Fanfic: Férias? | Tema: Bullet For My Valentine
Era dia 26 de agosto eu estava morrendo de tanto rir em cima da minha cama enquanto meu primo me fazia cócegas. Aquele sádico! Quando de repente eu bato minha cabeça com força no notebook sobre a cama e ele se vê obrigado a parar com a tortura para rir da cara que eu fiz.
Depois de minha respiração voltar ao normal, eu me sentei com dificuldade e puxei o notebook para mais perto e me assustei com a quantidade de atualizações do twitter – não me julguem, eu amo o twitter! É terapia falar sozinho, sabia? – então, quando cliquei para atualizar os tweets, eis que me aparece: “eu preciso ir nesse show do Bullet! Mãeee me leva please!!!”
No mesmo momento meu cérebro gritou loucamente:
“Bullet? Que Bullet? Bullet For My Valentine? Não pode ser!”
Meu primo recomeçou a fazer cócegas, mas para falar a verdade, eu nem senti, o que fez ele parar. Meus dedos correram pelo teclado e fiz o que? Claro que mandei no Google. Estava lá. Show confirmado no Brasil. Mas eu não acreditei. Entrei no site da banda, e lá estava: confirmado dois shows no Brasil. E foi quando eu comecei a gritar.
Meu primo saltou da cama imediatamente segurando um travesseiro à sua frente como um escudo e se escondendo detrás deste, como se eu pudesse atacá-lo a qualquer momento.
- O que houve?! – Pablo apareceu na porta do meu quarto somente enrolado em uma toalha e sua voz parecia preocupada.
Pablo era meu amigo, 1,80m moreno, cabelos negros até o ombro, musculoso, olhos negros penetrantes, gosto... hã, ele se assustou ao ver meu primo parado a frente da cama com o travesseiro e perguntou:
- Bullet?
- Como você sabe? – ele questionou
- Ela fica assim quando se trata da banda. – Pablo respondeu simplesmente. – não como não pensei nisso antes de sair desse jeito. – indicou a toalha na cintura.
- É, e me obrigou a presenciar essa cena maldita. Fora satanás! – meu primo jogou o travesseiro na porta que se fechou. Podendo ouvir um ‘filho da puta’ por parte de Pablo.
- Bullet.... show... Brasil... eu... ir... – Tentei formar uma frase, mas foi em vão
- o que você disse? – o chato perguntou
- show do bullet no Brasil, eu vou! – eu gritei falando muito rápido.
- ah, ta! E com quem? Com que dinheiro?
Minha animação foi pro buraco.
- primo maldito! Some da minha frente desgraça! – eu gritei batendo com o travesseiro em sua cabeça.
Ele saiu rindo, acredita? Eu no meu desespero e ele rindo. Vê se pode
No mesmo momento eu liguei para a minha mãe, fazendo a melhor voz de coitadinha:
- mamãe queriiida! Como a senhora está?
- o que você quer? – ela foi direta
- noossa! Sua filhinha querida não pode nem ligar para saber como a mamãe está que ela acha que eu quero alguma coisa?
- eu te conheço há praticamente 19 anos, fale logo.
- vai show bullet ir preciso – falei rápido.
- o quê? – Ela gritou não entendendo nada.
- vai ter show do Bullet aqui no Brasil e eu preciso ir
- precisa? – ela perguntou com escárnio nítido na voz.
- siiim
Algo estava me dizendo que não viria coisa boa. E esse algo estava certo.
- que bom, e como conseguiu o dinheiro? – ela desconversou.
- é ai é que está! Eu não tenho dinheiro! – falei desesperada.
Uma risada ecoou do outro lado da linha e eu me estressei. Sempre tive pouquíssima paciência...
- vai procurar um emprego – ela falou finalizando
- não dá tempo! - eu não ia correr o risco de deixar acontecer o mesmo de quando fui comprar o ingresso para o Rock in Rio –e se esgotar os ingressos?
- então eu começaria a pedir esmola na rua. – ela desligou.
Meu queixo caiu. Ela não ia me ajudar? Como assim?!
