Fanfic: O mar, amar...

“Gabriel,

Eu sei que vai te magoar começar a carta assim, mas depois do que aconteceu, depois do que eu fiz, não me sinto digna de te chamar de “meu amor”. Queria, primeiramente, dizer que não te odeio por você não ter voltado pra cá, eu te entendo. Mas acho que é você quem vai me odiar, depois de ler o que eu tenho pra falar. Eu fiquei muito irritada quando você não apareceu, e não deu nenhuma satisfação. Eu chorava o dia todo, cheguei a faltar no colégio por mais de uma semana e o Lucas veio aqui em casa, perguntar como eu estava. Minha mãe, que estava saindo pra trabalhar, deixou que ele entrasse. Eu estava dormindo, quando acordei dei de cara com ele, que tinha preparado um café da manhã pra mim. Você sabe que eu sempre acordo meio tonta, sem saber onde estou, então. Quando acordei, ele logo veio e me deu um beijo na testa, dizendo: bom dia, meu amor. Eu nem tinha visto quem era e, por um momento, pensei que fosse você, ou que nada tivesse acontecido e que eu ainda estivesse com ele. Você sabe que eu fico atordoada quando acordo. Então, tomamos café e ele disse que só tinha ido lá pra ver como eu estava, pois estava preocupado por eu estar faltando tanto. Ele disse que tinha anotado toda a matéria pra mim e me ajudaria com as provas. Nesses pouquíssimos dias -3, eu acho- em que ele me ajudou a estudar, eu sem querer mencionei aquela loira que estava com ele, e ele disse que tinha tentado ser feliz com ela. Só tentando. Pra mim, ele estava mesmo feliz quando eu o vi. Mas ele me disse o contrário, e depois disse que eu era a única que ele já tinha amado nesse mundo, que não tinha e nem nunca deixaria de me amar. Eu não acreditava nisso antes e não acredito nisso agora. Mas, na hora, eu estava muito fragilizada e, nós acabamos nos beijando. Durante o beijo, ele disse que eu era a única na vida dele e que ninguém substituiria meu lugar. Me perdoe, de verdade, eu me deixei levar. Eu deixei que ele me beijasse e o beijei também. Eu não fiz isso pra te magoar, muito menos pra me vingar por você ter ficado aí. Me perdoa por não ter respondido nenhuma de suas cartas, eu estava morta de vergonha. Tive que pensar muito, pra começar a escrever essa carta e, mesmo assim, ainda não tenho certeza absoluta se fiz a coisa certa em te contar assim. Pessoalmente seria muito melhor, mas eu não conseguiria me aguentar. Desculpa estar te contando tudo em detalhes assim, é horrível ser traído, mas deve ser pior ainda quando te contam exatamente como você foi traído. Me perdoe por isso, mas eu tive que te contar. Me sinto extremamente humilhada, por ter feito o que eu fiz e, por estar te contando isso. Mas por favor, não se esqueça de que eu te amo muito, nunca, nunca, nunca se esqueça disso.

Por mais que você me odeie, eu te amo.

Espero que ainda me ame também.

Sua pequena.”