Fanfic: Casar? Não. Espera...! | Tema: Vondy

- Tia Dulce! – Andressa me gritou assim que Ana abriu a porta do quarto.

- Meu amor! – A abracei e logo depois todos os meus pequenos.  Era com eles meu compromisso, meus pequenos trequinhos de paz. Eu me sentia tão bem por passar a manhã com eles, e me sentia tão realizada por Deus ter me sorteado para conhecer eles. Depois de rodar o Hospital todo, eu sabia que faltava alguma coisa. Ou melhor: faltava alguém. – Ana? – Corri até ela já desesperada.

- Oi. – Me viu assustada.

- Cadê a Nicole? – Meus batimentos aceleraram. Ela engoliu a seco e abaixou a cabeça, parecia ensaiar o que dizer. – Não me diz isso, Ana. – Eu suspirei e já estava prestes a chorar.

- Calma Dul. – Ela me abraçou. – A mãe dela achou melhor levá-la para o Hospital da cidade. – Eu suspirei mais calma. Que susto, meu Deus, que susto!

- Ué, por quê? Ela tava tão bem aqui.

- Ela tá na UTI, Dul. – Falou baixo.

- O quê? – Me desesperei.

- É ela corre risco. – Engoliu a seco.

- Ela vai ficar bem, não vai? – Eu já chorava.

- Dulce querida, você sabe como é. Já tá nesse hospital a tempo demais pra saber o acontece na maioria das vezes. – Ela disse calma.

- Ela é diferente, Ana. Ela vai vencer ele.

- Estamos falando de Câncer, Dulce. – Eu engoli a seco.

Ana também era voluntária no hospital. Perdeu sua mãe e seu filho para o Câncer. Quando sua mãe morreu, ela tinha apenas 15 anos, seu pequeno faleceu com apenas um ano e meio de vida. Assim como ela tinha lá sua fé na cura, ao mesmo tempo ela era totalmente descrente. Ás vezes ela lutava para não se apegar as crianças, pois alguma coisa dentro dela dizia que quando ela estivesse mais apegada, eles iriam embora, a deixando mais uma vez com o coração estilhaçado. Mas no final, ela sempre acabava se apegando.  E eu também. Não posso contar nos dedos quantas crianças eu tive que dar adeus desde que comecei a voluntariar. E eu espero que Nicole não se junte á elas.  Nicole é minha pupila, não tinha muito tempo desde que ela entrara no hospital.

Eu me lembrava daquele dia como se fosse ontem. Ela tinha acabado de descobrir que tinha Leucemia e não estava nem um pouco desesperada.

Flashback:

Vi a mãe dela conversar com Marta, a supervisora do hospital, a pobre estava com o olhar cansado, olheiras profundas, ombros caídos e mesmo assim ainda sorria para a filha. Esta mantinha a expressão neutra, nem triste, nem alegre. Enquanto eu brincava de carrinho com o Lucas, eu a observava sentada em sua cama com o olhar fixado para fora da janela.  Disse á Lucas que sairia e que voltava rápido. Me levantei e caminhei calmamente até ela.

- Oi. – Sorri. Eu estava com medo da reação dela. Na maioria das vezes, as crianças são grosseiras. E eu sempre compreendo a situação delas. Ela me olhou séria.

- Oi. – Demorou a responder. Depois voltou a olhar a janela.

- E então... Você tá bem? – Ela me olhou. Eu engoli a seco.  Ela continuou a fixar a paisagem lá fora. – Ai meu Deus, perdão. Quero dizer, como você se chama? – Mordi o lábio e coloquei as mãos nos bolsos traseiros da calça. Visivelmente nervosa. Ela me olhou novamente.

- Nicole. – Disse firme. Voltou a fazer o que fazia. – Nicole Benson. – Completou. Eu engoli a seco, era obvio que ela não queria falar comigo, resolvi sair, era claro que era queria ficar sozinha.

- Lindo nome. – Eu assenti e saí.

Fim do flashback.