Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Não foi como eu imaginava. Foi bom, claro, mas foi...Diferente. Essa é a palavra, mas tem também uma outra...Não, eu não pensaria algo assim. Ela beijava bem, mas não era daquele jeito que...Não era como...Eu não sabia dizer. Estava bastante confuso em relação a isso.

Me separei de Cath alguns segundos depois e eu não sabia dizer o que ela estava pensando. O rosto dela não mostrava mais que surpresa, mas os olhos...Malditos óculos escuros. Sério mesmo que as garotas fazem de tudo por um look?!

–Wow, Harry... – Cath murmurou – Eu não...Esperava isso.

–Nem eu – admiti – Foi coisa de...Momento.

Ela assentiu.

–Entendi.

–Mas claro, se não se importa em termos um momento novamente... – sorri maroto.

–Uau – ela murmurou sorrindo depois ficou séria –Hm, eu preciso ir.

Eu não sabia dizer se o filme estava começando, no meio, ou acabando, porque sinceramente parecia tudo a mesma coisa. Só tinha um cara que ficava andando igual um pingüim de um lado para o outro. Cath se levantou e saiu andando entre todos da fileira, arrancando vários palavrões do pessoal e um bando de “shius”. Fiz a coisa mais obvia a se fazer : fui atrás.

A alcancei na porta do cinema, pronta pra ir embora.

–Que foi? Foi alguma coisa que eu fiz?

Cath mordeu os lábios.

–Não, não tem nada a ver, eu só...

–Pode me falar.

Ela tapou o rosto com as mãos.

–Eu não posso. Eu...Eu...Sabia que não podia fazer isso...Eu chorei, e ele...Ele me bateu – ela disse entre soluços com o rosto ainda escondido.

Tentei assimilar as coisas rápido, antes que ela fugisse ou coisa do gênero. Me aproximei mais de Cath e tentei puxar suas mãos de seu rosto.

–Não...Para... – ela apertava as mãos contra o rosto,enquanto eu tentava puxar delicadamente.

–O que você tinha que fazer? – perguntei calmamente pra ela, que balançou a cabeça.

–É só que...Não, eu não...Você não vai me perdoar.

Mordi os lábios, um tanto nervoso, receoso pelo que viria a seguir.

–Juro – falei dando um sorriso fraco, que ela observou pelas frestas das mãos nos olhos. Ela ainda estava de óculos.

Cath tirou os óculos e eu segurei um palavrão. Detesto palavrões. Os olhos dela estavam inchados e um pouco roxos avermelhados, como se ela tivesse se machucado ; ainda mais, como se tivesse recebido um soco. Ou quem sabe vários.

–Quem fez isso, Cath? – perguntei apavorado.

–Ninguém. – ela murmurou com algumas lágrimas nos olhos. Me apressei em seca-lás, mas outras vinham caindo.

–Cath, qual é, sabe que pode confiar em mim.

Puxei-a para um abraço desajeitado e ficamos assim não sei por quanto tempo até ela suspirar e murmurar em meu ouvido :

–Eu tinha que te roubar.

Fiquei um pouco surpreso e apertei ela mais um pouco.

–Como assim? – perguntei.

Ela demorou pra responder.

–Ele meio que mandou e eu... Passou pela minha cabeça que ele me deixaria em paz se eu fizesse isso e...

–Cath – me afastei dela e olhei fixamente em seus olhos cinzas – Voce sequer pensou em me pedir?

Ela balançou negativamente a cabeça, com os olhos fechados. Suspirei.

–Por que? Quanto é?

–Mil e alguma coisa – ela murmurou ainda olhando pra baixo.

–Isso não é muito. Caramba Cath, você poderia ter me pedido e...Espera um pouco, quando exatamente que “ele” pediu isso?

–Foi algum tempo depois de eu conhecer você. Ele descobriu que era famoso e... – ela começou a chorar e eu a abracei de novo. Pelo menos era a certeza de que não estava sendo usado.

–Tá tudo bem,Cath. Eu...Era só pedir, sabe disso, sabe disso – murmurei na minha breve tentativa de consolo. Depois que nos afastamos passei o dedo pelos olhos inchados dela, que tremeu. – Quem te bateu, Cath?

