Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Passei a noite inteira pensando nas palavras do Malik e de Kelly. Ela não era Ally, não era. Eu sei que sabia disso, eu tinha certeza pra ser sincero, de que sabia disso. Ela tinha suas sinceras diferenças, e eu gostava dela por sua maneira de ser, não por parecer Ally. Na verdade, ser idêntica. E esse fato ainda me assustava. Domingo passou tão rápido como veio, e Cath continuava a não retornar minhas ligações. Tentei ligando de números diferentes, mas ela simplesmente me ignorava ou talvez tivesse se livrado do telefone. Quando deu caixa postal pela milésima vez na noite de domingo, eu desiste e fui dormir.

–Ei dorminhoco – Liam disse batendo na porta. E eu sequer tinha percebido que amanheceu.

–Entra ai Payne – murmurei, apesar de ele já ter se enfiado no quarto antes mesmo do meu convite.

–Claro – ele disse e se sentou na ponta da cama, já totalmente vestido, o que me fez questionar pra onde iria. – Tenho que ir me encontrar com um dos empresários. É importante estar lá bem cedo.

–E eu? – perguntei.

–Não se preocupe – Liam sorriu – Continue dormindo, só precisa de um representante e eu me ofereci pra ir mesmo, só vim avisar.

–Ah, ok. Mas qualquer coisa, só ligar.

–Sei – ele assentiu – E depois podemos sair pra almoçar...

Sei que pareci bem mal-humorado, pois ele parou de sorrir.

–Desculpe, eu sei que foi péssimo sábado e...Sei que não tem noticias de Cath desde então, mas não é como se ela fosse morrer e...

–Engraçado. – murmurei – Pensei a mesma coisa da Ally e olha o que aconteceu. Onde está o Malik e a Kelly? Não vi eles o dia inteiro ontem.

–Provavelmente se escondendo de você, senhor mal humor. – Liam suspirou ante meu olhar – Eles estão confusos. Eu assumo que também estou. Isso é totalmente estranho. Eles aceitaram assim! Só precisam de um tempo pra pensar, vão aceitar Cath...Você vai ver.

–Espero ver logo, porque assim não dá mais – virei-me, demonstrando o quanto não queria conversar e Liam suspirou, ouvi seus passos pesados e o clic da porta. Eu não queria parecer grosso ou irritado, mas eu me sentia bravo pelo tratamento que Cath recebeu. Me sentia muito nervoso sobre tudo isso. E caramba, pra mim também foi difícil, mas eu não a tratei como uma paria como eles faziam.

Decidi levantar, já que não tinha mais nada pra fazer, o sono tinha se esvaído. Desci lentamente e encontrei Zayn já sentado, num roupão preto, bebendo café. Mudei minha rota pro rumo do sofá e fiquei assistindo desenhos até o barulhento do Niall descer as escadas, com Louis em sua cola, ambos conversando animados. Louis veio pular em cima de mim, e Niall foi comer com Zayn.

–Onde está Liam? – Louis perguntou roendo as unhas, ansioso.

–Como já disse milhões de vezes : tira a mão da boca, nojento! E Liam tinha uma reunião, me avisou antes de sair. Ele não falou? – murmurei, mudando compulsivamente de canal.

–Deve ter mencionado. Mas eu não prestei atenção. Eu nunca presto. Geralmente são coisas do tipo : “blá blá blá, não coma a comida do Niall, blá blá blá, não esconda o espelho do Zayn, blá blá blá, não coloque gelos no cobertor do Harry, blá blá blá não sacaneie os meninos enquanto eu não estiver em casa blá blá blá” – ele revirou os olhos – É praticamente a mesma coisa, então...

–Certo – falei parando num canal de culinária.

–Imagino como deve ser interessante aprender a descascar corretamente uma laranja – Zayn disse vindo se sentar ao meu lado, com o olhar ressentido.

–Bem mais interessante que menosprezar os outros. – concordei e ele gemeu, fazendo uma careta.

–Não menosprezei ela! – ele protestou.

–Foi praticamente o mesmo. – mudei de canal novamente, parando numa luta. Yep! Isso que eu gostaria de fazer com Zayn no momento.

–Harry – Zayn disse hesitante. Senti o olhar de Louis na minha nuca, e continuei firme em minha posição – Eu queria assistir o programa de culinária. – ele disse por fim e eu voltei no canal anterior, tacando o controle remoto pra ele e me levantando.

–Idiota – ouvi Louis falar e a batida seca que ele deu em sua cabeça.

Niall revirava os olhos com duas panquecas na boca, e eu não vi escolha senão subir para meu quarto novamente.

Fiquei trancado, sem saber o tempo exatamente, até constatar que eram quase sete horas. E Catheryne costumava voltar da escola nesse horário. Sorri maroto e peguei o carro para ir ao seu encontro, mas antes fui parado por Kelly que estava sentada na varanda. Ela estreitou os olhos ante a minha aproximação.

–Indo a algum lugar? – perguntou.

–Talvez – dei de ombros.

–Hm – ela revirou os olhos. Parecia a garota de antes, mas me deu um sorriso frio antes de continuar a encarar o nada.

–Tá tudo bem? – quem perguntou dessa vez fui eu.

–Tudo maravilhoso, e você? – ela deu um sorriso cínico e se concentrou novamente no horizonte. Decidi deixa - lá. Não gosto de levar patada.

–Ótimo também – murmurei e entrei no carro, seguindo a direção do parque pelo qual Cath voltava pra casa.

Fiquei sentado no mesmo banco, olhando a mesma rua por um incansável tempo. Havia um aleatório ali vendendo algodões – doces. Decidi comprar um ; nada melhor que tentar a pacificação do que com gostosuras, certo? Certo!

