Fanfic: O mar, amar...

Minha pequena,

Adorei quando você terminou a carta dessa maneira. Por favor, vamos continuar com isso, eu começo a carta com “minha pequena” e você termina com “sua pequena”. Foi difícil criar coragem para escrever essa carta. Acho que coragem não seria a palavra certa, é que as palavras me faltavam, sua carta me emocionou muito. Não quero que você peça desculpas nunca mais, eu sempre entendi você, seu medo de se entregar, quando eu dizia te amar e você sorria, o seu sorriso já me valia como um “eu te amo” bem alto, gritado para que todos pudessem ouvir. Nunca precisei ouvir nada da sua boca pra ter certeza de que você me amava. Claro que ficava muito feliz quando você dizia, com todas as letras, que me amava muito, mas pra mim isso nunca foi uma questão à ser discutida. Você falava quando queria, pois falando ou não, eu sempre soube que me amava. E eu também te amo muito, pequena. Minha baixinha, ta conseguindo pegar as bolachas na última prateleira do armário da cozinha ou tem que chamar sua mãe pra te ajudar? Haha, desculpa, mas estou rindo aqui. Posso até ver você pulando pra alcançar e derrubando tudo, despois fazendo aquela carinha de criança depois que aprontou. Que saudades que eu sinto de você, amor. Queria tanto, mas tanto, que você estivesse aqui comigo, por exemplo, agora eu poderia estar te abraçando, te dando um beijo, fazendo brigadeiro pra você. Que droga de saudades, mas olha, a gente vai se encontrar em Julho, você vai estar de férias do colégio, eu vou estar de férias do curso, poderemos passar a tarde toda sentados no píer, olhando para o mar. Por falar nisso, o mar aqui não é tão bonito, é extremamente sem graça. Talvez pelo fato de ser uma praia artificial, mas esse não deve ser o motivo principal. A água é igual, tem areia e as pessoas sentam debaixo de guarda-sóis do mesmo jeito, mas o que falta mesmo é você. Talvez não fosse do mar que eu gostava tanto, mas sim do mar com você. Como um conjunto, sabe? Bom, chega de falar disso, coisas alegres agora, ok? Eu te prometo que vou voltar com um certificado de melhor aluno, pode cobrar quando eu chegar ai. Por favor, não fique triste por eu estar aqui e você aí, pode ter certeza, apesar de eu estar amando o curso, eu preferiria estar ai com você, também. Mas, acredite nas suas amigas que dizem que isso é bom pra mim, quando eu voltar, tudo vai ser extremamente melhor. Eu vou estar mais feliz, vou poder arrumar um emprego, ganhar dinheiro, comprar um apartamento no centro, do jeitinho que você gosta e... esse é um assunto muito delicado, mas faz tempos que eu venho pensado nisso. Nós poderíamos morar juntos, o que você acha? Não se sinta obrigada a aceitar, você tem total direito de querer continuar morando com a sua mãe, até porque você tem colégio e o centro é um pouco longe da sua casa. Talvez não precise ser no centro, pode ser em algum bairro perto do seu ou até no seu bairro, podemos decorá-lo da maneira que você quiser e estaríamos juntos o tempo inteiro. Bom, se você achar muito precipitado, pode dizer, eu vou te entender. Também acho que somos jovens e temos a vida toda pela frente, mas o fato é que te amo muito. Enfim amor, é isso. Ah, lembra do meu companheiro de quarto? Nós estamos nos dando muito bem, ele é muito engraçado, você ia gostar dele. Eu queria muito poder apresenta-lo à você, pois estamos ficando muito amigos, mas acho que vai ser meio impossível, ele mora na Itália, mas sua empregada era brasileira, por isso ele fala português perfeitamente. Acho que essa carta já está muito longa e, já é muito tarde, amanhã eu acordo cedo. Boa noite, boa tarde ou bom dia, não sei a que horas você lerá essa carta.

Com muito, muito amor, Gabriel.”