Fanfic: Entre o amor e o futuro | Tema: vondy

As cortinas claras balançavam descoordenadamente na sacada do quarto de Dulce. Ela tinha deixado as portas entreabertas para que o vento forte que trazia o cheiro da possível chuva tomasse conta do cômodo. Ela foi até o lugar, sentindo o vento bagunçar seus cabelos e cortar seu rosto com força, mas de uma forma carinhosa. Resmungou para si mesma e suspirou. Por que tinha que sair aquela noite? Ela queria ficar deitada em sua cama, encolhida em seu cobertor aconchegante, lendo um livro ou escutando música, o que fosse. Música. Ela iria escutar música aquela noite, sorriu de leve. Ela iria escutar a banda de Christopher pela primeira vez. Ele e os meninos tinham, finalmente, decidido sair da garagem, parar de se esconder, apostar em seu sucesso.

Foi até o armário e abriu a porta de madeira branca, em dúvida sobre o que vestir. Teria que ser algo que a agasalhasse, com toda a certeza. Olhou para o relógio de pulso e decidiu que só se preocuparia com aquilo quando se passassem vinte minutos. Deitou-se atravessada na cama, como costumava fazer. Fechou os olhos e começou a pensar em Christopher, como sempre fazia. Eles já estavam juntos há um mês e meio, não que estivessem namorando ou algo assim. Talvez não precisassem de definições para se sentirem seguros em relação um ao outro. Sentiu um sorriso bobo passar por seus lábios e escondeu o rosto entre as mãos, como se ele estivesse ali, ao seu lado.

Quando os dois estavam juntos, ela sentia aquela espécie de felicidade completa, meio que ingênua, de uma forma que não podia explicar ou ter palavras para descrever. A memória dele aparecendo, no final das aulas, duas semanas atrás, ainda estava fresca em sua memória. Aquele dia, ela tinha faltado a todas suas atividades complementares da tarde para ficar com ele, no deque congelante da praia.

Dulce: Se você tivesse dito que ia me fazer congelar, eu não teria vindo. – Dulce fez uma careta ao encostar-se a um dos pilares do deque e cruzando os braços, para tentar se esquentar o máximo que podia.

Chris: Mas como você gosta de reclamar, garota de Cambridge. – ele se aproximou dela, passando seus braços pela cintura da garota, a trazendo para mais perto de seu corpo. Beijou o topo da cabeça dela e Dulce encostou o rosto no peito de Christopher.

Dulce: Não posso fazer nada se é meu passatempo preferido. – ela sorriu ao escutar ele gargalhar baixinho e apertá-la mais contra ele. Sentiu Christopher encostar o queixo em sua cabeça e colocou as mãos dentro dos bolsos do casaco de moletom dele.

Chris: O que você quer com as mãos aí? – ele perguntou em tom brincalhão e Dulce levantou o rosto para ele tentando segurar a risada e balançou a cabeça.

Dulce: Chris, você é controlado pelos seus hormônios. Não tenho mais dúvidas quanto a isso. – ela deu língua para ele e Christopher gargalhou alto. Dulce tirou uma das mãos do bolso do casaco e passou pelos cabelos dele, bagunçando-os. Ele fechou os olhos e Dulce sentiu-se meio que perdida, encarando o rosto dele. As bochechas vermelhas pelo frio, o sorriso fácil que se formava no canto dos lábios, os cabelos bagunçados por ela. Tudo ali se complementava de uma forma inexplicavelmente linda. Christopher abriu os olhos e Dulce sorriu, sentindo-se envergonhada por ser pega no flagra.

Chris: Sabe qual é a verdade? – ele perguntou após algum tempo encarando a garota à sua frente, em total silêncio. – Eu não consigo me controlar, de qualquer forma, de qualquer coisa, quando você está comigo. – Dulce pareceu surpresa com as palavras que tinham acabado de sair de sua boca e Christopher se perguntou se tinha falado demais, para variar um pouco. Ele não era bom naquilo. Nunca tinha passado tanto tempo com alguém. Nunca tinha sentido tanta coisa por ninguém. Nunca tinha tão poucas explicações para suas perguntas. Sempre fora prático, direto. Sempre soube exatamente quem era e o que sentia, o que queria. Mas quando se tratava de Dulce, as coisas se complicavam. Quando se tratava de Dulce, ele parecia ser melhor. Queria ser um cara melhor. Queria realmente se importar. Ele não era do tipo romântico, que fazia coisas inusitadas. Loucuras, declarações de amor e todas as coisas que ele achava serem bobagens para levar uma garota para cama. E lá estava ele, congelando no deque da praia que tinha conhecido Dulce há semanas atrás. Abraçado a ela, apertando-a fortemente. Inseguro sobre o que ela tinha acabado de achar do que ele tinha falado. No meio de uma comemoração frustrada e boba de um mês que eles estavam juntos.

Ela pareceu se recuperar do choque e sorriu, mordendo o lábio inferior. Christopher sentia vontade de apertá-la quando ela fazia aquilo, quando se sentia envergonhada perto dele. A garota segurou o rosto dele entre as mãos e lhe deu um selinho demorado, que logo se transformou em um beijo mais intenso. Não do tipo que fizesse com que eles quisessem ir para cama, mas do tipo de beijo que tinham cinco palavras implícitas de uma forma doce: eu estou apaixonado por você.

Christopher compreendia que ela se dedicava um pouco demais aos estudos, mas naquele dia, ele parecia realmente querer ficar com ela. Talvez porque fizesse um mês que os dois estavam juntos. Abriu os olhos, percebendo uma coisa nova sobre aquilo tudo: ela nunca usava a palavra "ficar", o que eles tinham era mais que isso. Mais que uma simples atração. Dulce acordou de seus devaneios com o toque de seu celular que tinha deixado em cima da pia de mármore claro do banheiro, enquanto tomava banho. Viu o número de Anahí no visor e sorriu.

Dulce: Oi! – Dulce falou e a amiga respondeu com um resmungo. – Qual é a crise?

Anahí: Meia-calça ou calça jeans mesmo? – perguntou e Dulce gargalhou.

Dulce: Não sei, acho que vou de meia-calça, porque vou de vestido. – deu de ombros, analisando seu rosto no espelho e fez uma careta pelo tamanho de suas olheiras. – O Poncho meio que gosta muito quando você usa skinny.

Anahí: Dulce! – Anahí falou indignada. – Não vou ficar me vestindo para o idiota do Poncho. – ah, é, eles estavam brigados, Dulce lembrou. Mas podia apostar que Anahí iria usar skinny.

Dulce: Me desculpe, esqueci que você não se importa com ele. – riu ironicamente e escutou Anahí bufar irritada, do outro lado da linha. Era melhor parar com as brincadeiras. – Desculpa.

Anahí: Tudo bem. – ela fez uma pausa, parecendo pensar em alguma coisa e Dulce esperou, em silêncio. – Que horas vocês passam aqui?

Dulce: Não sei, o Chris vem me pegar às nove e nós vamos passar aí. Você podia esperar na porta às nove e quinze?

Anahí: Ok, ficam sobrando cinco minutos para vocês se agarrarem. Muito inteligente. – foi a vez de Dulce gritar o nome da amiga de forma indignada e as duas começaram a gargalhar.