Fanfic: GATA SELVAGEM | Tema: VONDY
Com gestos precisos, Dulce Maria dobrou a sua lingerie e colocou-a na mala que estava sobre a cama. Passou a mão pelos cabelos ruivos e foi até o armário, para apanhar mais algumas peças. Seus olhos castanhos tinham um estranho brilho e a expressão de seu rosto demonstrava segurança e determinação.
Enquanto Dulce arrumava a mala, sua melhor amiga a observava. Tinha um pouco mais de vinte anos, era bastante bonita e seus cabelos escuros. E era evidente que não concordava com o que a jovem estava fazendo. Tentando convencer Dulce a mudar de idéia, disse:
— Você é mesmo uma tola, Dulce Maria. Não consigo entender o que vai fazer lá.
— Ele era meu avô. E não tinha mais ninguém, a não ser eu.
— Ele não queria saber de você enquanto era vivo. Por que acha que ele faria questão de sua presença no seu funeral?
— Ora, como posso pensar nisso numa hora como esta? Não adianta, Maite; nada do que você disser vai me fazer mudar de idéia.
— Talvez... Mas não se esqueça de que o velho teimoso a pôs para fora de casa, há sete anos, quando você mais precisava da compreensão dele. Ele e o seu moralismo... — Maite disse baixinho. — Você escreveu várias cartas, e a única resposta que obteve dele foi um simples cartão de Natal. Seu avô nem queria saber como você estava. E, depois da maneira com que a tratou, duvido que estivesse ligando para o fato de você ser a sua única neta ou não.
— Vovô cuidou de mim quando meus pais morreram. Acho que este é o momento de demonstrar a minha gratidão.
— Isso tudo é bobagem! Como pode ser grata àquele homem frio e sem coração? Qualquer pessoa que tivesse um mínimo de bom senso ficaria ao seu lado, há sete anos atrás. Mesmo que não concordasse com o que você havia feito, ele deveria ter lhe dado apoio e carinho. Mas ele preferiu deixá-la sozinha, sem ter para onde ir.
— Você diz isso porque não me conhecia, Maite. Eu era rebelde e irresponsável; vivia me metendo em encrencas. As coisas que eu fazia deixavam qualquer um de cabelos brancos. Quando tinha treze anos, comecei a fumar escondido; roubava cigarros de meu avô e ia fumar nos estábulos. Quase acabei pondo fogo lá. Percebi que vovô vinha vindo e atirei o cigarro aceso num monte de feno. Se ele não tivesse sido rápido, o incêndio teria destruído tudo. Por isso, acho que meu avô fez bem em me repreender. Apesar da surra que levei, continuei a fazer travessura.
— Ora, todos os adolescentes têm curiosidade em fumar. No seu caso, acho que tudo não passou de uma forma de chamar a atenção dele.
— Você não está entendendo, Maite; não era apenas isso. Eu costumava tomar todos os aperitivos que vovô tinha em casa... até que ele acabou trancando as garrafas no escritório. Pegava um de seus melhores cavalos e saía galopando pela fazenda. Nem sei quantas vezes fui passear a cavalo nas noites de verão. Eram animais caros, puros-sangues; e eu os tratava como se fossem brinquedos.
— Os jovens sempre são rebeldes.
— Mas isso não era tudo. Eu roubava dinheiro de vovô e depois pegava carona para Baltimore; ia aos cinemas, ou então gastava tudo em bobagens. Às vezes eu sumia por um fim de semana inteiro, sem dizer para onde tinha ido. Já imaginou a situação do pobre velho?
— Você está sendo muito rigorosa consigo mesma. Ainda me lembro do tempo em que a conheci; você era uma garota triste e assustada. E tinha muita carência de amor.
— Carência de amor... — Dulce repetiu em voz baixa. — Pode ser. Mas nunca vou me esquecer da expressão de amargura no rosto de vovô, quando contei para ele que estava grávida. Ele era muito moralista e severo e ficou profundamente chocado com o que eu havia feito. Perguntou quem era o pai de meu filho, e, quando me neguei a dizer, ele perdeu a paciência.
