Fanfic: Mais que Amantes AyA (Terminada) | Tema: AyA

Ter olhos somente para Alfonso era tão natural para ela quanto andar ou respirar.

Ela deu uma última olhada em seu reflexo, fez um meneio para si mesma e se virou para encarar a jo­vem que estava rapidamente se tornando sua melhor amiga.

Maite vestia um dos vestidos lilás sem alças de madrinha que Amanda havia escolhido. Seu cabelo preto estava preso num coque e enfeitado com ramos de flores de primavera.

— Obrigada por tudo. Não sei o que eu teria feito sem a sua ajuda esta manhã.

Maite a havia pego na casa de Alfonso, bem cedinho, e a arrastara para um verdadeiro Dia da Noiva. Ela tinha feito as unhas de Anahi, o cabelo e cuidado da maquiagem. Até a ajudou a se vestir quando ficou patente que ela nem conseguia enxergar os próprios pés, que diria se enfiar em delicadas meias ou num vestido feito a mão de valor inestimável.

Maite sorriu.

— É para isso que servem as madrinhas.

Elas estavam prestes a pegar o buque e se encami­nhar para as escadas quando ouviram uma leve batida na porta do quarto. Maite se apressou, pronta para barrar o noivo, no caso de Alfonso ter decidido desa­fiar a ira de sua mãe e dar uma olhadinha na noiva an­tes da cerimónia.

— Vovô! — disse ela enfaticamente, dando um passo para trás para dar passagem ao velho senhor.

Patrick Herrera era alto e tinha cabelos curtos e gri­salhos. Anahi sabia que ele já tinha mais de setenta anos, mas julgou-o uns dez anos mais jovem. Seus olhos eram de um esverdeado brilhante, deixando bastante claro quem havia passado aquela cor à maioria dos Herrera.

Ela só o havia visto uma única vez antes, numa pe­quena reunião familiar onde Alfonso havia permaneci­do o tempo todo ao seu lado, protegendo-a. Patrick fora bem frio com ela, embora não tivesse parecido abertamente hostil.

Ele estava vestindo um terno cinza-escuro e pare­cia um pouco nervoso de entrar num aposento usado exclusivamente pelas mulheres para os preparativos.

— Apreciaria falar em particular com a noiva, se possível — disse ele.

Sua voz era profunda, mas não tão rude nem exi­gente como se poderia esperar pelas descrições.

Maite cruzou os braços sobre o peito numa atitu­de beligerante.

— Eu não acho...

Anahi, porém, a interrompeu.

— É claro.

Toda a ansiedade que as palavras de Maite ha­viam conseguido acalmar voltaram à tona, transfor­mando-se numa terrível apreensão, mas ela jamais se recusaria a falar com o avô de Alfonso. Nem mesmo achando que ele estava prestes a lhe fazer uma severa reprimenda.

Ele havia deixado muito claro, ainda que indiretamente, que não a aprovava como futura esposa de seu neto. Nem a ela, nem à sua criação, a escolha da sua carreira, ou o seu envolvimento com Alfonso. Mesmo assim, Anahi estava prestes a se tornar seu parente, tanto por conta do casamento com Alfonso quanto pe­los laços de sangue com o filho que ela esperava, seu bisneto. O mínimo que podia fazer era deixá-lo falar. O que quer que ele lhe dissesse, porém, não a impedi­ria de descer as escadas e trocar os votos com o ho­mem que ela amava.

— Tem certeza? — perguntou Maite, preocupa­da, com uma expressão de preocupação e desagrado pela chegada do avô em seu rosto.

Anahi forçou-se a sorrir e a demonstrar uma con­fiança que na verdade não estava sentindo.

— Tenho certeza.

Maite abriu a porta relutante.

— Vou ficar bem aqui caso você precise.

Ela deu um último olhar desconfiado para o avô e desapareceu no corredor.

Patrick observou-a ir embora e então se voltou para Anahi.

— Obrigado.

Ela apenas inclinou a cabeça. Sua boca estava seca demais para conseguir falar.

Ele olhou ao redor do quarto, avaliando todos os preparativos. Roupas e sapatos descartados, arranjos florais, maquiagens, esmalte e perfume. Seus olhos voltaram-se novamente para Anahi, estudando-a dos pés à cabeça para então pousar sobre a barriga saliente.

— Pude notar uma mudança muito grande no meu neto desde que você e ele começaram a se envolver. — Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça e pigarreou antes de prosseguir. — Eu já havia começado a per­ceber há alguns anos, quando vocês começaram o re­lacionamento, eu suponho, mas ficou mais óbvio des­de que você se mudou para Nova York.