Fanfic: Entre o amor e o futuro | Tema: vondy

Dulce se virou para o lado, puxando o cobertor colorido de listras rosas e roxas para cobrir seus ombros e aconchegou-se melhor aos travesseiros. Ainda de olhos fechados, a garota passou a mão por algumas mechas de seus cabelos, afastando-as do rosto. Abriu um dos olhos, encarando a escuridão do céu através das cortinas claras e finas que cobriam a janela de seu quarto. Apesar de estar escuro, ela sabia que logo o dia iria amanhecer. Dava para perceber pelas nuvens que pareciam brincar no céu. Voltou a fechar o olho esquerdo e se concentrou em dormir novamente. Quando já estava quase entregue ao sono, escutou Somewhere over the rainbow vindo de seu celular no criado-mudo ao lado da cama. Passou a mão pela madeira clara do móvel, procurando o celular às cegas, sem raciocinar direito. Quem estaria ligando uma hora daquelas? Talvez Anahí. Talvez ela tivesse brigado com Poncho, sempre que os dois brigavam, ela ligava para Dulce. Talvez alguém tivesse discado o número errado e ligado para seu celular. Só ia saber quanto atendesse, não estava com vontade de abrir os olhos para descobrir quem era por meio do identificador de chamadas. Atendeu a chamada e falou alguma coisa com a voz rouca e embolada, pelo sono.

Chris: Oi. – ela escutou a voz dele do outro lado da linha e abriu os olhos. Meio surpresa. Meio empolgada. – Te acordei.

Dulce: Acordou. –  riu e sentiu a garganta seca. Precisava de água. Encarou o teto do quarto. Tinha perdido as contas de quantas vezes ficara encarando o teto daquele quarto, sem realmente vê-lo desde o beijo com Christopher naquela festa.

Chris: Desculpa. – ele suspirou e os dois ficaram em silêncio por algum tempo. Apenas escutando a respiração um do outro. – Não me ache louco, ok? – ele pediu e Dulce assentiu, por mais que ele não pudesse ver, ela sabia que Christopher encarou o silêncio dela como um assentimento. – Estou na frente da sua casa.

Dulce: Da minha casa? – ela franziu o cenho, se levantou e foi até a janela do quarto. Afastou as cortinas e abriu um pouco a janela. Christopher estava em frente ao portão da casa. Encarando a rua, o cabelo despenteado pelo vento forte e com um casaco relativamente grande, até para ele mesmo. Dulce não conteve o sorriso. – Então, o que você está fazendo em frente a minha casa, parecendo morrer de frio a essa hora da manhã?

Chris: Como você sabe que eu…? – ele se interrompeu ao olhar para cima e encontrar a garota em uma das janelas da casa. Christopher sorriu. O melhor sorriso, aquele sorriso infantil e fácil. O sorriso que tomava conta dos pensamentos dela facilmente, quando ela encarava o teto do quarto. – Oi.

Dulce: Oi. – encolheu os ombros e acenou para ele.

Chris: Você podia descer? Quer dizer, nós podíamos ir até o deque. O sol já está quase nascendo. – ele falou com os olhos semicerrados, encarando Dulce e parecendo um pouco envergonhado. Ela sorriu, assentiu e pediu que ele esperasse. Foi até o guarda-roupa pegando a primeira calça jeans que encontrou, vestiu-a. Logo depois tirou a blusa do pijama e colocou seu casaco cinza, calçando o all star branco em seguida. Prendeu os cabelos, pegou o celular e já estava quase saindo do quarto, quando se lembrou de que tinha acabado de acordar. Correu até o banheiro, escovou os dentes e desceu as escadas rapidamente, tentando não fazer barulho para não acordar os pais. Fechou a porta da entrada da casa com cuidado e quando pisou na calçada que dava para a rua, saiu correndo até onde Christopher estava, pulando em seus braços. O garoto riu e a segurou pela cintura. – Desculpa te acordar.

Dulce: Não tem problema. – ela beijou os lábios dele rapidamente e saiu de seus braços, entrelaçando a mão direita à esquerda dele. Os dois caminharam em silêncio, observando as nuvens se moverem calmamente no céu. Observando o escuro dar lugar ao claro. Observando a diversidade de cores que o nascer do sol trazia.

Quando chegaram ao deque, sentaram no cercado de madeira em frente ao mar. O sol acabava de sair do meio das nuvens e fazia um reflexo absurdamente bonito no mar. Christopher apertou a mão de Dulce e ela deitou a cabeça no ombro dele.

Chris: Senti sua falta. – ele praticamente murmurou. Era manhã de domingo. Eles não tinham se visto no sábado, já que Dulce tinha ido a Cambridge com os pais. Não era normal para Christopher sentir falta de uma pessoa por passar apenas um dia sem vê-la. Ele era mais do tipo que só notava a falta que alguém quando fazia cerca de uma semana depois. Mas com Sophia era diferente, ele não sabia explicar. Simplesmente era diferente. – Como foi com em Cambridge?

Dulce: Foi ótimo. –  levantou a cabeça do ombro dele, para encarar os olhos castanhos que tinha aprendido a gostar tanto. Os olhos castanhos que em apenas pouco tempo, a deixavam completamente sem chão. – Meus pais me levaram até a universidade.

Chris: Então, você vai ser uma garota de Cambridge no ano que vem. – ele sorriu, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

Dulce: Não sei. – ela fez uma careta e voltou sua atenção para o mar, ficando em silêncio. Perdida em seus próprios pensamentos. Ela queria Cambridge, mas talvez Cambridge não a quisesse. Era difícil ser aceita em uma universidade daquelas. Christopher deu um beijo no topo da cabeça dela e Dulce olhou para ele.

Chris: Você é incrível, Dulce, eles vão te aceitar. – Dulce se assustou. Como ele podia saber o que ela estava pensando? E como ele podia ter tanta certeza de que ela era incrível? Os dois se conheciam há pouco mais de uma semana. Ela passou a mão pelo rosto dele, que estava gelado. Ela sorriu levemente ao lembrar-se do primeiro beijo deles. De como sua mão estava gelada, pelo nervosismo e pelo frio. De como ela tinha passado a mão pelo rosto dele da mesma forma. Christopher fechou os olhos e se aproximou dela. Dulce passou o braço livre pelo pescoço dele em um abraço, sentindo os lábios dele nos dela. Era uma das melhores sensações. E talvez, ele soubesse que ela era incrível, do mesmo jeito que ela sabia que Christopher iria fazer de sua vida uma bagunça. Uma bagunça boa. Uma bagunça bonita.