Joguei meu celular em cima da cama e sai na ponta dos pés do quarto. Não fechei a porta para não fazer barulho, andei um pouquinho e parei defronte a segunda porta do apartamento. Abri lenta e cuidadosamente, sem um ruído sequer, e olhei pela fresta.
Pablo estava subindo a costumeira bermuda que usava para dormir e contive o impulso de apertar aquela bundinha sarada. Não, eu não quero apertar todas as bundas de homens que vejo pela frente. Ele estava distraído, era a deixa para eu entrar sem ser notada.
Entrei e corri. Sim peguei impulso e pulei nas costas dele, que se desequilibrou, mas conseguiu nos manter de pé.
- Pablito querido, meu amor!
- o que você quer? – ele perguntou rindo.
- nossa! Vocês não têm um pingo de sensibilidade. Sempre acham que eu quero alguma coisa quando os trato com carinho. – fingi chorar
- fala logo Mary, nós dois sabemos que você quer alguma coisa.
- dinheiro
Ele piscou uma, duas, três vezes e me olhou.
- ficou louca?
- não – respondi com a minha melhor cara de anjo.
Com um movimento eu fui parar nos seus braços e ele continuou me encarando como se eu fosse um ET.
- pra que você quer dinheiro, Mary Marshall? – estreitou os olhos.
Joguei meus braços em seu pescoço e falei sorrindo:
- para ir ao show do Bullet
Ele riu.
Simplesmente riu.
Ele curtia o som dos caras, mas não tanto quanto eu, mas acho que seria o suficiente para querer estar presente no show; me conformei que estava enganada.
- eu não tenho dinheiro Mary
- não? E como você está pagando o apartamento?
- exatamente, eu pago metade, se lembra? A outra é sua, e meu salário é contado, ou ninguém come nessa casa.
- mas...
- mas nada. Você acha que a academia me paga 1 milhão por mês?
- você deveria fazer programa. – falei na cara dura.
- o quê?! – ele gritou meio que assustado. – é, você pirou.
Constatou colocando a palma de uma das mãos em minha testa fingindo conferir a temperatura. Quando viu que eu não achei graça, me jogou no ombro e me carregou como um saco merda até meu quarto; me jogou na cama e sentou ao meu lado.
- falou com sua mãe?
- sim
- e ela...?
- mandou pedir esmola na rua – choraminguei
Ele riu. Mas riu muito enquanto eu emburrava a cara.
- por isso eu amo a sua mãe.
Algum tempo depois ele parou de me encher e começamos a conversar sério.
- o que pretende? – me perguntou
- não sei. – falei triste
- é importante pra você não é? – perguntou baixo
- você não sabe como... ainda mais depois de perder a oportunidade do RiR.
- o que você fez com o dinheiro que ia comprar o ingresso do RiR? – ele perguntou subitamente.
- gastei metade em chocolate, pra aliviar, sabe... – sorri amarelo
Ele se deitou ao meu lado na cama, pegando o notebook e o colocando sobre a barriga, e para enxergar também, deitei minha cabeça em seu peito.
- vamos decidir a viagem, nós vamos nesse show.
Por isso eu amo o Pablo.
Ficamos por uma hora completa discutindo, e chegando a um valor próximo de três mil reais. É, fudeo.
Depois de tudo, conversamos até tarde e acabamos por adormecer ali mesmo.
Acordei na manhã seguinte sem a mínima vontade de levantar, era domingo, eu não teria que ir para o estágio. Minha cama estava tão apertada, mas quente, estava começando a me perguntar para onde teria ido todo aquele frio que eu senti à noite, quando tentei me esticar na cama. O que o Pablo está fazendo dormindo na minha cama? Eu gritei internamente.
- por isso minha cama está apertada... – sussurrei para mim mesma. – mas não por muito tempo.
Fiz o que pude, me ajeitei e com um empurrão o joguei no chão para logo em seguida me enfiar sob o cobertor e fingir dormir.
