Fanfic: Uma Princesa de Sonhos - Vondy. (Finalizada)

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Seria mais prudente parar em algum motel até que a tormenta amainasse, mas não poderia se dar a tal luxo. O príncipe era famoso por sempre estar em movimento, por isso sumira sua vista antes que ela pudesse elaborar uma estratégia para abordá-lo.

— Se contar sua versão dos fatos para um repórter ético — começou a falar, treinando para quando estivesse face a face com Christopher —, isto poderá calar rumores infundados que circulam no meio.

Mas era preciso adiar o ensaio. Havia um problema mais imediato a ser resolvido. Os faróis do carro à sua frente haviam desaparecido, ocultados pela cortina de água. Leigh diminuiu um pouco a velocidade, temerosa de bater no automóvel da frente ou de ser atingida pelo de trás.

O trânsito se tornava cada vez mais moroso até quase parar. As luzes vermelhas dos faróis indicavam que os carros deixavam a auto-estrada. Um policial gesticulava freneticamente para que todos tomassem a pista da direita.

Avessa à obediência cega, Dulce desceu um pouco o vidro e gritou para o oficial:

O senso de direção de Dulce era tão bom quanto a desastrosa previsão meteorológica, então achou por bem seguir o veículo que ia adiante, rezando para que o motorista achasse uma rota alternativa para o norte. Ela com certeza a desconhecia, e não havia acostamento para lhe dar chance de olhar no mapa.

Com o passar das horas, os automóveis foram rareando, fruto de opções por supostos atalhos e desvios, mas Dulce achou mais prudente ficar no veio principal. Ao que parecia, aquela era uma estrada vicinal, negligenciada depois da construção da mais moderna.

Já não se vislumbrava nenhum automóvel nas proximidades, mas Dulce achou sensato continuar prosseguindo em baixa velocidade.

De súbito, algo imenso e negro passou a seu lado esquerdo, jogando uma imensidão de água sobre seu carro. O pequeno veículo pareceu dançar na pista. Logo foi possível avistar as luzes do sedan que nesse momento já se postava à frente. E então o veículo pequeno de Dulce derrapou na pista.

— Mas que droga!

Christopher viu o carro que acabara de jogar para fora da estrada, e por instantes, achou que fosse haver capotamento.

Parou o sedan alugado em uma clareira e acendeu o pisca-alerta. Saindo para a chuva, ficou aliviado ao perceber que o motorista não perdera o controle. O conversível, entretanto, estava atolado na lama.

Havia cometido um erro que por pouco não se convertera em tragédia. Não poderia deixar a vítima sozinha naquela estrada deserta.

Havia chegado tão perto para tentar ler o que estava escrito no vidro traseiro do carro que a parca distância o forçara à ultrapassagem. Jamais se andava tão devagar em uma rodovia.

E a culpa toda era dos americanos e de sua mania de colocar mensagens nos veículos. A daquele, por exemplo, era irônica: "Meu outro carro é uma limusine".

Pois essa mensagem resultara em outro atraso em seus planos. O que mais poderia dar errado nessa viagem?!

A recusa de Anahí ainda o magoava. Ela lhe havia prometido ser fiel dessa vez, mas não adiantara. Sua distante prima americana nada mudara desde as brincadeiras pueris de infância. E os genitores da moça, apesar de tão preocupados com tudo, falhavam em lhe dar amor.

Seus próprios pais, por sorte, lhe deram muito afeto. Chris ainda sentia falta da mãe, falecida havia sete anos, quando ele contava vinte e cinco. Às vezes desejava que seu pai voltasse a se casar, em vez de se incomodar tanto com a condição de solteiro do filho.

Chegando ao lado do conversível, Chris tentou falar para oferecer ajuda, mas nem teve chance de pronunciar a primeira palavra.

— Seu idiota! Jogou-me para fora da estrada! Olhe só para isto!

A motorista saiu do veículo e passou a indicar os pneus afundados na lama.

Chris sabia que uma resposta racional seria sua melhor defesa, mas tudo o que pôde fazer foi contemplar a jovem, que parecia prestes a matá-lo.

Nunca vira um rosto tão lindo. Os cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo e colados à cabeça por causa da chuva. Ela não precisava de cuidados em um salão de beleza para ganhar a ilusão de formosura. Possuía um esplendor próprio, especial: estrutura óssea elegante e longos cílios a emoldurar os olhos castanhos. O nariz era reto e perfeito, um pouco maior do que os pequeninos apreciados pelos americanos, bem a seu gosto.

Quando Dulce deu um passo em sua direção para continuar o protesto indignado, dava para se mergulhar nos olhos cor de avelã e observar melhor os lábios cheios e sensuais.

Por que se importava tanto com a opinião daquela estranha?

Chris caminhou ao redor do automóvel, fingindo considerar uma possibilidade que na realidade não existia.