Achei que ela não voltaria mais, mas lá estava Cath, como sempre, quase desabando sob o peso exagerado de livros. Fui ajudar ela, que se assustou com minha aproximação e tentou tomar um rumo totalmente diferente ; não deu certo, contornei e me encontrei com ela de frente. Cath suspirou cansada e eu tirei os livros de seus braços, e entreguei pra ela o doce, esperando de cabeça baixa que ela tacasse tudo em mim. Pra minha surpresa, ela pegou e ficou me encarando com seus intensos olhos cinzas.

–Me desculpe – falei rápido antes que ela tacasse qualquer coisa em mim.

–Pelo que? – ela franziu as sombracelhas.

–Pelo jeito que o Zayn e Kelly falaram com você, eu...

–Bom, isso não é culpa sua. – ela murmurou se balançando nos pés – Mas eles tem razão, em certo ponto. Eu pesquisei um pouco sobre você...

–Me pesquisou? – interrompi, porque a informação me pegou de surpresa.

–Pesquisei – ela disse corando e eu dei um sorriso – Mas isso não importa. Eu te pesquisei e...Bom, Zayn e Kelly tem razão. Eu vi Ally, eu vi Caroline Flack e – ela me olhou irritada quando ameacei responder – E tem razão sobre tudo. Não me comparo a elas! – talvez inconscientemente ela olhou para as próprias roupas – Você tem que ficar com a Kelly. A Barbie é muito mais glamourosa que eu.

–Não fica assim, Cath! Qual é; Eles não tinham razão. Em nada! Eu sempre quis uma namorada que fosse divertida, inteligente, animada, gentil, frágil para que eu pudesse protegê-la... – Cath olhou pra baixo. Coloquei os livros no chão e a puxei para um abraço – Você é tão fadinha. Tão doce, tão... Meiga, sincera! Você demonstra! Você sonha, você tem algo em mente. É determinada.

Cath suspirou em meus braços e me abraçou mais forte. Era reconfortante tem ela ali. Mas parecia que não era seu lugar. Tremi pensando sobre isso, mas Cath era ... Cath.

Ela me soltou vermelha.

–Tudo bem? – perguntei e ela assentiu com algumas lágrimas nos olhos.

–Eles me odeiam né?

–Não! – me apressei em dizer antes que as lágrimas caíssem – Não, não te odeiam. Longe disso. Eles são estão confusos. Eles são confusos!

–É, muito confusos – ela sorriu relutante – Mas e Ally? Ela era tão idêntica a mim que eu...Não sei o que dizer, eu...

–Não se preocupe com isso agora. Como está?

As lágrimas rolaram do rosto dela, enquanto Cath balançava a cabeça. Ela largou o algodão-doce no chão.

–Meu pai...Ele não voltou pra casa desde daquela noite...E eu não sei onde ele está...

–Tudo bem – abracei ela forte novamente – Vamos resolver isso, certo? Tem o celular dele ou alguma coisa assim?

–Já tentei, mas não atende. John e Alex não sabem de nada, e eu to desesperada...E se aconteceu alguma coisa eu...É culpa minha! – ela soltou e soluçou com força no meu ombro.

–Não, não é culpa sua. Vamos achar ele. É adulto, responsável. Volta sempre. – tentei soar verdadeiro.

–Espera-se que ele seja responsável – ela me corrigiu – Mas não é. E se algo acontecer, meu deus, eu desejei por tanto tempo que ele sumisse, mas agora...

Ela chorou com mais força, enquanto eu dizia poucas palavras reconfortantes que sabia. Ela tossia forte, como se estivesse doente.

–Vem, vou te levar pra casa. – peguei os livros do chão e puxei a mão dela. – Minha casa.

Cath negou com a cabeça.

–Estou bem. É sério... – então desatou a tossir – Meio resfriada, mas estou bem. Seus amigos não gostam de mim e...Vamos pra casa. Minha casa.

Ela me olhou com os olhos tristonhos e eu acabei me rendendo e concordando.

Cath passou por todo o percurso com a cabeça encostada na janela do carro. Assim que estacionei, ela deu uma boa olhada antes de sair e eu fui atrás.

A casa estava totalmente escura e bagunçada, como se arrumação não fosse permitida. Cath subiu e eu me senti na obrigação de ir atrás. Ela parou no caminho de seu quarto, para espiar um quarto que imagino que fosse de seu pai e começou a chorar novamente ; não havia ninguém ali.

–Vai ficar tudo bem – beijei o topo de sua cabeça e senti ela concordar silenciosamente comigo. Ficamos abraçados por um longo tempo, até Cath começar a adormecer em meus braços. Ela parecia cansada demais, mais que para um adolescente normal estaria ; pensei nas coisas que ela tinha que agüentar com um pai como este. Não era uma situação nada boa. – Ei, você ta quase dormindo – falei e ela assentiu.

Cath foi pro quarto, comigo a seguindo de perto. Ela se sentou na cama e ficou me olhando.

–Você já vai? – perguntou.

Pensei por um momento.

–Posso ficar, se quiser. Eu queria que fosse assim. Estou meio brigado com o pessoal lá, sabe – comentei e ela riu frágil.

–Tranca a porta – avisou e eu obedeci. Não entendia muito porque, mas parecia algo essencial aqui.

O quarto era pequeno, mas tinha um sofá. Deitei nele e Cath murmurou algo como boa noite. Até que era confortável. Fiquei olhando pro rosto angelical dela até pegar no sono também e num momento me peguei pensando Ally, e senti-me um tremendo traidor. Suspirei e Cath se aconchegou mais na cama enquanto eu a observava. Tão delicada. Logo depois, me vi passando a noite inteira imaginando onde estaria seu pai e por que fazia sua filha sofrer de tal maneira.