Fanfic: A máscara do amor

Dulce olhou a sala do arquivo e suspirou.Tinha ficado fora uma semana e durante esse
período Pedro Fernandez fizera seu trabalho.Pedro não gostava de trabalhar no arquivo e
arrumava as cartas de um modo muito simples: jogando-as na seção "Diversos" ou escondendo-as
atrás de alguma pasta bem grande na esperança de quem ninguém percebesse que estavam fora da
ordem.
Dulce ficava intrigada ao ver uma pessoa capaz e sensata como Pedro agir dessa forma:
principalmente porque no trabalho dela Pedro era muito eficiente.Só ficava maluca quando
precisava arquivar a correspondência.Talvez tivesse algum ódio secreto pela ordem.

Agora estava conversando com Dulce,apoiado á escrivaninha,os braços cruzados,fornecendo
um resumo de tudo que havia acontecido no escritório durante a ausência da amiga.No final fez
uma pausa depois disse:
- E então,você se divertiu?
- Muito. - Dulce começou a pensar em todo o trabalho que teria de fazer nessa manhã.
Antes de poder mergulhar de cabeça na rotina habitual,precisava investigar os resultados
do reinado temporário de Pedro no escritório.Tirou uma carta amassada de trás de uma pasta
e alisou-a.Pedro olhou para ela com ar de inocência.Dulce não disse uma só palavra,apenas
leu a carta e arquivou-a corretamente.
A porta se abriu e Pedro parou imediatamente de falar.Endireitou-se e sumiu em direção
a porta lateral onde ficavam as máquinas de escrever.
- Oram,vejam você voltou! - Guilhermo Arantes pôs ambas as mãos na caveça.- Mais um
dia e eu teria estrangulado! - Apontou para a porta de onde Pedro gavia saído. - Conseguiu
perder uma carta importantíssima de Compton e,naturalmente,Alejandro pediu a carta derepente.
Jogou toda a culpa em cima de mim,e quando perguntei a Pedro onde estava a maldita carta,ele
olhou pra mim como um beep e disse: "Que carta?" Quando comecei a gritar,teve uma crise de
choro.
- Você gritou? - Dulce sorriu para ele. - Não acredito!
- Nem eu acreditei - respondeu com expressão de culpa.- Mas até eu tenho meus limites,
e essa moça vive esbarrando neles. - Os olhos azuis percorreram a jovem dos pés a cabeça com
ar de surpresa. - Cada vez que olho pra você,acho que estou imaginando coisas.Olhava para ela
imaginando que podia estár olhando pra você,e tinha vontade de jogar o cesto de lixo na
cabeça dela.
Dulce riu com afeto.Guilhermo era muito gentil e ela apreciava suas maneiras delicadas
e a calma que emanava dele.
- Senti sua falta - ele disse seriamente.
Dulce não respondeu mais sorriu de novo.Por mais que gostasse dele,não queria causar
um impressão errada.Era o tipo de relacionamento que não tinha futuro.
Guilhermo desviou o olhar e perguntou:
- Que tal foram as férias?
- ótimas - respondeu,como respondera para Pedro.- Como está a conta de Vega?
A boca de Guilhermo se estreitou imediatamente e o coração de Dulce pulou.
- Vega não ficou exatamente satisfeito - respondeu Guilhermo,encolhendo os ombros.
- Que pena! - disse ela,suspirando.
O problema de Guilhermo era estar no negócio errado,Era um homem metódico e trabalhador,
mas não tinha talento.Conseguira esse emprego porque o cunhado era um dos diretores,mas
Alejandro Domingues não dar um jeito,mas cada vez que cometia um erro os olhos de Alejandro
ficavam mais frios e seu humor mais irascível.
Essa situação estava começando a criar problemas entre Alejandro e sua mulher,a irmã
de Guilhermo.Anna era uma irmã dedicada.Guilhermo tinha seis anos menos que ela e Anna lutaria
até a morte por ele,se fosse preciso.Isso era admirável.Mas,infelizmente,o homem contra quem
estava lutando era seu própio marido.
Se o cliente fosse uma empresa grande e tradicional,tudo bem.Guilhermo ficava feliz
por poder seguir um modelo já existente e era muito eficiente.Mas se pegava um cliente ousado
enfiava os pés pelas mãos.Era lento demais para acompanhar novas idéias e ficava apavorado
com os executivos que falavam depressa.

