Fanfic: Uma Princesa de Sonhos - Vondy. (Finalizada)

Chris ficou surpreso com o tom de espanto na voz de Dulce. E feliz. Era bom saber que nem todos acreditavam em uma história daquelas.

— Não é bem isso…

O príncipe caminhou para uma das janelas e contemplou o exterior. Sentia-se pego em uma armadilha feita por ele mesmo.

Dulce era de uma beleza irresistível a qualquer homem de sangue quente. A maioria das mulheres se esforçava tanto para agradá-lo e lhe chamar a atenção que acabavam por aborrecê-lo. Detestava afetações.

Suspirou. Era melhor pensar em outro assunto ou pioraria as coisas.

A presente viagem aos Estados Unidos estava se transformando em uma boa confusão. Parecia que tudo acabava dando errado, e graças à imprensa.

Chris sabia que em breve outro jornal inventaria que estava de casamento marcado com uma atriz por três vezes divorciada.

Quando assumisse o matrimônio, e tudo haveria de acontecer a seu tempo, teria de ser com a mulher que reunisse as características que considerava imprescindíveis para embasar um relacionamento saudável: discrição, honestidade, lealdade, dignidade e retidão de caráter. Beleza seria uma questão à parte, um detalhe perante a grandeza das demais virtudes.

Ninguém em seu círculo de amizades se adequava às suas expectativas. Como poderia fazer Dulce compreender o que se passava nas profundezas de seu íntimo?

Era melhor nem tentar explicar.

— Mesmo se estivesse propenso a me casar com uma prima, ainda assim hesitaria em me comprometer com Anahí. Conhecemos as fraquezas um do outro bem demais.

— Ela é… sua prima?

Chris não furtou-se a um sorriso de triunfo.

— Se pesquisou direito…

— Não tive tempo para me aprofundar. Meu tio Paul viu na Internet que você ia para Paradise Beach.

— Como ele pôde…

— Tem a ver com os colecionadores de selos. Um de seus destinos é uma visita ao presidente da Sociedade de Colecionadores de Selos Uckermann, em Paradise Beach, não é mesmo?

Foi a vez de Dulce de sorrir.

— Está em meu itinerário. A venda de selos a colecionadores é uma significativa fonte de receitas para meu país.

— Vamos voltar a Anahí.

— Ela é filha de um primo de mamãe — Chris respondeu, ao mesmo tempo estranhando a necessidade que sentia em lhe dar explicações. — Brincávamos juntos nas férias. Eu a tenho como irmã mais nova.

— Mas então por que desaprova o namoro da moça com o toureiro?

Chris deu de ombros.

— Porque um casamento entre os dois duraria pouco. Apenas o suficiente para ele se apropriar de toda a fortuna de minha prima.

— É uma afirmação bastante fria. Talvez estejam apaixonados de verdade.

— Acredita que possa dar certo quando…

Um barulho alto o fez parar de falar.

— O que foi isso, Chris?

— Alguma coisa caiu sobre o chalé. Vou dar uma olhada. — Abriu a porta, e uma lufada de vento e chuva invadiu o quarto.

— Não saia! Deve ter sido apenas um galho. — Dulce agarrou-o pelo braço e o obrigou a retroceder.

— Deve ter sido isso mesmo — aquiesceu, fazendo força para conseguir fechar a porta. — A ventania não é forte o bastante para destruir este lugar, ou o dono teria ao menos reforçado as janelas.

Chris não estava convencido disso, mas queria confortá-la. E a si mesmo…

— Molhou-se de novo, Alteza.

Na verdade, a água encharcara o lençol, fazendo-o grudar à pele e revelando

sombras escuras e um inegável e óbvio contorno sob o fino tecido.

— Pois é — Chris murmurou com a testa franzida, e caminhou até o leito.

Seus cabelos castanhos, já quase secos, voltaram a ficar colados à face e ao pescoço, e ressaltavam o rosto, que fazia o quarto parecer, a Chris, tão quente quanto uma sauna.

— Se puder fazer a gentileza de se virar por um momento, senhorita…

— Claro.