Fanfic: Trick Of Fate | Tema: Restart

18 de junho de 2010

Eram três da tarde e eu ainda estava dormindo. Bem, meio acordado, pois ainda vi que horas eram. Mas era muita preguiça pra me levantar. Depois de meia hora, reuni coragem suficiente para me levantar. Fui ao banheiro, e tomei um longo banho. Me troquei e fui pra cozinha.

- Bom dia... – Falei. – Almoço a essa hora?

- Bom dia a essa hora? – Meu pai perguntou.

- Sim. O que tem pra comer? – Perguntei me sentando.

- Lasanha. – Minha mãe respondeu.

- Opa! – Falei, me servindo.

- Pedro, vai com calma. – Michelle e me advertiu, vendo o tamanho do pedaço que eu coloquei no prato.

Acabei de comer, me arrumei e fui pra casa do Thomas. A gente tinha combinado de ir ao parque, como nos velhos tempos. Com a nossa banda ficando mais conhecida aos poucos, e o número de shows serem bem significativo, estávamos sem muito tempo para fazer coisas que sempre fizemos. Saímos e fomos para o parque de bicicleta. Encontramos Lucas e Pedro Lucas lá, deixamos nossas bikes guardadas e fomos caminhar. Andamos um pouco, tomamos um sorvete e fomos nos sentar perto do lago. Geralmente, tinha muitas pessoas ali, mas naquele dia, apenas algumas mães com os filhos, ou casais de namorados. Nos sentamos, e ficamos observando o movimento. Thomas me cutucou e apontou para uma menina de cabelos castanhos, meio compridos, que estava de costas para nós.

- Ei, aquela não é a Alyson? – Ele perguntou.

- É mesmo. – Falei.

A Alyson era minha mais recente ex-namorada. Ia fazer quase dois anos que eu não a via. Ela era linda, tinha cabelos castanhos claros, olhos azuis, pele bem branquinha, magra mas não muito alta; era do meu tamanho. Se dependesse só de mim, ainda estaríamos juntos, mas foi ela quem decidiu terminar comigo. Eu ainda gostava muito dela, mas tinha aprendido a esquecê-la após um tempo. Eu ainda pensava nela, porém, com menos frequência. Ela tinha se mudado para Londres, onde iria cuidar de sua mãe, que, segundo ela, estava doente. Eu não sabia se era realmente verdade, ou se ela tinha arrumado essa desculpa para se livrar de mim. Eu sabia que a família dela era britânica, e que a mãe morava sozinha, pois seu pai havia morrido num acidente de carro quando ela tinha apenas oito anos. Ela tinha vindo pro Brasil com treze anos para estudar. A mãe não veio junto, porém seu irmão e sua tia vieram. O irmão, após terminar seu curso aqui, voltou para Londres. A tia foi junto para fazer companhia para sua irmã, mãe da Ally. E ela tinha ficado, pois estava muito bem de vida aqui, tinha emprego que pagava bem, um apartamento só dela. Mas só começou a morar sozinha com apenas 16 anos. Foi quando a conheci e começamos a namorar. Tínhamos a mesma idade na época, e agora, ambos estávamos com 18 anos. Depois que ela se mudou, nunca mais tive notícias dela, apesar do meu esforço para achá-la novamente para entrar em contato. Levantei-me e fui até ela, que estava sentada. Fui me aproximando e percebi que um bebê de uns 11 meses estava sentada ao seu lado, brincando. Era uma menininha.

- Oi. – Falei meio envergonhado. Ela se virou, e fez uma cara de espanto ao me ver.

- Oi Pedro. – Ela respondeu, se levantando.

- Tudo bem Ally? – Perguntei, olhando a menininha.

- Sim...

- Quem é? – Perguntei apontando a bebê. – Sua irmã?

- Não... – Ela falou, ficando vermelha. Os meninos já estavam de pé atrás de mim, sorrindo pra ela. Todos gostávamos dela. E muito.  – É minha filha.

- Hã? – Aquilo foi como um soco no estômago. Acho que ela se assustou com minha cara de pateta ao falar a notícia. Ela sorriu, e olhou pro chão.

- É...

- Quem é o pai? – Perguntei, ainda em estado de choque.

- Meu último namorado.

- Você namora? – Thomas perguntou.

- Não mais. – Ela respondeu, e no tom dela, não iria falar mais neste assunto de namorado e pai.

- Como ela chama? – Perguntei. Ela pegou a menina no colo e olhou pra mim. Ela tinha os mesmos olhos lindos de Ally, azuis. E o cabelo estava escondido por uma toquinha rosa. A bebê sorriu pra mim. Sorri de volta. Ela era encantadora.

- Roxanne. Mas chamem-na de Roxy. – Ally respondeu sorrindo.

- Linda. Que nem você. – Comentei. Eu queria perguntar a ela o motivo dela ter me deixado, mas naquele momento, só conseguia pensar na criança. “Esse deve ter sido o motivo. Ela deve ter engravidado de outro cara, ou não me queria mesmo. Aí voltou pra Londres, e engravidou de outro. Só pode ter sido isso”. Pensei.

- Obrigada.

- Onde está morando agora? – Lucas perguntou.

- No mesmo apartamento. Eu não tinha o vendido.

- Ah, entendi.

- Há quanto tempo está aqui? – Perguntei.

- Quatro meses. – Que raiva! E ela não havia me procurado? Sinal de que ela não pensava mais em mim, como eu pensava nela.

- Quer tomar um sorvete com a gente? – Pedro perguntou, ao ver meu nervosismo. Ela aceitou timidamente com a cabeça. Ela se abaixou pra pegar as coisas de Roxy. Fui rápido e peguei tudo pra ela. Guardei na bolsa e a coloquei no ombro.

- Eu levo. – Falei.

- Obrigada.

Sentamos na sorveteria que tinha ali perto. Já tínhamos tomado sorvete, mas para nós não era nenhum incomodo tomar outro. Era até um prazer, pois estava na companhia de quem eu mais queria. Vê-la de novo só me fez lembrar de tudo, do por quê de eu ter me apaixonado, das loucuras de amor que eu um dia fiz por ela. Aquele sorriso, aqueles olhos... Tudo! A ideia de ela não estar mais interessada por mim, de repente não parecia tão ruim assim. Se eu tinha conquistado ela uma vez, por que não conseguiria conquistá-la novamente? Era só uma questão de tempo. Eu iria conseguir conquistá-la novamente. Nem que eu tivesse que fazer ou refazer algumas loucuras...