Fanfics Brasil - Conto 13: O olho Sangue do medo

Fanfic: Sangue do medo | Tema: Lendas urbanas


Capítulo: Conto 13: O olho

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O olho


 


   Marcos não sabia ao certo o que estava irritando seu olho direito, há poucos dias o olho começou a coçar e arder, todos o tranquilizavam dizendo que poderia ser uma simples conjuntivite. Aos poucos o olho foi piorando drasticamente, a visão começou a ficar esbranquiçada. As pessoas começavam a evitar olhar em seus olhos, era agonizante olhar pra ele.


   Os dias passavam e o olho não melhorava. Em uma manhã normal de quarta-feira o olho direito de Marcos já não abria mais, o travesseiro estava encharcado de um liquido amarelado. Ele correu ate o banheiro para limpar o olho que estava coberto de pus seco, causando o fechamento. Depois de lavar o olho, finalmente conseguiu abri-lo, mas algo estava verdadeiramente diferente. A vermelhidão havia desaparecido, ele voltou a enxergar nitidamente. Olhou no relógio que ficava em cima do espelho do banheiro, já estava atrasado para o trabalho.  Arrumou-se o mais rápido possível e antes de abrir a porta que dava para o corredor do prédio, olhou o porta-retratos virado que estava ao lado da TV. A foto era dele bem novo e uma senhora bem obesa que aparentava ter seus 70 anos, era sua maldita mãe. Como odeio essa velha. Pensava Marcos.


   A mãe de Marcos era uma prostituta antes de engravidar dele, quando soube da gravidez tentou abortar, mas não deu certo. Ela nunca gostou de Marcos e ele nunca a suportou. Durante anos o espancava, no fundo achava que sua vida tinha sido arruinada com a chegada dele, até que ele finalmente conseguiu um emprego e saiu de casa. Nunca mais havia ouvido falar dela, até que três anos depois ela voltou lhe pedindo ajuda, estava muito doente, mal conseguia andar, pois seus pés inchavam a cada dia. Ele cuidou dela, até que finalmente ela morreu. Ninguém imaginava, mas ele havia dado uma mãozinha pra que ela se fosse logo.


   Marcos afastou os pensamentos macabros que tinha sobre sua mãe, largou o porta-retratos e correu ate a estação do metro, para sua sorte um metro já estava parado na estação. Ele entrou em um vagão e sentou ao lado de um senhor. Ele aparentava ter seus oitenta anos.


   - Bom dia – Falou Marcos olhando pro senhor, mas algo chamou a atenção dele. O senhor possuía em suas costas um ser avermelhado, parecia uma cabra com olhos amarelos e o corpo vermelho sangue, a criatura lhe deu um breve sorriso, assustando-o e fazendo-o cair.


   - O que houve moço? – Perguntou o senhor assim que Marcos caiu da cadeira.


   Ele piscou, não acreditava no que via. Fechou o olho direito e a criatura tinha sumido, mas ao abrir o olho ele voltava a ver a criatura.


   - Você tá bem? – Perguntou uma moça, ela também possuía uma criatura em volta das suas costas. Marcos percebeu que todos no metro tinham uma criatura que os seguiam. Eram demônios que estavam grudados nas pessoas. Seu olho doente lhe permitiu ter o dom de ver os demônios, era perturbador.


   Atordoado, ele correu até a porta e esperou para descer na estação mais próxima, por sorte era a estação que ele costumava descer para ir para o trabalho. Correu desesperado pela rua. Os demônios não sumiam, estavam em todas as pessoas. Ele então fechou o olho direito e manteve o esquerdo aberto, os demônios haviam sumido. Andou ate o trabalho, trancou-se no banheiro, ele colocou um algodão e passou fita adesiva pra colar no olho doente. Seria aterrorizante ter que olhar o seu próprio demônio.


