Fanfic: O mar, amar...

Acordei novamente sozinha e, adivinhe? Ele não estava lá. Isso já estava me cansando, e aposto que esta te cansando também. A única coisa que sei fazer é dormir esperando que tudo melhore e, acordar pior do que antes.

Vasculhei meu armário, em busca de algo para vestir e, encontrei um casaco dele, por sorte ainda tinha o seu perfume. O coloquei e fui para a praia, sentei na beirada do píer e fiquei olhando as ondas, afinal não tinha nada melhor para fazer. Eu sempre olhava o mar com Luc, mas ficávamos na areia pois ele achava que o píer não tinha graça nenhuma, mas eu amava ficar sentada aqui, olhando as ondas se quebrarem antes mesmo de chegarem na praia. Luc preferia sentar na areia e sentir a água molhando os seus pés, eu sempre achei desconfortável. Areia não é pra mim, o mar muito menos. É imenso e apavorante...

Me lembrei de quando ele tentou me ensinar a surfar, foi um desastre. Eu estava desconfortável com aquele biquíni ridículo que ele tinha comprado pra mim e me faltava equilíbrio para ficar de pé naquela coisa que ele chama prancha. Fiquei olhando para o mar, tentando lembrar de todos os detalhes daquele dia...

Ouvi passos perto de mim e rezei para que fosse ele, mas não era. Um garoto sentou ao meu lado, nem me preocupei em olhar para o rosto dele, continuei apreciando o mar. Mas era inevitável não sentir o seu perfume.

_A vista daqui é linda, não acha?_ Ele se virou pra mim.

Fiz que sim com a cabeça. _Até demais._

_Você parece triste._

É claro que estou triste, mas por que você esta se metendo na minha vida, idiota? Pensei.

_Isso não é da sua conta._ Respirei fundo, não querendo dar um ataque.

_Desculpe-me se fui muito intrometido._ Ele se virou novamente para olhar o mar. _Aceita um cigarro?_

_Eu não fumo, mas pensando bem, me dê um._ Peguei e dei uma tragada, se é assim que se diz.

_Sabe, fumar acalma o coração._ Ele insistia em conversar comigo.

_Acho que vou precisar de mais, então._

Ele forçou um sorriso. _Você não devia chorar._

_Eu tenho os meus motivos e, você pode, por favor, não se meter na minha vida?_

_Claro que sim, me desculpa._ Ele pegou outro cigarro._ Só achei que talvez quisesse desabafar..._

_E eu quero, mas nem te conheço._ Suspirei queimando a ponta do meu cigarro na madeira do píer.

Ele se sentou de frente pra mim. _Meu nome é Gabriel, tenho 17 anos. Sempre venho aqui para olhar o mar e adoro o cheiro da maresia. Sou viciado em cigarro, não sou um alcoólatra mas adoro beber uma cerveja. Tem gente que me chama de malandro, mas não concordo com isso, afinal, nunca roubei nada de ninguém. Sou viciado em café também, mas não tomo tanto assim porque amarela os dentes e, não posso danificar o meu sorriso._ Ele sorriu, e que sorriso lindo. _Hum, deixe-me ver... Gosto de videogame, adoro sair com meus amigos, mas detesto baladas. Não sou gentil e fofo com todas as garotas assim, de cara, sem mesmo conhecer. Não sou daqueles que chegar e fala “Prazer princesa, meu nome é Gabriel mas pode me chamar de Biel” sou mais tarado mesmo, barra pesada._

_Não parece nada barra pesada com esses doces olhos verdes._

Ele sorriu e ficou me olhando por um tempo, sem tirar aquele sorriso babaca do rosto.

_Mas agora, me diga algo sobre você._

_Bom, meu nome é Júlia, tenho 16 anos, nunca fumei, quase nunca bebo, mas as vezes tenho meus ataques, como agora, por exemplo. Não vejo graça nenhuma em jogar videogame, mas gostava quando Luc me deixava ganhar..._ Eu não deveria ter tocado no nome dele, não mesmo, isso me fez lembrar de como minha vida está um lixo.

_Esse Luc era o seu namorado, não é?_

_Sim._ Tentei conter as lágrimas.

_Aquele garoto que foi buscar você no bar, ontem?_

O olhei com os olhos arregalados. _Como sabe disso?_

_Eu estava lá._

_Me sinto envergonhada agora. Eu não sou aquela bêbada louca, não pense isso de mim, por favor._

_Não pensei._ Ele riu de leve. _Ontem, eu não te vi como uma bêbada, te vi como uma garota tentando achar um jeito de esquecer seus problemas._

_Acertou em cheio._

Meu olhos deveriam estar cheios de lágrimas, pois já estava vendo tudo embasado.

_Pode chorar, não fique se controlando._ Sua voz tinha um tom tão aconchegante que eu me senti confortável a ponto de desabar ali na frente.

Deixei que minhas lágrimas caíssem e, mesmo que ele tivesse pena de mim, eu não ligaria. Pensei que talvez ele fosse me abraçar, mas isso geraria uma situação extremamente constrangedora e achei que ele não faria uma coisa dessas. Chorei como uma criança, até que ele se aproximou, levantou meu rosto e secou minhas lágrimas.

_Chega de chorar, pequena._

_Você disse que não era do tipo que chama as garotas assim._

_Mas você é realmente pequena._ Ele riu de leve. _Já chorou o suficiente, não acha?_

_Você diz isso porque não sabe que eu tenho passado todos os dias enfiada no meu quarto, chorando._

_Você não deveria fazer isso, não mesmo. O que quer que esse cara tenha feito, ele não merece suas lágrimas._

_Ele não fez nada, isso é o pior. Se ele tivesse feito algo pelo menos eu sentiria mais raiva do que tristeza, mas ele simplesmente deixou de me amar e disse isso, sem brigas, sem discussões, só disse isso e foi embora. Me deixou chorando._

_Não fique assim. Posso te dar um abraço?_