Fanfic: Uma Princesa de Sonhos - Vondy. (Finalizada)

Aquilo não podia estar acontecendo. Se Chris fizesse uma matéria para a revista descrevendo o que ocorria naquele momento, mesmo o mais crédulo e sonhador dos leitores duvidaria.

— Já pode se virar agora, Dulce.

Chris havia descartado o lençol branco e pegara outro, amarelo, enrolando-o pelo corpo e prendendo-o sob os braços. Os ombros, magníficos, estavam nus. E eram de tirar o fôlego, constatou ela, de olhos arregalados. Soberbos. Largos, fortes e bronzeados, uma verdadeira escultura. Pêlos escuros se insinuavam e fizeram-na imaginar o caminho que trilhariam seus dedos se resolvessem investigar aonde conduziriam.

Desviou o olhar. Precisava fazê-lo.

Mas, para piorar seu tormento, Chris deu a volta na cama e parou a poucos passos de distância.

— Parece uma enorme galinha — mentiu Dulce, para tentar disfarçar a atração que ameaçava dominá-la.

— Poderia ao menos ter dito "galo". Por que gosta de ser repórter?

— Adoro conversar. O mundo vê os famosos pelas suas realizações. Às vezes surpreendo-me encontrando seres humanos fantásticos por trás das fachadas que usam para se proteger.

— E algumas vezes não?

— Eu poderia lhe contar sobre um guitarrista que…

Então, outro barulho ensurdecedor a fez interromper a sentença. Dulce sentiu-se enregelar, sem saber se deveria correr ou se abrigar sob o leito.

— O que foi isso? — balbuciou, seu terror aumentando quando Chris se aproximou e passou o braço sobre seus ombros trêmulos.

Algo assustador acontecera no lado de fora. Dulce tomou a mais natural das atitudes: correspondeu ao abraço.

— Você ficará bem. Deve ter sido uma árvore que caiu — murmurou o príncipe em voz lenta e confortadora, amparando-lhe o rosto contra o roto lençol que o cobria. O calor de seu corpo passava pelo tecido fino, e a entorpecia. Medo e desejo podiam ser uma combinação letal.

Por que permitia que um desconhecido a abraçasse daquela forma? Que sinais sua aquiescência estaria lhe transmitindo? Talvez interpretasse que ela estivesse lhe dando permissão para ir adiante. Mulheres deviam se jogar a seus pés na esperança de conquistar fama e, quem sabe, o título de realeza.

— Estou bem, Chris — garantiu-lhe, afastando-se. — Deve achar que sou uma medrosa.

— Não — respondeu, com suavidade. — Mas, se está tentando fazer com que eu me sinta corajoso e protetor, está se saindo muito bem.