Fanfic: Nye Frelse

Eu me controlo. Não dependo de ninguém, mas viver essa independência é impossível dentro da cúpula.

O império instalou a cúpula em volta de toda a cidade depois do “Grande Começo”, que não passa do pseudo fim de uma grande guerra. Foi algo imediato, quando estavam todos sem casa e desesperados montaram as cidades em vários pontos, protegidas pelas paredes de vidro. Poderiam impor qualquer coisa para as pessoas, elas aceitariam em troca de um lar e proteção. Então aceitaram ser chipados como cachorros, aceitaram sua nova identidade, por “proteção”, e aceitaram até o toque de recolher.

Alimento entra na cidade por trem, algumas cidades ainda tem agricultura, mas numa cidade pequena como Nye Frelse, a que vivo, produzimos pequenos aparelhos eletrônicos que ajudam o império a controlar todos nós, que vivemos aqui dentro ou em qualquer outra cúpula.

Os trens circulam por todas as cidades, levando o que cada uma produz para as outras, é o único jeito de entrar ou sair, e talvez seja estranho querer sair, mas há gente lá fora. Gente livre de verdade que tenta nos livrar desse sistema inescrupuloso todos os dias, só não vê quem não quer. Tentei fugir três vezes, me machuquei em duas tive de desistir, e em outra quase fui pega, um ataque havia acontecido e então tive de voltar pra casa. Foi quando conheci Marcus, “líder” da rebeldia, ele me ajudou a escapar dos guardas e sei que vai me ajudar a sair da cúpula. É questão de estar no lugar certo da próxima vez.

É nove da noite, ninguém mais nas ruas. O horário de tolerância após o toque de recolher foi esgotado há meia hora, significa que é hora de eu sair. É a primeira vez que vou num desses encontros secretos, vou encontrar o grupo num saguão, próximo a fábrica de celulares.

O saguão na verdade é uma garagem de um prédio residencial em construção. Coloquei uma roupa confortável, não teria que andar muito. Peguei o panfleto amassado no fundo do meu armário, ele era um código, se o decifrei corretamente vou chegar ao lugar marcado rápido.