Fanfic: PROPOSTA INDECENTE [TERMINADA] | Tema: Rebelde

-  Escute, Christopher, não pude deixar de ouvir sua conversa com Valter, você está em apuros com as mensalidades, não?
Christopher abaixou a cabeça, após encará-la por algum tempo. Eram da mesma classe, mas Christopher apenas a conhecia de vista. Dulce era a mais inteligente da turma, sempre com boas notas e recebendo distinção em todas as matérias.
Aceitou o interesse dela com simpatia, no entanto. Naquele momento, precisava de alguém com quem conversar e desabafar seus problemas. Alguém de sua idade, de seu meio.
-  Sim, as mensalidade atrasadas e não tenho nenhum dinheiro, só meu carro. Estou devendo mil e quinhentos reais.
- Mil e quinhentos? Só isso?
Tomás a olhou com surpresa. Mil e quinhentos reais para ele, era o dinheiro de cinco mesadas. Não sabia, porém, o que aquilo poderia significar para ela.
- Você é rica?
-  Meu pai tem uma construtora, faz prédios. Mil e quinhentos reais é menos do que a minha mesada. Gasto mais do que isso em roupas e diversão todo mês. Tenho meu próprio cartão de crédito e quem paga a conta é a empresa do meu pai, só para ter uma ideia.
-    Sorte sua - respondeu ele, achando profundamente antipática aquela observação, sem interesse em continuar a conversa.
Terminou rapidamente sua cerveja e já ia se levantar. Dulce precisou reunir toda a sua coragem para estender a mão e segurá-lo pelo braço. Ele parou, olhando-a sem entender.
- Não vá ainda, talvez eu possa ajudá-lo. Christopher olhou para ela, irritado. Em que ela poderia
ajudá-lo? Notou, porém, que DUlce parecia ser sincera e ter uma proposta importante a lhe fazer. Em sua situação, ele não se encontrava em condições de desprezar toda e qualquer ajuda possível.
Sentou-se. Dulce ainda o segurava pelo braço. Ele olhou para aquela mão fina e delicada e depois para o rosto dela. A moça retirou a mão apressadamente.
- Como você me poderia ajudar?
- Desde que você me ajudasse em troca.
- Não entendi. Está propondo uma troca? Em que posso ajudá-la? Nos estudos você é a mais "inteligente" de todas. Deve passar de ano com a terceira nota, não?
- Não tem nada a ver com os estudos. Nisso estou muito bem. Acontece que sábado haverá o baile anual da primavera e eu preciso conseguir alguém para me acompanhar - disse ela, abaixando a cabeça como se estivesse envergonhada.
Seu rosto se tornou vermelho e sua voz tremeu ligeiramente. Seu coração, no entanto, parecia querer sair-lhe pela garganta, tal o esforço que fizera para dizer aquilo. Christopher a olhava surpreso, ainda sem entender aonde ela pretendia chegar. Havia uma interrogação e muita curiosidade em seu olhar.
- Entendeu o que eu quis dizer? - indagou Dulce.
-  Sinceramente, não consegui captar todo o sentido da coisa.
- Quer me acompanhar ao baile? Quer ser o meu par?
Christopher ficou perplexo, depois começou a rir. Um riso nervoso, de desabafo, que fez Dulce encolher-se toda em sua cadeira, terrivelmente humilhada. -  Você é um grosso! - exclamou a garota, levantando-se abruptamente, incapaz de esconder as emoções e sua humilhação. Desta vez foi Christopher que a segurou pelo braço. Aquela pressão firme fez Dulce estremecer, tomada de súbita emoção. Uma sensação estranha e indefinida passou pelo seu corpo, arrepiando-a. Ela se sentou, submissa, de cabeça baixa. Lágrimas enchiam seus olhos, dando-lhes um brilho triste e terno .
- Desculpe-me, não estava rindo de você. Eu não estava preparado e posso dizer que sua proposta foi, no mínimo, ...
- Absurda? - cortou-o ela.
- Não, eu não quis dizer isso. Eu apenas não esperava uma coisa dessas assim de repente. Fiquei sem fala e sem reação. Pode me desculpar por isso? - insistiu ele.
Ela levantou os olhos molhados, sondando-o. Christopher estava sendo sincero. Podia sentir isso em seu olhar e em sua expressão.
- Está bem, aceito suas desculpas.
-  Muito bem. Pelo que entendi, você disse que poderia me ajudar se eu a ajudasse. Você quer ir ao baile e precisa de um acompanhante. Quer que eu seja esse acompanhante?
- Sim, quero. Podemos nos ajudar mutuamente.
- Está me propondo uma compensação por isso, não?
- O dinheiro para suas mensalidades. Pagarei todo o atrasado e as mensalidades que ainda vão vencer até o final do ano.
Christopher ficou abobalhado. O que ela lhe propunha era a solução definitiva para todos os seu problemas.
- Está querendo comprar um acompanhante?
-   Se quer simplificar as coisas, vamos dizer que sim.  

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