Fanfic: O mar, amar...

O tempo foi passando e eu já não sabia mais se era certo Gabriel ir pro Japão, ele estava animado, não parava de sorrir e criar expectativas de como tudo seria lá, eu estava feliz por ele, mas, eu o amo, não consigo aceitar que ele vá passar um ano do outro lado do mundo. Preciso dele aqui comigo, do meu lado, pra sempre. Além do que, ele pode acabar se envolvendo com outras, japonesas são sempre tão meigas. Ele pode ate se esquecer de mim e namorar várias garotas, um ano é muito tempo. E se ele não responder minhas cartas, e se a gente não puder conversar por telefone? Eu não o quero longe de mim, em hipótese alguma.

Na última semana dele aqui no Brasil, ficamos juntos o tempo inteiro. Fizemos tudo que pessoas fazem durante toda uma vida de namoro, parque de diversões, algodão doce, por do sol no píer, declarações de amor, dormimos juntos, vimos filmes de terror e de romance, fizemos brigadeiro, jantamos com a minha mãe, fomos ao cinema, tudo. Eu sorria o tempo inteiro, eu podia estar morrendo de cólica, estressada por ele ter olhado para outra menina mais bonita, mas não tirei o sorriso do rosto, porque o que me importava é que ele estava ao meu lado e, isso iria acabar.

[...]

Hoje era a droga do dia da viagem. Ele dormiu na minha casa, passamos a noite inteira abraçados. Confesso que eu chorei, chorei muito. Ele me abraçou com força e disse que me amava, que tudo ficaria bem. Saímos muito cedo, nem acordei minha mãe. Ficamos mais ou menos uma hora esperando a chamada para o voo dele, sem falar nada.

Por que aquela mulher teve que chamar o seu voo? Porque ela teve que tirar ele de mim?

_É, chegou a hora._ Ele disse se levantando.

Me levantei e o abracei com força. _Não vou sobreviver sem você._ Sussurrei.

Ele se afastou de mim. _Um ano passa rápido e, a gente vai se falar. Eu prometo, vou te ligar todos os meses._

_Que tal todos os dias?_

Ele sorriu. _A ligação é muito cara, amor. Mas prometo que ligo todos os meses. Vamos nos falar pela internet e..._

_Cartas._ Eu o interrompi. _Prometa que vai me mandar cartas. É mais romântico._

_Como você quiser, amor. Te mando milhares de cartas, mas só não esquece de mim._ Ele tinha lágrimas nos olhos.

Depositei um leve beijo em seus lábios. _Eu nunca vou ser capaz disso._

Ele sorriu. _Olha, um ano passa bem rápido, daqui a pouco eu estou de volta e vamos poder nos ver. Em Julho, não vai ter curso, eu posso vir comprar uma passagem e vir pra cá. A gente não vai perder contato, eu não vou deixar você me perder._

Nós nos beijamos por um longo tempo e depois ele embarcou. Droga de vida. Eu queria muito poder embarcar com ele, acompanha-lo nessa etapa tão importante pra sua vida, mas não posso simplesmente largar tudo aqui e ir com ele.

Me sentei no banco do aeroporto e comecei a chorar. Haviam milhares de pessoas me olhando com pena, mas eu não me importava. Era isso que eu merecia mesmo, pena. As pessoas deveria ter pena de mim, eu deveria ter pena de mim mesma por ter sido tão burra. Eu fui estúpida desde o começo, tentei esconder que eu o amava, por medo. Sempre tive vontade de gritar que eu o amava, mas não conseguia. Eu tinha medo de me entregar e sofrer no final, mas acontece que, eu não me entreguei e mesmo assim estou sofrendo. Que droga de vida. Eu adoraria dizer “eu não mereço isso” seria um clichê perfeito, mas não seria verdade, porque eu mereço isso que estou passando. Eu devia ter dito tudo que eu sentia, tudo que eu pensava, tudo. Não devia ter guardado todas as coisas pra mim, não devia ter simplesmente sorriso na maioria das vezes em que ele disse me amar. Era um esforço enorme dizer que eu o amava, não por ser mentira, por medo mesmo, covardia. As lágrimas caiam descontroladamente, eu queria tanto ter Gabriel aqui, pra me abraçar, dizer que tudo vai ficar bem e beijar minha testa, como sempre fez. Queria sentir seu perfume, queria ele pra secar minhas lágrimas, me dizer que chorar não era o certo à fazer, que eu era forte. Queria ele aqui pra me chamar de pequena, de idiota, de qualquer coisa. Mas eu queria ele aqui.