- Sua filha da puta. – ele gemeu de dor no chão, tive que me conter para não rir. - Eu sei que esta acordada, e que foi voce a me jogar dessa cama. - falou um tanto irritado.
-A cama é minha, ninguém mandou dormir aqui! - minha voz saiu um tanto abafada.
- Só de castigo, vai ficar sem seu show. - ele falou maldosamente.
Quase que imediatamente girei na cama sem me importar com o fim desta e me deixei cair pesadamente sobre o garoto jogado no chão.
- Sua vadia! - ele gritou rolando de dor. - você não e tão leve como pensa.
- Obrigada por me chamar de gorda. - fiz drama me levantando indo em direção a cozinha.
- Mary volte aqui - ele me chamou, mas não dei importância, eu tinha que pensar em um jeito de conseguir o dinheiro para o show.
Era noite quando Pablo voltou para o apartamento, mas se recusou a me contar onde esteve durante todo o dia. Então tive que apelar para a tortura, já que ele me disse estar com muita dor de cabeça.
Entrei no meu quarto, deixei a porta aberta e comecei a ligar alguns cabos, logo meu amplificador já estava ligado e a pedaleira ajustada. Conectei o cabo a minha Cort M600 AVD e toquei um acorde.
- Não! - Ouvi ele gritar do seu quarto - tudo bem, eu falo!
- Rápido dessa vez... - comentei comigo mesma.
Não demorei a chegar no quarto ao lado e me jogar em cima da cama de frente para ele que suspirou cansado.
- Esqueci que não posso mencionar dor de cabeça quando entro nesse apartamento.
- Okay, pare de enrolar.
- Fui encontrar algumas pessoas.
- Um encontro... – conclui.
- Acabei de dizer que foram pessoas. - ele realmente não estava para brincadeiras.
- Olha... jogando nos dois times.
- Não é isso Mary, eu só tenho alguns contatos que pensei que facilitariam a nossa vida em novembro.
- E então...?
- Resposta amanhã. - ele finalizou.
Avancei em cima dele e fiz o que ele mais odeia, apertei suas bochechas e disse:
- Por isso que eu te amo.
- Não foi o que pareceu quando me jogou da cama hoje cedo. - ele reclamou fazendo bico.
- Ah, pare de reclamar e vai fazer o jantar que eu estou com fome.
Aqui e assim que funciona, o macho cozinha e trabalha e a fêmea faz nada de útil ai na hora do aperto corre atrás da mamãe que manda pedir esmola.
Era noite de sexta-feira,alias, a ultima do mês de setembro e Pablo ainda não tinha chegado. Eu não sabia se ficava preocupada ou se comemorava minha liberdade, mas minha felicidade acabou assim que ouvi a chave girar na fechadura.
Não me movi, sabia que ele ia passar no quarto. Do contrario eu iria tirar satisfação mais tarde e ele sabe como eu posso ser ainda mais chata quando quero. Não demorou muito e ele bateu na minha porta, coisa que ele nunca fez, e entrou. Ao fechar a porta, recostou-se nesta e me encarou com uma expressão cansada e mãos nos bolsos.
- O que houve? - eu perguntei curiosa
Por instantes ele não se moveu, até que retirou algo do bolso e ergueu na frente dos olhos e sorriu convencido. Estreitei os olhos para ver melhor e gelei. Ele estava mesmo segurando dois ingressos para show de São Paulo? Sim, ele estava. Você acha que eu saí correndo e pulei no pescoço dele, mas eu não fiz isso. Levantei lentamente e parei à sua frente o observando como se fosse um ET. Ele riu enquanto o analisava atentamente e de repente pulei em cima dele que me abraçou e disse:
- Meus contatos são bons e o seu melhor amigo e perfeito, pode admitir.
Depois daquele dia eu não consegui me acalmar, ansiedade tomou conta, mas ainda faltava mais de um mês para o tão esperado dia, mas quatro palavras estavam ecoando em minha mente perto de me sufocar, Pablo disse assim que me soltei dele naquele dia "Nós vamos nesse show" eu ainda não estava acreditando.
Autor(a): csouza
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