Fanfic: Trick Of Fate | Tema: Restart

Assim que terminamos nossos sorvetes, ela nos convidou para ir ao apartamento dela, pois ela o tinha reformado, e estava bem mais espaçoso e diferente. Aceitamos e seguimos com ela até o prédio, que eu já conhecia. Até nos esquecemos das nossas bicicletas. Entramos no apartamento, e, de fato, ele havia ficado mais espaçoso, bonito e diferente do de antes. Ela nos mostrou a cozinha, a sala e depois fomos ver os quartos. Entramos no quarto de Roxy, que era lilás e rosa, com fotos dela desde bem pequenininha até hoje em dia espalhadas pelas paredes. E claro, milhares de bichinhos de pelúcia nas estantes e muitos brinquedos espalhados pelo chão.

- Não reparem. Ela faz muita zona. – Ally falou, ao perceber que eu observava os brinquedos no chão.

- Não é nada. – Falei.

- Vamos ver os outros quartos. – Ela falou, saindo.

Fomos ao escritório, no quarto de visitas e por vim, o quarto da Alyson. Eu lembrei na hora das noites que ficamos naquele quarto, sozinhos, aproveitando um ao outro... Eu lembro que fui eu quem tirei a virgindade da Alyson, o que fora um milagre, pois ela era muito reservada, e pelo que eu saiba, nenhum de seus ex-namorados havia tido essa possibilidade. Eu tinha tido essa honra, e acho que ela confiava em mim, do contrário não teria deixado isso acontecer. Eu a tratava com carinho e amor, por isso a deixei segura em relação a isso. Eu mesmo lembro-me de ter falado a ela que se não estivesse segura o bastante, deixaria pra outra hora. Mas ela insistiu, disse que estava segura, então rolou. E também depois, muitas vezes depois...

Tudo isso passou pela minha cabeça em questão de segundos. Nem pisquei direito e já estávamos de volta à sala. Ela nos ofereceu um suco e aceitamos. Roxy pediu com os bracinhos pra ficar no meu colo enquanto Ally foi pegar o suco. Ela ficou brincando com um ursinho.

- Parece que ela gostou de você. – Ally falou, com os sucos numa bandeja.

- Eu também gostei dela. – Falei, sorrindo.

Ficamos uma hora conversando, depois os meninos tiveram que ir embora. Eu pedi pra ficar mais um pouco, queria conversar com ela. Sobre tudo. Sobre a gente principalmente.

- Ally, você sentiu minha falta? – Perguntei, não resistindo. Ela já estava sentada ao meu lado, com Roxy em seus braços.

- Senti.

- Por que nunca mais entrou em contato?

- Eu perdi meu celular, e não consegui mais achar seu telefone. Mas acompanhei de longe o sucesso que sua banda está fazendo. – Ela sorriu.

- Pretendemos ser muito mais famosos. – Sorri de volta.

- Acredito em vocês.

- Por que você teve que ir embora?

- Minha mãe estava doente...

- Eu fiz alguma coisa? – Perguntei.

- Não.

- Então por que você terminou o nosso namoro? – Falei triste. – A gente poderia continuar namorando, mesmo que à distância.

- Eu não iria conseguir... – Ela falou.

- Por que voltou?

- Minha mãe melhorou, mas a vida lá tava meio difícil, eu não estava achando emprego, e aqui a vida sempre foi melhor, eu tenho emprego, posso dar uma vida melhor à Roxy. Ela é tudo que eu tenho, então merece uma boa vida. E outra, aqui tenho uma casa, lá eu tinha que dividi-la com meu irmão, minha mãe e meus avós. Não tinha mais espaço.

- Entendi.

- É...

Ficamos sem assunto por um tempo, até que ela começou a falar da Roxy.

- Ela nasceu com um quadro de bronquite absurdo. – Comentou.

- Sério?

- Sim, já tive que correr muitas vezes com ela para o hospital. É um parto.

- Eu compreendo. Sempre sofri com isso.

- Mas, tirando isso, ela não dá trabalho. É quietinha, só chora quando realmente necessário. O único problema é a bagunça...

- É normal de criança.

- Sim. Quer jantar?

- Já tá na hora do jantar? – Me surpreendi.

- Sim.

- Nem vi a hora passar.

- Percebi. – Ela riu.

- Posso jantar com você? Vai me dar essa honra?

- Claro senhor Pedro Lanza. – Roxy sorriu pra mim.

