Fanfic: Uma Princesa de Sonhos - Vondy. (Finalizada)

Sua roupa estava estendida sobre a colcha da cama em seu quarto. Era um vestido preto, que lhe deixava as costas à mostra, de mangas compridas e saia um pouco curta. Dulce ficou sem graça ao observar que Christian expusera todas as peças, inclusive o sutiã especial para ficar devidamente escondido, apesar do profundo decote. Perto da cabeceira encontrava-se a bolsa, as meias e uma caixa com os sapatos.

A calcinha fora esquecida de propósito, ao que parecia, já que o competente criado sempre atentava a todos os detalhes. Talvez achasse vulgar que os contornos da peça ficassem perceptíveis sob o vestido justo e preferisse que ela não a usasse.

Dulce suspirou e passou a vasculhar as gavetas até achar suas novas roupas debaixo dobradas com militar precisão. Havia coisas que ninguém podia decidir pelo outro, e essa era uma delas.

Ficou pronta logo, mas não conseguiu permanecer parada.

Bateram à porta. Três toques precisos e calmos. Após contar até dez para não revelar nervosismo, aproximou-se e a abriu.

Chris estava em pé no corredor, o rosto solene e silencioso, elegante em um terno cinza.

Dulce falou a primeira coisa que lhe veio à cabeça:

— Nossa, nossos trajes combinam direitinho…

O príncipe a estudou da cabeça aos pés, sorrindo ao notar que o detalhe da bolsa dela era da exata tonalidade de sua gravata.

— Christian tem mesmo muita habilidade na escolha de cores. — Mandou o orgulho às favas e ergueu a barra da calça para lhe mostrar a cor das meias, idêntica à que ela usava.

Dulce riu, um som delicado e envolvente a alegrar o sisudo hall.

— Está deslumbrante, Srta. Saviñón — elogiou-a, tomando-lhe a mão e beijando-lhe os dedos.

— Já nem mais sei ao certo quem sou, tantas foram as pessoas a trabalhar em meu corpo hoje.

— Eu cuidarei de sempre fazê-la recordar-se. Está linda esta noite, mas não tanto quanto na primeira vez em que a vi, em pé, sob a chuva.

— Vossa Alteza está me tirando o fôlego…

— Se me chamar de algo diferente de Chris, estará ferindo meus direitos reais e será punida.

— Acho que se encontra fora de sua jurisdição, mas prometo obedecer.

Os olhos de Dulce brilhavam como estrelas, e Chris bem sabia não tratar-se de milagre da cosmética. Talvez pela primeira vez em sua vida ele desejasse ter a força real de um déspota. Havia coisas que queria fazer com aquela americana que desbravariam as mais ousadas fronteiras do prazer.

— Sou um hóspede em seu país — disse o príncipe, oferecendo-lhe o braço. — Prometo dedicar-me a observar suas leis e tradições.

— Isso é encorajador. Vamos?

Chris não lamentou pela demora do elevador. Queria prolongar aqueles momentos ao máximo.

Ao chegarem ao hall, caminharam em silêncio. Após um dia de incessantes conversações, era bom se encontrar ao lado de alguém que não se sentia na obrigação de preencher cada instante com falatórios. Estar com Dulce fazia-o recompor as energias e ficar tranqüilo.

Dulce era uma mulher incomum. Ninguém duvidaria tratar-se da noiva de um príncipe. Anahí lhe fizera um grande favor ao se envolver com o toureiro, e o destino lhe sorrira ao impeli-lo a ler o que estava escrito no adesivo de um certo conversível…

Os paparazzi, aquelas pessoas que tinham como trabalho investigar a vida e fotografar ricos e famosos, estavam a postos na rua, do lado de fora da mansão onde o Sr. e a Sra. Charles Braeworthy aguardavam para apresentar o príncipe a seus amigos e parceiros de negócios em um jantar.

Chris tomou lugar como motorista. Estavam sendo seguidos por outro carro conduzido por Eddy e mais um guarda-costas, cujo nome Dulce desconhecia.

Ela estava no banco de trás a pouca distância de Chris.

— Seus colegas estão me esperando — provocou o príncipe, apreciando o fato de Dulce ser também alvo do assédio dos repórteres.

— Tenho certeza de que a maior parte é da imprensa local. De qualquer forma, a Celebrity tem outra maneira de trabalhar: só faz entrevistas com hora marcada. Temo que você seja manchete de primeira página apenas em Paradise Beach e nos tablóides.

— Procure caminhar com rapidez — foi a resposta que recebeu.

Dulce levantou o queixo e o fitou, desafiadora. Não estava disposta a se mostrar intimidada pela multidão de fotógrafos e repórteres que via pela janela do carro.

O seda circundou uma pequenina praça, sempre seguido pelos veículos da imprensa ou mesmo fotógrafos a pé. Parou defronte a uma porta majestosa.

Dulce teve a nítida impressão de tudo ter passado a acontecer em câmera lenta a partir do instante em que Christian abriu a porta e lhe ofereceu a mão para ajudá-la a descer.

Chris se moveu com agilidade, juntando-se a ela na calçada e amparando-a quando a tempestade de flashes começou. Dulce esperara que o príncipe fosse apenas segurá-la pelo braço e levá-la para dentro da casa. Em vez disso, porém, segurou-a pelos ombros e colou sua boca a seus lábios muito bem maquiados.

Dulce viu estrelas cintilarem, mas ignorava sua origem. Seriam mesmo celestes, oriundas das câmeras incessantes ou haviam sido criadas por sua própria mente? Teve de usar todo seu autocontrole para evitar levar a mão aos lábios ainda ardentes de emoção.

Chris a segurou pela cintura, um pouco mais abaixo do que seria conveniente, e, gentil, aproximou-a da imponente porta. Mas para isso foi necessário que a beliscasse de leve, a fim de fazê-la despertar do transe.