Fanfics Brasil - Capitulo Um It's what you do to me.

Fanfic: It's what you do to me. | Tema: Original


Capítulo: Capitulo Um

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"Senhores passageiros, dentro de alguns minutos estaremos aterrizando no aeroporto de Dulles, Washington DC", disse o piloto através daqueles auto-falantes que eu não consigo decifrar exatamente o que falam.
Senti minha barriga gelar. Me apressei para sair do banheiro e sentar na poltrona, porque sempre decidia levantar quando o avião estava prestes a pousar, o que me deixava com uma indesejável dor de ouvido. Já cheguei a pensar que meus tímpanos iriam explodir dentro do avião em pleno oceano atlântico e eu morreria de dor até ele pousar, cerca de cinco horas ou mais.
Eu estava sozinha, quero dizer, sem ninguém que eu conhecia por perto. Era a terceira vez que eu viajava para lá, eu já deveria ter me acostumado. Ou talvez eu tenha, mas não quando essa terceira vez é definitiva. Eu estava me mudando para onde eu não conhecia ninguém, não tinha amigos. Meus primos, meus tios e meus pais que estavam lá a minha espera, mas mesmo assim, eu não tinha ninguém. Eles não estariam comigo vinte e quatro horas por dia, até porque seria pedir um pouco demais. Eu sei que sempre foi meu sonho mudar para lá mas eu nunca havia se quer pensado na hipótese de "e se isso acontecesse?", eu só havia parado na parte em que eu sonhava em poder me mudar, e não era tão assustadora como estava sendo naquele momento.
Demorei alguns quinze minutos para conseguir chegar perto das minhas malas, estavam terrivelmente pesadas. E enquanto eu era arrastada pela esteira utilizando toda a minha força para erguê-las, eu me perguntei se não havia nenhum cavalheiro naquele recinto para fazer o trabalho pesado para mim. Eu podia sentir as pessoas rindo atrás de mim, o que fazia minhas bochechas corarem. Um dos seguranças parados perto da porta de saída chegou perto de mim e em questão de segundos minhas malas, - feitas de policarbonato branco, desenhadas e escritas de canetinha permanente vermelha, - estavam deitadas no carrinho. Eu agradeci mas não conseguia deixar de ficar vermelha, era constrangedor. Minha mãe juntamente de meu tio estavam a minha espera sorrindo, o que não me deixava tão animada como deveria, mas fingi animação.
"Fez um boa viagem, querida?"
Minha mãe que não era muito fã do país quanto eu parecia mais elétrica com a ideia de ficarmos todos aqui do que eu. Ela me abraçou firme me deixando um pouco sem ar. As roupas dela eram tão simples, shorts jeans um pouco acima do joelho, uma regata leve e chinelo. C-H-I-N-E-L-O. Lembro-me da ultima vez em que viajamos e ela reclamou do fato deles usarem chinelo em qualquer lugar, até para ir ao shopping. Eu morava em São Paulo no Brasil, uma cidade grande, cheia de carros, motos, caminhões, caminhonetes, automóveis de todos os tipos, prédios de todos os tamanhos e poluição, muita poluição. Uma cidade onde estar bem vestido é rotina, sair de casa mau-vestida é fora de cogitação. Você se sente tão mal que se individa mas compra uma roupa melhor na primeira loja em que para. As pessoas vão ao shopping de salto alto, e muitas vezes, com a melhor roupa que tem. Consegue imaginar o quão diferente é isso tudo? As pessoas vão de pijama ao super mercado. E isso de uma forma estranha, é muito divertido pra mim. É como se você pudesse ser você todo o tempo e não precisar se esconder em roupas caras e cabelos mais que arrumados. Isso me deixa um pouco feliz, eu sempre fui um pouco insegura com a minha aparência. Não que eu seja feia, gorda, e tenha um cabelo bem mal cuidado, mas para mim, eu sou tudo isso e mais um pouco. E isso de não precisar se arrumar sempre me deixa bastante aliviada e feliz.
"Prima!", Isabella com seu jeito meio maluco correndo em minha direção com os braços abertos para me dar um abraço. Seu cabelo castanho claro e liso que batia em seu ombro agora estava perdidamente cobrindo o meu rosto, incendiando meu nariz com o perfume suave de seu shampoo. Precisava admitir que mesmo eu gostando apenas de odores doces, aquele era um tanto quanto bom. "Fico feliz que finalmente você conseguiu vir para cá sem precisar chorar para sua mãe". Uma risada atravessou seus lábios quase fechados. Ela estava bem certa. Sempre que eu viajava para cá, chorava uma, duas, três vezes para tentar convencer minha mãe de me deixar morar lá. Mas a escola sempre ganhava da minha choradeira. Eu sorri em resposta tentando não parecer nervosa, mas o medo percorria cada veia do meu corpo, eu não fazia ideia por onde começar, com quem falar, como falar. Meu inglês era horrível, e coloca horrível nisso. Eu sabia falar, mas saia algumas coisas bem erradas e eu tinha sotaque de brasileira. Passava com bastante frequencia na televisão que os adolescentes sofriam bullying. Eu tinha tudo para ser o alvo número um deles: Brasileira, meu inglês esqueceu de me visitar, minhas roupas não eram das melhores, meu estilo era meio exótico demais, e volto a dizer que, não ser uma americana legítima torna-me um perfeito alvo.
"Ainda bem que você veio uma semana antes das aulas, tem um show amanhã a noite que eu sei que você vai adorar". As palavras sairam com dificuldade em meio ao sotaque de americana dela. Isabella caminhou até a mesa pegando uma tigela e despejando seu cereal preferido que daria inicio a sua manhã.
Um show? Meus músculos se aliviaram um pouco pensando que seria mais fácil do que eu havia imaginado. Talvez esse medo todo fosse apenas coisa da minha cabeça para não me deixar aproveitar o que eu sempre quis. "Vai dar tudo certo", repeti para mim mesmo dentro de minha mente até chegar ao ponto que eu estava acreditando no pensamento. Que mal poderia acontecer? Dei um sorriso torto levantando uma sobrancelha mostrando para mim mesmo que não havia com o que se preocupar. Levei minhas malas para meu quarto que eu já sabia onde era desde que meu pai havia se mudado para cá, cerca de dois anos atras. E ele estava da mesma maneira desde a ultima vez em que estive aqui, à um ano. O papel de parede roxo escuro cobria o quarto inteiro e os mobiliários brancos, exatamente como eu adorava, deixava o ar tão intimamente meu. Não sabia por onde começar quando lembrei que eu tinha que desfazer minhas malas. Já havia sido tão dificil colocar todas as roupas dobradas e passadas, imagina ter de fazer a mesma coisa em um closet. Não era meu hobbie. Cada minuto que passava, a pressão aumentava mais ainda. Tanta vezes eu desejei recomeçar do zero, mas nunca pensei que eu desejaria desistir quando isso acontecesse.



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Autor(a): ddlivesty

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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