Capítulo 2 - Droga de celular!
Novembro, 2010.
Anna`s POV
Eu ainda estava dormindo confortavelmente na minha cama quando escutei um barulho longe: “Cold, you’re so cold, You’re so cold, you’re so cooold...”. O barulho que parecia distante foi ficando cada vez mais perto e alto. Irritantemente alto. Conheço essa música, é a música do Strokes– pensava ainda de olhos fechados. Quando decidi abrir os olhos, já irritada, observei uma luz azul que se destacava no móvel de cabeceira.
– Droga de celular!! – gritei enquanto esticava a mão para pegar o aparelho.
– Oi – falei bocejando em seguida – O que quer de mim?
– Bom dia pra você também querida! – uma voz irônica respondia do outro lado da linha.
– Hã? O quê? Nick? – passava as mãos pelos cabelos, jogando-os para trás.
– Anna, acorda. Tá na hora. Temos que conversar. Reunião de trabalho. Tenho novidades – disparava um animado Nick – Vamos almoçar juntos?
- Novidades? Espero que sejam boas mesmo...
– Fique tranquila. Te encontro daqui a 1 hora no restaurante de sempre. Ok?
– Ok. Até mais tarde.
Dei um último suspiro, como se estivesse tentando achar forças para levantar da cama. A after party de The Dark Side, na noite passada, tinha sido muito agitada, regada a muito champanhe e badalação. Eu aproveitei bastante, pois foi a última premiére do filme. Bebi e dancei junto com meu co-star Shia LaBeouf, famoso por seu papel em Transformes e Paranóia.
Levantei da cama e fui tomar um banho para espantar a ressaca. Vesti a primeira roupa que encontrei no guarda-roupa: uma calça azul skiny, uma camisa soltinha branca com estampas vermelhas e uma sapatilha preta.
– Oi Nick, tudo bem? – falei dando um beijinho na cabeça dele.
– Tudo ótimo, querida.
– Qual a novidade? - disse retirando os óculos do rosto e colocando-os em cima da mesa junto com o meu celular. Aproveitei para fazer um coque alto no cabelo comprido.
– A editora da Vanity Fair me telefonou esta manhã. Eles estão interessados em fazer uma entrevista e sessão de fotos com você, tudo isso pra capa de janeiro. Não é uma boa? – sorriu.
– Legal, quer dizer só tenho que conseguir encaixar na minha agenda...
–Não se preocupe querida. Acho que vai ser uma boa, pois eles vão focar um pouco no filme e ai já serve como divulgação de qualquer maneira, né?
–É verdade, mas qual a temática da matéria? Quero dizer, qual o direcionamento da pauta? Não é pra saber se estou saindo com fulano e sicrano não, é? – disparava com um semblante preocupado e torcendo a boca.
– Não se preocupe isso será esclarecido previamente. Deixa que disso eu cuido. Ela me adiantou que será uma capa falando sobre os jovens atores que deverão bombar ainda mais em 2010, que são considerados os novos rostos de Hollywood e que conquistaram a América, entendeu?
–Perai, só não estou entendendo uma coisinha... Porque você usou as palavras no plural? Atores? – mostrei-me surpresa.
–Hum, esqueci de avisar, a capa será Anna Morales e Robert Pattinson – explicava fazendo gestos com a mão no ar, como se estivesse visualizando uma notícia – Vocês vão fazer um ensaio fotográfico e entrevistas juntos. Vocês dois foram escolhidos como as promessas de 2010 – concluiu.
– Robert Pattinson... Acho que vai ser legal – dei de ombros e fui comer.
Robert (POV)
Minha vida se resumia nos últimas semanas a entrevistas, viagens, histeria, autógrafos, quartos de hotel. As viagens de divulgação de Lua Nova foram exaustivas, mas também divertidas. É um sentimento contraditório, porque ao mesmo tempo em que me sinto como se tivessem sugado toda minha energia, fico feliz e com mais energia para fazer bem meu trabalho, ao perceber o carinho, admiração e reconhecimento que o público tem por mim. É muito bom saber que meu trabalho é reconhecido por milhares de pessoas, isso é sem dúvida gratificante.
Eu tinha acabado de chegar de uma premiére no México. Estava muito cansado. Dei a mim mesmo o direito de ficar de bobeira, podendo dormir até mais tarde e sem fazer nada, pelo menos nesse dia. E foi isso que fiz. Aproveitei para tocar um pouco de violão, só pra relaxar. E lá estava eu, tocando meu violão só de cueca. Isso me fez tão bem.
O celular tocou. Droga de celular! - resmunguei em pensamento.
– Robert as suas ordens – respondi ironicamente.
- Entrevista? Vanity Fair? Quando? – indaguei minha empresária.
–Acho que eu não tenho escolha, não é? – ironizei mais uma vez só pra deixá-la com raiva.
-Quemmmm? – falei bem alto.
– Anna Morales? Sei quem é... – falei dando um meio sorriso nos lábios ao mesmo tempo em que mexia nos cabelos.
Desliguei o celular e voltei a tocar meu violão. Enquanto tocava, lembrava daquela entrevista que tinha assistido da Anna e de como o jeito dela tinha me chamado atenção. Na teoria ela parecia ser bem legal, restava saber se na prática era isso mesmo.