- Entao eu aceito senhorita Alyson Green. – Ela odiava aquele sobrenome. Eu achava bonitinho. Aquilo a deixava furiosa.

- Não me chama assim.

- Tá Alyson Campbell Green. – Falei.

- Eu odeio meu nome. – Ela bufou nervosa.

- Desculpa. Mas é lindo. Principalmente Campbell. E Green. E Alyson. – Sorri.

- Só você acha.

- Não sou só eu.

- É sim.

- Qual o nome dela? – Perguntei, apontando pra Roxy.

- Roxanne  Campbell Green. – Ela respondeu, não muito feliz com o sobrenome de própria filha.

- E o nome do pai? – Perguntei.

- Não coloquei.

- Percebi.

- Ele não assumiu a filha...

- Sinto muito.

- Não precisa. Eu consigo cuidar dela sozinha.

- Não é muito difícil? – Perguntei.

- É. Mas eu me viro.

- Acredito em você. – Ela sempre fora muito marrenta, nunca aceitava ser dependente. Nunca. Então era melhor falar que ela estava certa.

- Vamos jantar. – Ela pegou Roxy no colo e foi para a cozinha. Fui atrás dela, ajudei-a a pôr a mesa, e me sentei com elas.

- Gosta de arroz, feijão e bife? – Ela perguntou.

- Muito. – Respondi, mesmo ela já sabendo a resposta.

- Uma coisa eu aprendi... – Ela comentou.

- O que?

- A cozinhar. – Ela riu, e aí eu me lembrei que quando ela cozinhava saía tudo um lixo, o arroz ficava muito empapado, ou muito seco, a lasanha queimava, a panela do feijão explodia (é, eu estava presente quando uma panela de pressão estourou, arremessando feijão até no teto). Mas o cheiro da comida estava bom.

- Está bom. – Falei, engolindo um pedaço de bife. – Nossa, mudou da água pro vinho nesse aspecto.

- Eu sei. – Ela falou se vangloriando, jogou o cabelo pra trás como se estivesse num filme Hollywoodiano. Rimos juntos.

- Sempre convencida. – Comentei.

Comemos, ficamos conversando sobre a vida e por fim, eu a ajudei a lavar a louça enquanto ela fazia a Roxy dormir. Depois de ela adormecer, eu me despedi, agradeci pelo jantar e fui embora. Voltei pra casa andando, feliz da vida, sorrindo feito um bobo. Cheguei em casa, cumprimentei o pessoal, e me juntei a eles, que estavam assistindo TV.

- Como foi hoje no parque? – Minha mãe perguntou.

- Bom.

- Tá muito feliz...

- Eu encontrei a Ally. – Falei. Minha mãe adorava a Alyson. Desde sempre, a toda hora me perguntava sobre ela, mesmo depois do término do namoro.

- Como ela tá?

- Bem... – Falei, mas meu tom era desanimador. Eu precisava por tudo aquilo pra fora.

- Não me parece bem. – Ela falou. Meu pai e minha irmã já estavam dormindo, então resolvi falar.

- Ela tem uma filha.

- COMO? – Minha mãe só faltou pular no sofá.

- É. De uns onze meses, por aí.

- Sério? Quem é o pai. – Ela incrivelmente tinha voltado ao seu estado normal, rápido demais, a surpresa toda tinha evaporado dela. Ignorei tal fato, pensando que ela apenas tinha percebido o quão patético fora aquele berro.

- Ela disse apenas que o pai é o último namorado dela. Depois, não falou mais nada.

- Como a menina chama?

- Roxanne.

- Nome bonito. Nasceu lá pelo visto.

- Sim.

- E estava com ela até agora?

- Sim mãe. Eu jantei com ela. Vou dormir, o dia foi cheio hoje... – Falei me levantando.

- Você ainda a ama não é mesmo? – Ela perguntou quando eu já estava no corredor para ir pro meu quarto. Me virei.

- Mais do que nunca.  – Respondi, e entrei no quarto.

Tirei a roupa e fui pro banho. Coloquei meu pijama e deitei. Pensei na Ally por uns bons 50 minutos. Eu ainda a amava, e muito. Mas eu tinha mentido pra mim mesmo falando que ela era passado. Mas me enganei. Eu pensava nela quase todo dia após ela ir embora. Ela nunca tinha saído de mim. E eu nunca tinha a esquecido. Aí eu me lembrei da minha bicicleta. Eu a tinha deixado no parque. Mas, naquele ponto, a bicicleta não importava mais.