Fanfic: Entre o amor e o futuro | Tema: vondy
Ela estacionou o carro em frente à casa de pedras escuras e pintura cinza e suspirou pesadamente, encostando a testa no volante, tentando fazer com que sua respiração desacelerasse, tentando fazer com que o vazio que tinha tomado conta de si há dias desaparecesse. Tentando fazer com que o tremor em suas mãos se tornasse imperceptível, que não passasse para o resto de seu corpo. Virou o rosto para o banco da esquerda e observou o envelope claro com o brasão de Cambridge estampado que tinha jogado ali de qualquer jeito, no minuto em que havia acordado no galpão do quintal e mordeu o lábio inferior. Pelo tamanho, ela já devia saber a resposta. Mas ignorar era mais fácil, não abrir o envelope era ainda melhor. Pegou o papel pesado em suas mãos e abriu a porta do carro, pisando na calçada em frente a casa de grandes janelas e apertou o botão do alarme, quase se assustando com o barulho que ele emitiu. Subiu os olhos até a janela do meio com uma pequena varanda e sentiu seu coração brincar automaticamente em seu peito, como se estivesse em uma daquelas brincadeiras de corda das quais costumava fazer parte quando era criança. Qual é a letra do seu namorado? Sorriu para si mesma, lembrando-se que as iniciais em que tropeçava no pedaço de corda colorida, nunca tinham sido a dele. A de seu namorado, o primeiro. Se dependesse de toda a sua vontade, o único.
A sombra de Christopher passou pelas cortinas que protegiam qualquer visão do quarto e ela sentiu um fiapo de coragem aparecer em seu íntimo, quase como um mini empurrão para que ela começasse a andar, sem realmente sentir as pernas. Para que tocasse a campainha, sem realmente sentir os dedos. Estava completamente anestesiada, perdida, absorta em seus pensamentos, absorta no vazio que a preenchia de forma sufocante.
Alexandra: Olá, querida! – a mãe de Christopher atendeu a porta, puxando-a pelo braço com um sorriso no rosto, para que ela entrasse. Aquele sorriso assustava Dulce. Era o tipo de sorriso agradecido por ter mudado a vida do filho para melhor. Por ter transformado o próprio Christopher. – Você está tão pálida. Aconteceu alguma coisa?
Dulce: Não, senhora. – balançou a cabeça negativamente e apontou para as escadas. – Preciso conversar com ele, posso?
Alexandra: Claro, pode subir. – ela assentiu e levou a garota até o final do hall que dava para as escadas do segundo andar da casa. – Vou fazer um chá para você. Depois desça para tomar.
Dulce: Ok. – respondeu sem saber realmente se podia dar aquela pequena certeza a ela e subiu as escadas lentamente, se perguntando o quão devagar poderia ir sem parecer estranha, com os olhos da mãe de Christopher em suas costas. Após alguns segundos chegou ao final e pisou no chão encarpetado do corredor grande que dava para os quartos e um banheiro social. Caminhou até a segunda porta a direita e passou os dedos pela madeira clara, antes de conseguir bater. Abaixou o rosto e apertou o envelope seguro em sua mão esquerda, sentindo um bolo se formar em sua garganta. A porta se abriu repentinamente e Christopher a encarou de forma preocupada, assustada, sem precisar de palavra alguma para entender o que aquilo significava.
Chris: Chegou? – ele perguntou apenas para fazer algum barulho em meio aquele silêncio angustiante. – Você é oficialmente uma garota de Cambridge. – ele afirmou e forçou um sorriso de quem quase se sentia completamente feliz.
Dulce: Não sei, não abri. – ela encolheu os ombros e entrou no quarto, andando até a cama do namorado e se sentando em uma das pontas, da mesma forma que ela tinha feito em Londres poucos meses antes.
Chris: Mas você já sabe a resposta. – ele sentou ao lado dela, sentindo seus braços roçarem levemente. Suspirando, sentindo seu corpo implorar por qualquer mínimo contato físico que pudessem ter.
