Fanfic: Uma Princesa de Sonhos - Vondy. (Finalizada)

— E não me afligi mesmo. Na verdade, acho que deveria puni-lo, obrigando-o a comer as refeições que vem pedindo para mim, sem ao menos me consultar. Deve estar tentando diminuir minhas medidas para a noite de amanhã.

— Direi isso a Christian.

— Não! Ele trabalhou duro hoje, e não quero que se sinta ofendido.

Mais uma vez, o príncipe riu. Por que tudo o que Dulce falava o agradava tanto? Era por demais viajado e treinado a decifrar afetação nos gestos das pessoas.

Espontaneidade era algo raro, e muito, muito apreciável.

Por que Dulce tinha esse efeito mágico sobre seu humor? Assemelhava-se à brisa cálida que soprava do lago que ficava atrás do palácio de sua família.

— Eu… sinto muito a respeito do robe. Não estou vestida para receber alguém. — Dulce esboçou um sorriso que poderia ter qualquer interpretação, menos a de um pedido de desculpas.

Afinal, Chris estava invadindo sua privacidade, portanto devia mostrar-se encabulado.

— Tenho um certo itinerário para você amanhã, Dulce, e achei que gostaria de conhecer meu plano, com antecedência, para nossa primeira aparição em público.

— Sim, por favor.

Chris desceu o olhar pelo corpo feminino, embora oculto, e se deliciou com os delicados pés nus. Ainda estavam avermelhados devido ao banho. Sentiu uma leve fragrância de jasmim.

— Não perguntei a Christian sobre perfumes. Encontrou algum de seu gosto?

— Não precisa me dar nenhum. Trouxe um vidro do meu preferido. Chama-se Waterlily.

— Não estou familiarizado com esse nome. Terá oportunidade de selecionar alguns amanhã. Um recado de Christian: ele pediu que a acordassem às seis horas para um dia de cuidados com o corpo. Teremos de deixar o hotel amanhã às sete e quarenta da noite. Nossa estréia será informal. Um de seus vestidos curtos de noite estará apropriado.

— E quanto a todas aquelas roupas…

— Como você, uma repórter, pode se esquecer da imprensa?

— Fotografias? — balbuciou, parecendo encolher, tal sua apreensão.

— Fotografias — ele repetiu, brindando-a com um sorriso. — Durma bem, meu amor.

Dulce apoiou-se contra a porta fechada depois que Chris partiu, ponderando o significado das palavras de despedida. Decerto estivera apenas praticando para tratá-la como noiva no dia seguinte. Mesmo assim, foi inevitável sentir-se perturbada.

Dulce dormiu bem… mas apenas das três às seis da manhã. Até conseguir adormecer, ficara pensando nas emoções que o dia seguinte lhe reservava. Pesava as duas opções: se deveria sumir na calada da noite ou abrir o jogo com Chris e dizer que mudara de idéia.

Mas não fez nenhuma das duas coisas. Tinham um acordo, e ela era uma mulher de palavra. Estava presa.

Por sorte, Christian não resolveu supervisionar sua produção. Apareceu às sete para acompanhá-la até a "sala de torturas" para mulheres. Ou, como o Hotel Harmonia denominava, o SPA.

Lá Christian se dirigiu à Srta. Ángel, que prometeu tratá-la como ninguém. Como Dulce achava que ser bem tratada era dormir até meio-dia e então comer pizza fria com refrigerante, acabaram por ter pouco assunto para conversar.

Conseguiu cochilar um pouco durante algumas das atividades exóticas, como o banho a vapor com aroma de eucalipto e a máscara de ervas por todo o corpo. Já durante a sessão de alongamento e aeróbica foi impossível. E a massagista Olga logo a fez sentir saudade de Christian. Pelo menos ele não a tratava como se fosse massa de pão.

Escoltada de uma sessão para outra, Dulce apenas observava com o canto dos olhos o ambiente freqüentado por ricos e famosos, todos com a mesma túnica rosa que lhe vestiram. Entusiasmadas esteticistas repetiam-lhe a toda hora que sua pele ficaria macia como seda.

Após um almoço que fez a refeição pedida por Christian ter parecido um banquete suntuoso, foi levada ao andar superior do hotel, onde havia uma área para banho de sol. Lá ficou, a fim de tomar ar, vestindo apenas pedaços de papel rosa e uma toalha.

Nessa parte do SPA, as clientes se mantinham lado a lado. Dulce reconheceu a ex-esposa de um milionário americano e uma estrela de ópera. As mulheres se bronzeavam quase nuas, sem se importar umas com as outras.

O céu estava com um límpido tom de azul. Logo, o silêncio foi rompido pelo barulho inconfundível de um helicóptero. Devia ser a última moda em passeios aéreos: observar as senhoras e senhoritas despidas logo abaixo.

Dulce recusou-se a dar a toalha para uma das esteticistas e passou a ser a única a ter algo sobre o corpo. Não queria ficar sem roupa diante de pessoas estranhas.

O cabeleireiro era o Sr. Tómas. Como trabalhava bem! Hidratou e arrumou os fios com a precisão de um especialista. Um maquiador de igual talento fez a pintura cumprir a função de realçar sua beleza natural. O resultado foi impressionante.

Quando por fim foi considerada pronta pela equipe, suas unhas estavam esmaltadas, e a pele, macia e cuidada. Sentia-se radiante.