Fanfic: PROPOSTA INDECENTE [TERMINADA] | Tema: Rebelde

 Christopher Uckerman, do time principal de futebol de salão da escola, encontrava-se naquele momento numa situação delicada. A sua frente, a ríspida secretária da escola dava-lhe um ultimato:
- Sabe muito bem o que isso significa, Christopher. Se não pagar suas mensalidades, terá que deixar a escola...
- Mas o treinador disse que...
- O treinador propôs isenção de taxas aos jogadores do time, mas a diretoria recusou. Se fôssemos dar isenção aos jogadores dos diversos times da escola não teríamos renda alguma. Concorda que isso seria desastroso para nós, não?
- Sim, mas eu não estou em condições de... A sra. Cardeal, a secretária, olhou pela janela. Estacionado junto à calçada, o fusca especialmente adaptado, pertencente a  Christopher, reluzia seus cromados ao sol. Era um carro antigo, dos anos sessenta, pacientemente restaurado pelo rapaz, garimpando ferros-velhos ao longo de dois anos.
- Creio que aquele seu carro vale uns dois mil, dois mil e quinhentos reais, Christopher. O bastante para pagar suas mensalidades durante todo o curso, além das taxas para o vestibular.
- Ganhei aquele carro numa aposta - protestou o rapaz - mas levei dois anos, sozinho, reformando-o, até deixar como está.
- E que melhor uso poderia dar a ele agora?
- Não pode me pedir isso.
- É uma escolha que terá de fazer, Christopher. Se quiser estudar, vai ter que abrir mão de seu carro. É o único jeito.
O rapaz mordeu os lábios, contendo sua vontade de proferir alguns palavrões. Suas mãos se crisparam demonstrando toda sua irritação. Compreendia sua situação e se sentia impotente para enfrentá-la. No fim das contas, não tinha mesmo outra alternativa além daquela. O carro era seu único bem.
- Está bem, vou decidir o que fazer. Acho que tenho alguns dias de prazo ainda, não? - disse ele, saindo apressadamente.
Quando entrou no carro, o treinador do time de futebol de salão o chamou. Chritopher ligou o carro e aguardou. - Já esteve lá? - indagou Valter Veloso, o treinador, entrando pela outra porta do carro.
- Sim, foi uma grande sujeira.
- Eu tentei de tudo. Você sabe que eu tentei.
- Sei disso. Agora só me resta vender o carro ou então arrumar um emprego. Se fizer isso, não poderei estudar. Estou numa enrascada terrível. Não tenho de onde tirar esse dinheiro.
- Vejo que está muito nervoso. Venha comigo. Vou pagar-lhe uma cerveja lá no Lan-cheese.
-  Não tenho vontade. Além disso, as regras dizem que...
-  Ao diabo com as regras. Estamos num momento especial, já que você corre o risco de ser expulso da escola.
-   Está bem, vamos - concordou ele, desligando o carro.
A entrada de Christopher e Valter na lanchonete foi recebida com o girar de cabeças femininas. Ambos eram altos e de ombros largos. Valter tinha cabelos encaracolados e rebeldes, olhos cinzentos e profundos, além de uma figura que exalava vitalidade por todos os poros. Christopher, com seus cabelos lisos e  pouco comprido, seus olhos claros, sua figura máscula, foi responsável por muitos suspiros contidos. Ambos ocuparam uma pequena mesa ao lado daquela ocupada por Anahi e suas amigas. Christopher, perdido em suas preocupações, sentou-se rapidamente, permanecendo de cabeça baixa. Apenas a levantou quando o garçom trouxe as cervejas.
-  Muito bem, Christopher. Vamos ver o que poderemos fazer.
-  Não há nada, Valter. Já andei pensando em algumas coisas, mas todas me parecem impossíveis.
-  Poderemos realizar um jogo contra alguma equipe de uma das cidades vizinhas. A renda poderia ser usada...
- E os outros jogadores? Não seria justo com eles.
- Eu falarei com todos, eles compreenderão.
-  Esquece que eles também estão no mesmo caso que eu? A renda mal dará para pagarmos as mensalidades de um de nós. Não é uma boa solução, Valter.
-  Está certo. De quanto você dispõe? Posso emprestar o restante. Tenho algumas economias e não vou precisar delas agora.
-  Não disponho de nada. Meus pais são pequenos agricultores no interior do Estado e minha mesada mal dá para a minha subsistência. Eu contava com uma bolsa de estudos, quando entrei na escola, mas não a consegui. Havia outros em pior situação que eu.
-  Diabos! - exclamou Valter, com irritação, esmurrando a mesa.
- Fico revoltado quando uma coisa dessas acontece.
- Acalme-se! - recomendou Christopher, notando que os outros os observavam, surpresos com a atitude do professor, sempre muito calmo e muinto ponderado em suas ações.
- Não posso ver você sair do time. É um dos meus jogadores principais. Estamos chegando nas finais do torneio escolar. O título está em nossas mãos e isso é importante para mim. Estou sendo sondado para ser o técnico da seleção da cidade, nos próximos Jogos Abertos. É minha chance de me destacar. Não posso perdê-la.
- Eu tenho uma solução.
- Qual é?
- Posso vender meu carro.
- Você teria coragem de fazer isso?
- É o único modo. Ele só me dá despesas mesmo. Com o dinheiro eu poderia pagar as mensalidades do ano todo e ainda me sobraria algum para o vestibular.
- Mas eu sei o quanto aquele carro significa para você. Foi ganho na melhor aposta de toda a cidade durante o campeonato. Você lutou como um louco na quadra para vencermos aquela partida, merece ficar com o carro definitivamente.
- Ficar com ele significa minha saída da escola.
-  Sei disso, mas não faça nada por enquanto. Tentarei pressionar um pouco mais o diretor da escola, talvez consiga algum resultado. Vencer o torneio é importante para a escola também.
- É inútil, eles não cederão.
- Não custa tentar mais uma vez. Você vai ficar? -perguntou Valter, terminado seu copo de bebida. - Sim, quero pensar um pouco. Além disso, ainda não terminei a cerveja. Preciso espairecer também.
- Está bem, eu o vejo à tarde no treinamento.
- Certo, estarei lá sem falta - garantiu Christopher. Valter saiu, deixando Christopher sozinho com seus
pensamentos. Na mesa ao lado, Anahi e Maite se levantaram para sair. Dulce deu uma desculpa qualquer e permaneceu sentada. Quando as amigas se afastaram. Dulce hesitou por alguns instantes, demonstrando muito nervosismo, depois passou rapidamente para a mesa ocupada por Cristopher, surpreendendo-o.