Fanfic: Casar? Não. Espera...! | Tema: Vondy

- Por... Por que nunca me contou? - Ela engoliu a seco.

- Nao é um assunto muito agradável de se tocar em meio à uma conversa casual. - Disse tentanto parecer divertida.

- Como isso aconteceu? - Ela respirou fundo.

- Quando eu tinha 17 anos abortei. - Me assustei.

- Aborto espontâneo, não? - Perguntei torcendo para que fosse.

- Foi o que eu achei, até descobrir o real motivo algum tempo atrás. - Contava com tom de voz baixo e calmo.

- E qual foi esse motivo? - Me intriguei.

- Descobri que... Durante a gravidez, minha mãe estava me envenenando. - Uma lágrima rolou por sua face.

- O que? - Ela assentiu.

- Quando ela descobriu ficou desesperada, disse que só contaríamos ao meu pai quando não pudéssemos mais esconder a barriga. Ela estava horrorizada, claro, quando minha irmã saía da faculdade, lá estava eu à engravidar. Quando eles pensavam que eu não poderia mais decepciona-los, lá estava eu!

- Dulce... - Eu lamentei.

- O remédio que ela me dava era tão forte, que eu fiquei estéril. Não sei como ela conseguiu isso sem que eu soubesse. Mas... - Ela soluçou.

- Oh, Dulce. - Eu a abracei emocionado, enquanto ela chorava em meu peito.

- Pelo menos ela não me colocou pra fora de casa, eu tinha apenas 17 anos, ela fez pelo meu bem. - Ela falou baixo dentre soluços.

- Ela não fez  nada para o seu bem. - Eu disse beijando sua testa.

- Foi terrível Ucker, eu acordei sangrando. Fiquei internada, foi terrível. Eu queria morrer. - Ela soluçava.

- Sinto muito, meu amor. - Fiz carinho em seu cabelo até ela se acalmar um pouco. Eu vi Maite entrar tímida na cozinha. Dulce depois de algum tempo, acompanhou meu olhar, limpou suas lágrimas e mirou Maite. - Vou deixar voces a sós. Tudo bem? - Elas assentiram, eu beijei a testa das duas.


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Ela me olhava tão envergonhada que chegava a ser divertido. Eu que costumava ver ela tão durona, e sem vergonha de nada, que era estranho vê-la assim.

- Dulce... Eu... Eu sinto muito. - Ela disse triste.

- A culpa não é sua, Maite. Não precisa disso. - Eu disse sorrindo.

- Precisa, precisa sim. Olha, eu não te fiz ficar sec... - Eu a olhei divertida. - Oh, desculpa, desculpa eu não quis dizer assim.

- Eu entendi, Maite.  - Ela suspirou.

- Dulce, eu... Não sou culpada por isso, mas eu meti o dedo na tua ferida. Me desculpa, mas ás vezes eu sou tão superprotetora com o Ucker...

- Nem percebi. - Falei irônica.

- Dulce...

- Desculpa.

- Apesar de eu ser a mais nova, eu não sei, tenho essa mania de querer cuidar do meu irmão, e faço isso.

- Entendo. Quer dizer... Não entendo, o único sentimento que já criei por meus irmãos, foi vontade de matar mesmo. - Ela riu.

- Não sabia que você tinha irmãos.

- Tenho dois, um adolescente punheteiro e outra vaca mais velha que se finje de santa. - Rolei os olhos e ela entortou a boca.

- Nossa. Dulce, você odeia sua família, não?

- Escutou a conversa?

- Um pouco.

- Odeio tanto quanto eles me odeiam.

- Você já aprontou muito?

- Não aprontei, mas já decepcionei muito. Mas, o que estava dizendo...?

- Oh, sim... Dulce...Me desculpa por todas as grosserias que eu já te fiz.

- Maite, não precisa pedir desculpas, só porque tem pena de mim.

- Não tô aqui por pena e muito menos consciência pesada. Olha Dulce, eu já sei que você já passou por maus bocados nessa vida. Muitos mesmo - Eu concordei. - Mas eu sei mais ou menos a dor que você sentiu com a perda. Perdi meus pais, lembra? - Assenti triste. - Então acho que temos algo em comum.

- Quer compartilhar dores? - Perguntei.

- Não, Dulce. Queria parar de implicar contigo a todo instante. Por causa disso, eu acabei te lembrando de tudo isso. Me perdoa. - Eu assenti. - Olha, você também não está gorda e... - Eu a interrompi com meu abraço. Ela se assustou, mas logo me correspondeu.

- Também me desculpe por ser tão cretina, ás vezes. Mas é que você é muito vadia e... - Ela me olhou. Eu sorri. - Desculpa cunhada. - Ela riu.

- Uma trégua? - Estendeu a mão.

- Ok. - Apertei sua mão. - Quer mais molho de cachorro-quente? - Perguntei.

- Já vou logo avisando que ainda não preparei meu testamento e nem garanto se Christopher estará nele. - Avisou.

- Merda! - Suspirei frustada. - Melhor não comer então. - Ela riu e me surpreendeu com outro abraço.