Fanfic: DNA - Laliter (ADAPTADA) - Finalizada | Tema: Laliter

XxX: Alô? - atendeu, parecendo desanimada.
Lali: Candela?
Cande: Acho que é no meu celular que você está ligando. Quem é?
Lali: É a Lali. Tudo bem?
Cande: Ah, você. O que quer?
Lali: Dá pra ver que nenhum dos amigos dele gostam de mim - disse baixo.
Cande: O que?
Lali: Nada, é que o Peter saiu de casa e e...
Cande: Ela está comigo, não se preocupe.
Lali: Pode pedir, por favor, pra ele vir para casa? Eu preciso conversar com ele.
Cande: Olha, eu não sei qual é a sua, só sei que não estou gostando. Não se faz isso com uma pessoa, entende? Você não pode simplesmente chegar em um dia e dizer "vou embora", e no outro ir, Mariana. Não pensou que ele ia sofrer?
Lali: Desculpa, mas você não tem nada a ver com isso. Esse assunto é só entre Peter e eu. Então, se possível, por favor, diga a ele que o estou esperando - disse, retribuindo a ignorancia dela.
Cande: Só to defendendo meu melhor amigo ... Mais um ponto pra você, Mariana. Vou dizer. Boa noite - e desligou.

Depois eu que era a bipolar. Enfim, desci para a sala e fiquei por lá. Liguei a televisão para ver se o tempo passava, mas nada de interessante estava passando. Meia hora depois eu já havia desistido de esperá-lo e resolvi subir para meu quarto. Mas assim que levantei do sofá, sua voz invadiu a sala. Me virei para ela e senti meu coração disparar.

Lali: Me perdoa.

Foi só o que eu consegui dizer. Foi só o que me permiti falar. Por que era só isso que importava naquele momento. Que ele me perdoasse por não ter dito a ele a verdade. Por ter escondido isso tanto tempo. Ele veio até mim e me abraçou. E pela primeira vez, eu não chorei, por que eu estava com ele naquele momento. E não importava depois.

Peter: Não vai, Lali. Por favor, não vai - disse, com a voz meio embriagada.

Eu não tinha o que dizer. Meu coração mandava eu ligar para Cristina e mandá-la ir a merda. Mas minha cabeça me mandava fazer outra coisa. Me mandava dizer a ele que aquilo era uma loucura. Que talvez até seria bom para nós. Para esquecermos do que tínhamos juntos e começar uma nova vida com pessoas diferentes. Com pessoas que talvez poderíamos casar e ter filhos sem que outras pessoas, como sua melhor amiga, nos julguem. Sem que nossa família nos criticasse.

Lali: Me perdoa por não ter te dito nada. Eu te juro que ia dizer, só não achei o momento certo para isso - disse, quando nos afastamos.
Peter: Eu não sei o que vou fazer se você for embora, Mariana.
Lali: Pitt - o puxei para o sofá e sentamos - Vamos encarar os fatos. Pode ser bom que isso aconteça.
Peter: Bom? Eu não te entendo. Uma hora diz que quer ficar comigo, e outra não.
Lali: Eu não quero que você sofra.
Peter: Ficar sem você é um sofrimento, Mariana. O que você quer?
Lali: O que eu quero? Ficar com você pra sempre. Esquecer que eu tenho uma vida que tenho que trabalhar. Mas acima de tudo eu quero você.
Peter: E é o que eu também. Mas acho que tenho que entender o seu lado. Todo relacionamento tem suas dificuldades.
Lali: Ainda temos mais de um mês para pensar nisso.
Peter: Era por isso que você estava triste esses dias, não é verdade?
Lali: Aham - assenti e o abracei - Sabe, hoje, quando eu estava vindo pra casa, parei no farol e um menino e uma menina mais ou menos da mesma idade, eram irmãos, estavam atravessando a rua de mãos dadas e com a mãe do lado. Então eu pensei, quantos casos será que existem? Iguais aos nossos?
Peter: Não sei, Lali. O nosso não deve ser o único. Isso você pode ter certeza.
Lali: Agustín procurou umas coisas outro dia sobre isso e me mostrou. Teve uma que me chamou atenção.
Peter: É?
Lali: Aham. Era de dois irmãos, óbvio, que em um momento de tesão acabaram ficando juntos, só que depois que passou o "efeito do orgasmo" - fiz aspas com os dedos -, eles se arrependeram e se sentiram culpados. Mas eu não me sinto assim... não consigo me sentir triste por ter relações com você. 

Peter: A história deles pode ser diferente. Quem sabe só fizeram aquilo por causa do momento e não por que se gostavam.

Lali: Não consigo aceitar que o que fazemos é um crime - me afastei dele, mirando-o.
Peter: E não é. Ou é?
Lali: Namoramos. Somos irmãos. Isso é incesto.
Peter: Olha Lali, eu sinceramente não vejo nada de mal. Sim, é errado, foi difícil pra mim me convencer disso, mas nos amamos. Acho que é o que importa, nos amarmos. E o mundo, que se dane.
Lali: Eu estive pensando e... - mordi meu lábio, olhando para ele.
Peter: Ixi, quando você morde esse lábio lá vem coisa.
Lali: Já pensou se, sei lá, só pensei.
Peter: O que tá querendo dizer?
Lali: Já passou pela sua cabeça alguma vez que talvez nós não sejamos... irmãos?
Peter: Como é que é? - riu.
Lali: Não sei, pensei nisso. Por que tipo, temos oito meses de diferença.
Peter: Isso quer dizer que nossos pais faziam sexo. E muito.
Lali: Não quero dizer isso. Tudo bem que eu nasci prematura, ou é o que achamos, mas e se eu tiver sido abandonada na porta de casa?
Peter: Nós não vivemos em uma novela, Mariana. Você não é a Maria Desamparada e você não foi jogada fora por que o padre engravidou sua "mãe".

Lali: Não estou falando disso, ok? Mas...

Peter: Tira essa idéia maluca da cabeça. Você é a cara da Gimena, e a Manuela também é a sua cara. E eles não mentiriam para nós.
Lali: Então todas as mães e pais são sinceros com as crianças que adotam?
Peter: É sério, tira essa idéia da sua cabeça, por favor?
Lali: Mas e se...
Peter : Se você continuar a falar disso, eu vou subir e só volto a falar com você amanhã.
Lali: Ah, desculpa senhor Accardi . Como é estressado - revirei os olhos - Ma... - olhei para ele, que ficou sério e ri - Brincadeirinha - o abracei.
Peter: Tira isso da cabeça, sua maluca - beijou minha cabeça, rindo - Apesar de tudo, gosto de ser seu irmão.

Eu não respondi. Fiquei ali abraçada a ele um bom tempo. Ficamos em silêncio tanto tempo que achei que ele tivesse dormido. Olhei no relógio e não era tão tarde assim. Nem havia passado das dez e meia.