Dulce: Acho que sim. – abriu o lacre do envelope rapidamente, tirando a carta de dentro com as mãos absurdamente trêmulas e sentiu as lágrimas caírem por suas bochechas quando leu as palavras de aceitação da Universidade. Era um sonho realizado. Mas o que tinha de realmente bom naquilo? De que adiantava que tudo se realizasse, que todos seus planejamentos de anos tivessem valido a pena, tivessem sido concretizados, se ela teria de abrir mão de algo muito maior? Se ela teria de abrir mão de Christopher, de se sentir completa, de se sentir segura, de se sentir feliz, de sentir que seu mundo finalmente fazia sentindo, de sentir que finalmente pertencia a uma coisa muito melhor?
Chris: Parabéns, garota de Cambridge. – Christopher sentiu seus olhos arderem com o misto esquisito de uma tristeza imensa por si e uma felicidade absurda por ter a pessoa mais importante de sua vida realizando seu maior sonho. Passou o braço pelos ombros dela, trazendo-a para si e beijou o topo de sua cabeça, inspirando o cheiro dos cabelos da namorada.
Dulce: E se eu não quiser ser a garota de Cambridge? – ela falou entre soluços e o abraçou pela cintura, se levantando um pouco para sentar no colo dele e afundando o rosto no pescoço de Christopher. – E se eu quiser ser sua garota?
Chris: Dulce, nós sabíamos que essa hora ia chegar. – ele falou respirando contra seu rosto, sentindo as próprias lágrimas dançarem estupidamente por seu rosto. Ele quase não chorava, não gostava. Não por ter a ideia machista de que homens não choram, mas por achar desnecessário, por nunca se deixar sentir tão fraco e ponto de deixar sua dor transparecer. – Não tem problema, de verdade.
Dulce: Lógico que tem problema, Chris. – ela bateu no ombro dele e levantou o rosto, prestando atenção nos olhos castanhos ainda mais intensos pelas lágrimas. – Existe um enorme problema… Eu te amo.
Chris: E eu te amo, mas isso nunca foi um problema para mim. – ele segurou o rosto dela entre as mãos e sentiu o corpo de Dulce tremer contra o seu. – E por isso eu quero que você seja feliz.
Dulce: Eu não quero… – ela voltou a abaixar o rosto, deixando com que seu choro tomasse proporções maiores. Fazendo com que seus soluços se tornassem mais altos e com que seu corpo se inclinasse para frente. Sentindo uma dor absurda passar por si, brincar com cada pedaço dela, quase como se estivesse fazendo piada de seu sofrimento. – Eu não quero, Chris.
Chris: Eu sei. – ele a puxou mais ainda para si, abraçando-a fortemente, quase como se quisesse fundir seus corpos, transformá-los em apenas um para que não pudessem se separar nunca. Que fosse impossível. – Mas nós sabemos que vai ser melhor.
Dulce: Não, não vai. – ela colou os lábios aos dele em um beijo terno, mas que demonstrava todo seu desespero, agonia, dor. Christopher levou uma das mãos à nuca dela e intensificou a ação. Era impraticante que existisse qualquer forma de tempo, naquele momento. Os milésimos, segundos, minutos, horas pareciam absurdos. Coisas inventadas, ficcionais. Eles podiam ficar ali para sempre e nada mais existiria, já que o tempo não passaria. Não existiria o término que estava para acontecer, a separação definitiva em agosto, ou a ida de Dulce para Cambridge. A ida dele para Londres, a distância que os separaria. Eles nunca precisariam entender o significado dolorosamente irracional de saudade.
Chris: Dulce. – ele se afastou para tomar ar e colocou uma mecha do cabelo dela levemente molhada pelas lágrimas, atrás de sua orelha. – É melhor nós ficarmos com as boas lembranças, certo? Eu não quero lembrar de nós dois como um daqueles casais que brigam por tudo.