 O que fez nas férias? - ele perguntou,interrompendo seus pensamentos.
- Tomei sol. - Sorriu. - O que mais se pode fazer nas férias?
- E deve ter tomado bastante sol,pois está muito bronzeada.
- Já estava um pouco queimada quando saí. - ela lembrou. -Tenho sorte em me queimar
toda por igual.Com esta pele clara,deveria ficar vermelha e descascar.
A cor natural de sua pele era bem clara,mas estava acostumada a usar loções antes de
se expor ao sol e agora ostentava uma cor muito atraente,principalmente no pescoço e nos
ombros que brilhava como seda.O cabelo Ruivo caída pelas costas,formando uma moldura brilhante
em volta do rosto.A pele lisa e bronzeada fazia sobres-sair os olhos castanhos,tornando-os
mais profundos.
Dulce tinha orgulho da herança que recebera dos pais - boa saúde e boa aparência - e
sabia que isso facilitava muito a sua vida.Mas,ultimante,as exageradas atenções masculinas
comçevam a irritá-la.
Embora tivesse um rosto lindo,era seu corpo esbelto e insinuante que mais chamava a
atenção dos homens.Antes não se importava,mas seus sentimentos tinham mudado,e agora ela
nutria uma certa hostilidade por determinado tipo de homem.Estava cansada de homens desse
tipo fez com que o aceitasse. Guilhermo ficabva com as mãos quietas e isso agradava a Dulce.
- O que mais fez? - perguntou Guilhermo.
- Nada. - Riu ao ver a expressão de desgosto dele. - Ficava o dia todo deitada na
praia tomando sol. - Encolheu os ombros e acrescentou: - Foi por isso que fui para a Espanha
em busca do sol e da atmosfera de indolência.
- Não fez nenhum passeio? - Guilhermo levava as férias a sério,como levava o resto da
vida.Se estivesse com ela,tria investigado cuidadosamente toda a região.Dulce riu sem se
preocupar com a expressão dele.
- Fiz o que fui fazer lá: absolutamente nada.
- Deveria ter ido a Itália - disse Guilhermo,bem humorado.- Há tantas coisas por lá!
Fui duas vezes a Itália e ainda não vi nem a metade do que quero ver.Que perda de tempo fica
o dia todo esticado numa praia.
- Cada um se diverte como quer - retrucou Dulce.Adorava ficar deitada sob o sol,
sentindo o calor na pele,o barulho do mar a poucos metros e a brisa que agitava levemente
o guarda-sol.Era essa a idéia que tinha de paraíso.Era o tipo de pessoa que trabalhava duro
e com eficiência o ano inteiro.Quando estava de férias,não fazia nada.
Tinha ido com Maite,a moça que morava com ela,que trabalhava no departamento de arte.
Algumas semanas depois de Dulce ter ido trabalhar lá,as duas já eram amigas.Foi Maite quem
sugeriu que dividissem um apartamento.E tinha sido muito franca quando fez a proposta.
- Dividir o apartamento com você pode ser bom para mim.Você é do tipo que recebe mais
convites do que pode aceitar e eu poderia ficar com as sobras!
Dulce rira,os olhos castanhos meios divertidos,meio indignados.
- Não me venha com essa!Você não deve ter o menor problema em arranjar seus própios
namorados!
- Não pertenço ao seu clube,beleza! - Maite era magra e tinha o corpo bem feito, o
cabelo escuro e ondulado e um sorriso franco.Mas,apesar de atraente,invejava a beleza de Dulce
por exercer um efeito mais dramático sobre os homens no escritório.
- Isso cansa - Dulce argumentando,e Maite suspirava.
- Eu nunca me cansaria.Imagine se ia me cansar de ver todas as cabeças viradas para
mim.
Dulce ainda se lembrava do que tinha dito.
- Não são bem as cabeças que me preocupam...
Guilhermo se debruçou sobre a escrivaninha e ficou olhando Dulce arquivar as muitas
cartas escondidas que ela descobriu dando uma busca pelos arquivos.A porta trás deles se
abriu repetinamente e Alejandro Domingues imrrompeu na sala.Alejandro nunca entrava
silenciosamente ,onde quer que fosse.
- Deus Todo-Poderoso! - gritou e parou ao ver Dulce.
Alejandro adorava a esposa e ninguém jamais soube que se interessasse,mesmo que remota-
mente,por outra mulher.Mas enquanto apreciava os cabelos ruivos de Dulce,os ombros dourados,
as pernas bem feitas e o corpo ágil,ela viu um brilho diferente nos olhos redondos e amrelados.
- Olá,tinha esqueçido que ia voltar hoje!Está fantástica! - A admiraçãi dele era
espontânea e não-agressiva.Alejandro sempre comentava a beleza dela,suspirava e encolhia os
ombros.Mas era o tipo de home de uma mulher só.
Rapidamente mudou de assunto,numa hábil demonstração de sua capacidade de se concentrar
no que lhe interessava no momento e virou para o cunhado,com um expressão raivosa.
- Seu estúpido,nunca presta atenção? Quantas vezes preciso repetir que Sanxes,tem
problemas em relação a sexo? Por que apresentou uma sugestão daquele tipo?Pela última vez,
não ponha garotas nos anúncios de Sanxes!Fiquei dez minutos com ele ao telefone e ele
gritou como um pato rouco. - Virou-se para Dulce,passando a mão pelo cabelo curto e volumoso.
- Que diabos,Dulce,tente evitar que ele se meta em encrencas,está bem? Senão vou cometer a
loucura de despedi-lo e Anna vai acabar pedindo o divórcio.
Saiu da sala sem esperar resposta.Guilhermo tinha aprendido a não responder nunca
ao cunhado.Com aquela energia e aquele vigor,Alejandro era um adversário imbatível numa
discussão.Guilhermo sempre perdia.Quando encarava a agressividade do cunhado,se confudia
todo e sempre se omitia.