   Pela primeira vez na vida ele desejou que o tempo passa-se devagar, para não precisar voltar pra solidão da sua casa. Ele se perguntava por que não havia casado. Talvez naquele momento ele poderia voltar e encontrar sua esposa a sua espera com o jantar pronto, ela também poderia tê-lo ajudado naquele momento, mas infelizmente ele não teria isso. Afinal nunca se quer havia namorado.


   As horas inacreditavelmente passaram rápidas e a hora de retornar pra casa havia chegado. Com toda calma, ele voltou para o conforto do seu lar solitário. Meio que de repente, a lembrança de sua mãe lhe dizendo: “Encare seus medos e problemas, seu medroso.” Lhe passou pela cabeça. Em um ato de rebeldia ele foi até o banheiro.


   - Não vou deixar que essa velha miserável diga o que eu devo fazer. – Ele então tirou cuidadosamente a fita e o algodão do olho, manteve-o fechado e aos poucos abriu, ele não viu nada além do seu rosto assustado no espelho.


   - Onde esta você?  - Gritou.


   Mas não havia nada ali.


   Aquela historia toda havia lhe dado dor de cabeça, foi pro quarto e deitou-se na sua fria e macia cama, olhou para o teto e parecia que tudo estava rodando, ele estava zonzo. Uma zoada em baixo da cama lhe chamou a atenção, ele poderia jurar que era a voz da sua mãe chamando-o.  Ele estava assustado, não sabia se deveria ou não olhar em baixo da cama, mas a curiosidade venceu seu medo fazendo-o se abaixar e olhar a assustadora imagem de um ser obeso avermelhado, seu rosto cadavérico e demoníaco era familiar, os pés inchados entregaram a identidade do seu demônio.


   - Bruxa maldita – Gritou enquanto se trancava no banheiro.


  - Abra covarde, sou eu sua mamãe. – A voz rouca ecoou pelo apartamento.


   - Vá embora.


   O demônio surgiu se arrastando no banheiro, ela lhe deu um sorriso sádico. E em um ataque de desespero, ele pegou uma pequena tesoura que usava para cortar suas unhas e enfiou no olho. Com toda a força que tinha ele arrancou pedaços do olho, até que finalmente só restou o vagão. O sangue jorrava incontrolavelmente.


   - Mais uma vez estou livre de você sua bruxa. – Falou enquanto pegava o celular e ligava para o samu.


   Permaneceu sentado até o samu chegar, ele sentia-se ligeiramente feliz por finalmente tudo estar acabado, ate que apagou.


   Quando acordou, pode perceber que estava em um quarto de hospital, ele sentia-se finalmente seguro. Com o olho esquerdo funcionando, ele pode ver ao lado da sua cama uma caixa de chocolates com um pequeno bilhete em cima. Um sorriso meigo surgiu em sua face. Ele pensou que era presente do pessoal do trabalho. Pegou o bilhete cuidadosamente e nele estava escrito com letras garrafais:


   “Não é porque você não pode me ver mais que significa que eu não possa te ver, eu continuo aqui. Beijos da mamãe.”


   Um nó formou-se na sua garganta, em um ato de desespero ele arrancou os equipamentos e com o lençol da cama se enforcou, livrando-se assim de seu perturbador demônio.



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Autor(a): sanguedomedo

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • biacasablancasdeppemidio Postado em 30/01/2013 - 03:40:53

    espíritos confusos é muuuuuuuito boa :)

  • robsten Postado em 18/12/2012 - 21:33:46

    blz...q medo!! da lição de moral...mas po!! nunca mais namoro niguem!

  • glaucia Postado em 09/11/2012 - 22:09:15

    Oiii vc posta muito bem!! Vc viu msm esse espirito?? O.o estrnho....quando eu tinha 10 anos tbm aconteceu isso cmg!! Lol!!

  • lucas690 Postado em 14/10/2012 - 22:58:02

    espiritos confusos ÓTIMA. PARABÉNS

  • lucas690 Postado em 14/10/2012 - 18:27:25

    parabens. c escreve muito bem. posta +

  • lilifoshi Postado em 11/10/2012 - 20:44:02

    poooooosta maiiis, fiqueei curiosa.


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