Dulce: É nisso que nós estamos nos tornando. – ela assentiu e se afastou dele, andando até o outro lado da cama e sentando abraçada aos joelhos, encarando a madeira escura do guarda-roupa de Christopher. Ele encarou o perfil da garota abraçando as pernas com os olhos vazios, exceto pelas lágrimas que caíam de forma automática. Não gostava de brigar com ela. Não gostava de sentir tudo aquilo que sentia por ela. Tudo era confuso demais. Ela era confusa demais, mas ele gostava dela. Mais do que devia. Ela era uma bagunça. Uma linda bagunça, da qual ele teria de se separar. Pelo bem dela, pelo próprio bem, sabendo que as feridas já abertas se tornariam ainda maiores se eles insistissem naquela situação ou a ignorassem, como tentavam fazer desde o começo.
Chris: É. – respondeu de forma monossilábica e passou as mãos pelos cabelos de forma quase desesperada, apoiou os braços nos joelhos e voltou sua atenção ao carpete do quarto. Dulce virou o rosto para ele e deixou com que um soluço escapasse de seus lábios, levando uma das mãos à boca para reprimir um segundo barulho inconfortável no meio de todo aquele silêncio formado por frases incompletas.
Dulce: Não é certo. – ela se permitiu falar, levantando-se e indo até a janela do quarto do namorado. Notou que já era noite e a rua parecia ainda menos movimentada que o normal, nada fazia sentido aquele dia.
Chris: Então, nós fomos um daqueles amores de verão? Pelo menos, eles são divertidos de se contar. – ele perguntou em voz baixa, quase inaudivelmente. Tentando disfarçar toda sua dor, tentando transformar tudo em algo mais suportável.
Dulce: Não. – ela balançou a cabeça negativamente e sorriu de forma terna, tentando esconder em vão o sofrimento, que os olhos dela expressavam sem nenhum pudor. – Você é muito mais que isso: é o meu primeiro amor. Pode não ser divertido de contar, mas é o que eu sinto.
Chris: Eu sei. – ele levantou e foi até ela de forma insegura, virando-a para si e a abraçando. Beijou o topo da cabeça de Dulce, inalando o cheiro viciante que ela tinha pela última vez, como se quisesse guardar em sua lembrança como uma fotografia. – Nós sempre vamos ter um ao outro, por mais que não estejamos juntos.
Dulce: Obrigada pelos melhores momentos da minha vida. – ela sussurrou com o rosto encostado no ombro do garoto, entrelaçando uma das mãos a dele, assim como tinham feito em seu primeiro beijo. Ela nunca tinha se sentindo tão vazia como naquele momento, em que o fim praticamente gritava sua presença e trazia consigo toda a realidade da qual eles tinham fugido por meses. Talvez, Christopher estivesse certo a respeito de acabar antes que não restassem mais boas lembranças. Talvez, eles estivessem errados por não lutar com mais empenho. Talvez, ela nunca mais conseguisse se sentir completa, nunca conseguisse superar. Talvez… Dulce tinha cansado de fazer previsões para sua vida, mas ela esperava que aquele término não fosse permanente. De alguma forma, em algum momento, não importava quantos anos se passassem, eles voltariam a ficar juntos.
Será que ela vai mesmo deixá-lo?
Bom gente aqui têm mais dois capitulos. Não se esqueçam de comentar.
Dêm uma passadinha na minha nova fanfic que já tem os primeiros capitulos.
_ Coisas do destino http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=20602
Beijossssssssssssssssss
Sophiavondy
Autor(a): sophiavondy
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Um mês. Exatamente quatro semanas, trinta dias e ela não era idiota o bastante para contar horas e minutos. Um mês desde que tinha saído da casa de Christopher com o rosto molhado de lágrimas, sem conseguir responder ao convite para o chá que a mãe do garoto fizera. Dulce lembrava de pouca coisa daquele começo de noi ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2690
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souzalorrany Postado em 12/12/2012 - 09:09:27
E o medo de comentar e você postar os últimos capitulos?! Mais ao mesmo tempo vem a curiosidade de saber como vai ficar as coisas entre eles. Ah, nem acredito, essa web é uma das melhores que eu já li..
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souzalorrany Postado em 12/12/2012 - 09:09:27
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souzalorrany Postado em 12/12/2012 - 09:09:26
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