Fanfic: Entre o amor e o futuro | Tema: vondy

Christopher estava sentado na ponta seca de uma das espreguiçadeiras que tinham do lado de fora da casa de Bernardo, perto da piscina. O garoto encarou as poucas gotas finas da chuva enjoada que ainda insistia em cair baterem na água desenhando circunferências que para um quase bêbado pareciam realmente interessantes. Escutou o grito de Dulce do lado de dentro da casa e balançou a cabeça negativamente, deixando um sorriso bobo tomar conta de seus lábios. Tinha algo a respeito dela que era diferente, algo que fazia com que ele mudasse de ideia sobre relacionamentos sérios e havia sido por causa daquilo que tinha respondido a Bernardo que era um cara de namoros.

Ele não gostava de criar expectativas, não gostava de assumir responsabilidades que achava que não podia cumprir, não gostava de se prender a uma rotina e talvez aquele fosse o motivo para nunca ter levado nenhuma garota realmente a sério. Christopher passava a vida se divertindo e aquilo parecia o suficiente, parecia mais do que qualquer garoto da idade dele poderia desejar, mas até naquilo ele estava errado. A vida tinha dado um jeito engraçado de lhe mostrar que existia mais, que ele podia criar expectativas e oferecer o seu melhor para alguém sem precisar ter nada em troca. E o que era melhor naquela situação toda, é que ele recebia muito mais do que dava. O sorriso dela, o jeito como ela mordia o lábio inferior quando estava concentrada nos estudos, como ela se irritava quando não conseguia fazer algum exercício de exatas, mas mesmo assim continuava tentando. O jeito como ela era protetora em relação a melhor amiga, o jeito como ela tinha acolhido os amigos idiotas dele, como se fossem seus há anos. O jeito como ela mexia no cabelo, prendendo-o em uma espécie de coque frouxo e muito complexo para que ele entendesse como era feito, quando estava com calor. Até as brigas que ela tinha com Cristian quando os dois jogavam guitar hero, faziam com que ele se sentisse estranhamente encantado, estranhamente preso a ela. Dulce tinha mudado alguma coisa dentro dele de forma tão sutil que Christopher só tinha notado aquela noite, após aquele jogo bobo de perguntas em que verdades se mostravam necessárias. Escutou a porta de vidro que fazia a divisão entre o quintal e a cozinha se abrir e virou o rosto, observando Poncho se virar para fechar a porta e caminhar até ele. O amigo parou ao lado de Christopher, com as mãos nos bolsos, parecendo notar a churrasqueira da casa de Bernardo, pela primeira vez. Ele queria conversar, desabafar, Christopher tinha certeza. Não eram só as garotas que tinham aquele senso de proteção, de fraternidade quanto aos amigos.

Chris: Então, eu devo ir lá dentro para checar esses gritos ou está tudo bem? – perguntou e Poncho soltou uma risada nasalada.

Poncho: O Bernardo só está contando umas histórias nojentas de porres que ele já tomou. – ele deu de ombros e sentou na outra ponta da espreguiçadeira em que Christopher estava. – Sabe como são garotas, fazem escândalo por tudo.

Chris: Elas são diferentes das outras, mas nem tanto. – sorriu de lado e olhou para Poncho. – Qual o problema, cara?

Poncho: O de sempre. – franziu o cenho e fez uma careta. – Nós brigamos, ela me desafia, eu fico louco e chateado, porque ela não parece se importar. Quer dizer, até parece que eu sou a mulherzinha dessa coisa toda.

Chris: Bom, de certa forma, você é. – riu e o amigo lhe deu um soco no ombro. – Seu idiota, isso dói!

Poncho: Deixa de ser sensível, Christopher! – riu e balançou a cabeça, encostou o rosto em uma das mãos e suspirou. – Às vezes, eu fico procurando o motivo de estar nessa situação por tanto tempo. Quer dizer, nunca dá resultado nenhum.

Chris: E mesmo assim, vocês sempre ficam juntos. Você nunca parou para pensar que aquela garota realmente gosta de você? Eu mal conhecia a Anahí antes, mas dava para ver o tanto que ela é totalmente apaixonada por você só de olhar quando vocês estão juntos. Quer dizer, vocês me davam vontade de vomitar quando nós saiamos juntos e vocês estavam bem. – Christopher fez uma careta engraçada. – Mas eu meio que já sei como é se sentir assim, totalmente entregue a alguém… Cara, ela é sua garota, vai atrás dela e mostra que você realmente se importa, faz isso funcionar, por que por mais idiota que pareça, só vai ser assim que você vai conseguir ser realmente você. Nós meio que somos melhores com elas, do que sem elas.

Poncho: Você sabe que se o Bernardo escutasse isso, ele ia dizer que nós somos gays e devíamos nos casar, certo? – Arthur arqueou uma sobrancelha e gargalhou, sendo acompanhado por Christopher. – Talvez, pela primeira vez, você tenha razão.

Chris: Eu sempre tenho razão. – uma expressão de arrogância tomou o rosto de Christopher, mas o amigo sabia que era só brincadeira.