Fanfic: Uma Princesa de Sonhos - Vondy. (Finalizada)

Dulce pegou sua sacola e de lá tirou um pacote com amendoim. Então, cruzou as pernas sobre a colcha de cetim de seda cor de pérola e passou a saboreá-lo, pensativa. Sentia-se ansiosa, e não era para menos.

Uma coisa era entrevistar pessoas bonitas e bem-sucedidas, outra bem diferente era fingir ser uma delas.

Onde estaria o príncipe? O plano lhe parecera simples quando o haviam discutido, mas, nesse momento, Dulce passava a considerar toda sorte de complicações que poderiam advir.

Como encarar o mundo sentindo-se uma mentirosa? Seria taxada de oportunista?

Suas matérias perderiam credibilidade na época mais importante de sua carreira, quando insistia com mais afinco em estabelecer uma reputação de repórter honesta e ética?

Dizer adeus a Chris já não lhe parecia tão banal como antes. E se passasse a gostar dele como pessoa?

O único remédio imediato para suas dúvidas seria um longo e relaxante banho. Ligou as torneiras da imensa banheira, adicionou à água uma generosa quantidade de sais aromáticos e entrou. Um travesseiro de borracha lhe permitiu apoiar a cabeça e descansar.

O som do telefone perturbou seu sonho. Saiu da água aquecida, ainda com esperança de que o inconveniente desistisse e voltasse a ligar mais tarde.

Só então notou a extensão sobre a bancada da pia. Bastaria ter estendido a mão para atender.

— Alô.

— Eu a acordei?

Era, sem dúvida alguma, a voz de Chris.

— Não, estava no banho.

— Teria algum problema se eu fosse até sua suíte apenas por alguns minutos?

— Claro que não.

— Então, já estou chegando.

Chris nem se despediu. Só então Dulce percebeu que deveria ter lhe pedido algum tempo para se vestir. Mas ouvir a voz grave num momento em que estava sonolenta e lânguida a deixara sem ação.

Era preciso afugentar o pânico. Pegou uma imensa toalha branca e se perdeu na maciez perfumada. A administração do hotel pensara em tudo. Bem à altura de sua mão estava um robe também branco e feito do mesmo tecido absorvente.

Vestiu-o e passou a considerar qual traje usaria enquanto enxugava os artelhos. Entrava no quarto quando ouviu um bater firme na porta. Seu rosto estava corado devido ao calor do banho, e os cabelos lhe caíam pelos ombros em absoluto desarranjo.

Ordenou-se calma, repetindo algumas vezes que se tratava apenas de um acordo de negócios. Foi, ainda descalça, atender, respirou fundo e abriu, sem nem mesmo se preocupar em olhar pelo visor antes.

— Boa noite — Chris saudou-a com um sorriso caloroso.

— Olá.

Dulce deu um passo para trás, encabulada. Chris tinha mesmo um ar principesco, vestido todo de negro. Aparentava certo cansaço, mas estava tão maravilhoso que a deixou sem fala.

— Gostaria de conversar sobre alguns assuntos antes de enfrentarmos a noite de amanhã. — esclareceu-lhe, fechando a porta atrás de si.

Dulce assentiu, lutando contra a vontade de sair correndo daquele lugar estranho e voltar ao aconchego de seu lar.

O homem diante de si não era mais Chris, e sim Christopher Uckermann, um príncipe vestido com um terno especialmente talhado e sapatos de couro alemão legítimo, feitos sob medida.

— Ficou satisfeita com seu guarda-roupa?

— Não muito.

Chris arqueou as sobrancelhas, surpreso por Christian ter falhado em satisfazer os desejos de sua suposta noiva.

— Se quer algo mais…

— Não, não é esse o problema. É que nós iremos viajar, então eu poderia usar um mesmo vestido em cidades diferentes. É um tremendo desperdício gastar tanto…

Chris riu, perturbado e ao mesmo tempo feliz com a natureza prática daquela determinada senhorita de faces rosadas. O robe era grande demais e escondia as curvas de seu corpo. Talvez porque tivesse de usar tanto a imaginação a visse como tão desejável. Como seria bom desatar o nó e saciar a curiosidade que lhe acendia os sentidos com as mais ardentes provocações!

O que tinha na cabeça quando prometeu que não a seduziria? Seus dedos mal se continham.

— Christian poderia devolver o vestido longo preto, Chris. Ficará muito justo, mesmo. E na certa não precisarei de quatro tailleurs.

— Pobre Christian… Você está rejeitando metade do que ele escolheu, e eu o culpei por ser sovina.

— Não posso acreditar!

— Não se preocupe. É meu empregado há mais de metade de minha vida e às vezes nos desentendemos.

— Posso imaginar o porquê. Christian é um bocado… foi muito bom comigo.

Dulce suspirou, decidindo não fazer críticas ao homem de confiança de Sua Alteza.

— Por acaso ia dizer "intimidador"? — Chris voltou a rir. Era a primeira vez que se sentia relaxado naquele dia repleto de formalidades e compromissos sociais. — Não posso acreditar que uma repórter tenha se afligido por causa de Christian.