nada. Saiu do quarto do mais velho fechando a porta atrás de si logo depois de murmurar um “boa noite”. Gerard só relaxou quando o mais novo fechou a porta. Estava com medo de que ele começasse a fazer perguntas que ele não teria como responder. A imagem da mulher com o pescoço cortado com o bebê ferido em seu colo ainda assombrava seus pensamentos.
Talvez não fosse uma boa ideia explorar o sótão no dia seguinte.
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