A lembrança daquele dia fez com que os olhos de Dulce ficassem úmidos. Tentando conter as lágrimas, ela dobrou a saia azul-marinho que usaria no enterro e colocou-a na mala.
— Mas ele a pôs para fora de casa! — Maite retrucou.
— Eu sei. E durante muito tempo fiquei com raiva dele por isso. Mas eu tinha apenas dezoito anos e ele achou que eu merecia esse castigo. Além do mais, isso tudo fez com que eu me tornasse madura e responsável. Agora sei como é difícil ter um filho e criá-lo sozinha. E me arrependo de não ter voltado para casa antes; queria pedir desculpas a ele por todo o sofrimento que lhe causei.
— Então é por isso que decidiu ir ao funeral?— Maite cruzou os braços e, olhando fixamente para Dulce, acrescentou: — Não acha que é tarde demais para arrependimentos? Além disso, você terá muitas despesas com essa viagem; e vai perder alguns dias de trabalho.
— O sr. Hanover me deu dois dias de licença, para ir ao enterro.
— Mas você vai perder quase uma semana nessa viagem. E não vai receber um tostão pelos dias que faltar. Isso sem falar no dinheiro da gasolina.
— Bem, terei de fazer algumas economias no próximo mês.
— Economias? O seu salário mal dá para o essencial!
— Isso é problema meu, Maite. Poupe os seus esforços; você não me fará mudar de idéia.
Dulce fechou a mala e colocou-a ao lado da cama. Apanhou uma outra valise e começou a guardar várias roupas de criança nela. Dobrou pequenas meias, calças e camisas com cuidado; não eram peças caras, mas haviam sido compradas com muito sacrifício.
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Autor(a): Nikka
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1230
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camillatutty Postado em 29/03/2015 - 03:44:16
Você vai voltar?????
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camillatutty Postado em 17/05/2014 - 01:42:43
Nikka! Volta!
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camillatutty Postado em 01/03/2014 - 00:22:11
Nikka? Cadê você?
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camillatutty Postado em 10/11/2013 - 17:52:08
É, eu imagino que seja difícil mesmo... Ela sai de um lugar grávida e apaixonada, sofre feito uma louca pra criar um filho sozinha durante sete anos. Parece que amadureceu, que agora é forte, sabe que tem uma vida que depende dela. E aí de repente descobre que ainda é vulnerável ao homem que pôs a vida dela de cabeça pra baixo! É pra estar assustada mesmo...
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rayssamiiraanda Postado em 01/11/2013 - 15:23:49
vc voltou \o/ estava sentindo sua falta kkk .. ela não vai fugiiiiiir :( ela não pode ! posta mais
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a_letiicia Postado em 29/10/2013 - 21:08:26
Ainda bem que você postou. Eu tava sentindo falta das suas fics rs. A Dulce tá meio maluca né? Realmente não ta pensando muito bem antes de fazer as coisas. E pela primeira vez na fic eu não concordo com o Christopher em achar a Maite uma bruxa rs Espero que ela ponha um pouco de juízo e covença a Dulce a ir no jantar e ouvir o que o Christopher tem a dizer, e até confronta-lo se for o caso.
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camillatutty Postado em 25/10/2013 - 22:47:51
Nããããããão Dul! Fugir não resolve nada!!!
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rayssamiiraanda Postado em 21/10/2013 - 16:35:59
:o ela não pode fugir !!!!
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malua Postado em 19/10/2013 - 19:32:44
Posta mais posta vai ele tem que chegar nela com muito carinho e sinceridade e amor que eu sei que ele tem !!!!!!
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dudasouzavondy Postado em 19/10/2013 - 13:00:56
naoooo a Maite tem que ligar pro Ucker e mandar ele ir agora lá , sei la o Alex liga tbm , o ucker vai lá e não vai deixa-la ir ! posta mais ! de qualquer jeito se ela conseguir fugir o ucker vai ter que ir atras dela !