Fanfic: Uma Princesa de Sonhos - Vondy. (Finalizada)

Não seria capaz de faltar com a verdade. Flagrara-o em um momento de terna compaixão e não macularia a imagem bela que guardara na mente com mentiras.

Abraçou o próprio corpo à espera do pior, mas Chris se abaixou para que pudessem se fitar. Dulce pediu licença e desceu. Não queria que a julgasse uma repórter sem escrúpulos.

O príncipe a amparou pelo cotovelo. Dessa vez, ergueu-lhe o pé descalço. Acariciou-o, como a relutar em deixar a maciez. Então calçou-lhe o sapato, com todo o cuidado.

Dulce permaneceu estática e, quando ele se levantou, percebeu que algo além da gentileza o movera a ajoelhar-se.

— Seu sapato de cristal.

Chris queria falar alguma coisa para quebrar a tensão sexual que se estabelecera, mas já não era senhor de seus sentidos para ousar tanto. O desejo de descobrir os contornos do corpo feminino o dominava.

A voz dela pareceu vir de outra dimensão ao murmurar um agradecimento.

— Eu o vi lendo, Chris. Foi tão… doce. Perdoa-me por tê-lo seguido?

— Está perdoada. — Pegou-lhe a mão e levou-a aos lábios, mas, como não desejava um pedaço de pano e sim o veludo natural de sua pele, tirou a luva com delicadeza e beijou cada centímetro.

— A orquestra está esperando por nós. Vamos — murmurou com voz rouca, mas para ele a música já havia começado.

E para Dulce, nunca houvera noite tão perfeita. Estava tão embasbacada pelo homem a seu lado que pouco se deslumbrou com as luzes do grande salão de festas do Hotel Camelot.

Mulheres vestidas de dourado e prateado, elegantes ou exageradas, pareciam flutuar nos braços de seus cavalheiros, mas Dulce descobriu o correto sentido de só ter olhos para uma pessoa.

— Você é a mulher mais linda que já vi em toda minha vida — disse-lhe o príncipe.

E, nesse momento reluzente, Dulce acreditou em suas palavras. Chris pediu desculpas a todos pelo atraso, mas ninguém parecia aborrecido. O casal foi rodeado por sorrisos e palavras de encantamento dos presentes e logo todos vestiram suas máscaras douradas e prateadas para o início oficial da festa.

A orquestra esperara mesmo pela chegada do príncipe Christopher e sua noiva para dar início às danças. Foram deixados sozinhos no centro do salão quando o maestro deu sinal para que os primeiros acordes soassem.

Dulce havia quatro dias vinha se preocupando, temendo não ser graciosa o bastante, nem ter ritmo adequado para bailar com um príncipe. Aprendera uns poucos passos durante o colegial nas aulas de educação física. Tudo o mais que sabia a esse respeito baseava-se em seu instinto e senso de observação. Era uma valsa. Dulce fechou os olhos e deixou a música invadir seu corpo, sua alma. E então viu-se nos braços de Chris e se abandonou à delícia de ser conduzida, como as folhas de um coqueiro ao sabor da brisa de verão.