–Ninguém, eu cai e...

–Não mente pra mim – pedi com os olhos suplicantes.

–Meu pai. – ela disse com a voz abafada e eu tive vontade de matar aquele cara.

–Eu vou matar aquele cara – falei com o sangue fervendo.

–Não – Cath falou me olhando apavorada – É perigoso. Ele é perigoso.Eu não devia te envolver tanto assim,me desculpe.

–Como assim perigoso? Cath, pode me contar tudo.

Ela fechou os olhos com força.

–Alex fugiu. Ele, John e meu pai parece que se meteram numa coisa grande demais e os dois fugiram, mas meu pai ficou pra trás e agora quer o dinheiro...E eu sei que devem estar ameaçando ele, já enrolamos demais.

Com o pai de Cath, eu assumo que não me importava tanto quanto gostaria.

–Isso pode te afetar de algum jeito? – murmurei.

Ela se balançou mudando o peso dos pés de um lado para o outro.

–Talvez – ela disse por fim e eu a abracei novamente.

–Vou te dar o dinheiro. Mas com uma condição : logo depois quero que saia da casa do seu pai e venha morar comigo.

Cath levantou o rosto pra mim, um tanto surpresa e com os olhos um pouco menos inchados.

–Não sei se eu poderia, eu... Não quero abandonar ele. Não assim...

–Cath, ele te bateu. Ele te ameaçou. Eu não vou permitir que isso continue – falei autoritário.

–Eu preciso pensar. Me dá uns dias pra isso? – mordi os lábios diante da pergunta dela.

–Claro – suspirei – Mas vou estar meio ocupado essa semana, mas se quiser, dou um jeito de escapar e vim te ver pra saber sua decisão...

–Não acho que daria tão certo assim – ela murmurou olhando pra baixo.

–Como assim?

–Um relacionamento com um super star.

–Qual o problema?

Ela balançou os ombros, tímida.

–Você vai ter seus compromissos...E não vai ter tempo pra mim.

Aquilo poderia ser verdade, e eu pensava bastante nisso. Cath poderia nos acompanhar na turnê,claro, mas eu não sei se ela gostaria de ficar passando de cidade para outra nessa loucura. Realmente, mesmo que ela fosse com a gente, não sobraria muito tempo para nós dois. E depois vinha a gravação do novo CD, isso sem contar todos os ensaios, entrevistas, sessão de autógrafos, premiações, festas, premieres, shows, programas de televisão, viagens de divulgação...É, era muita coisa. E provavelmente devia ser mais, mas eu não lembrava. Cath assentiu como se lesse meus pensamentos. Gozado é que na época de Ally eu tinha muito menos trabalho, acho que a banda não era tão famosa, mas estávamos longe de turnê e outros afins então tínhamos todo o tempo livre do mundo ; mas agora, a turnê já estava me espreitando, e eu não sabia como continuar um relacionamento sério com Cath visto que dali a um mês e meio, eu deveria estar começando uma viagem de dois meses que passaria por grande parte do mundo.

–Podemos dar um jeito. Você faz faculdade ainda. Acho que seria uma ótima experiência de aprendizado se viajasse no mundo comigo – comentei e ela deu uma risadinha.

–Não sei.

–Cath...Eu quero mesmo, de verdade, ficar com você.

–Eu também quero – ela murmurou desanimada.

–Então, vamos fazer acontecer. Vamos encontrar um jeito,eu prometo – falei e ela assentiu. Agora tinha assunto mais urgente para tratar – O dinheiro.

Cath balançou a cabeça.

–Não precisa, se não quiser...Eu não quero que pense que eu estou com você por isso, porque eu não...

–Cath, ai é que está, eu quero – falei e puxei ela pelo braço em direção ao carro – Você vai entrar em casa, dar o dinheiro pra ele e pegar algumas roupas no quarto porque vai passar a noite no meu apartamento, certo? Não quero você esta noite perto dele.

–Eu... – ela baixou os olhos – Eu não queria que fizesse isso...

–Não é problema nenhum – afirmei.

–Pra você, mas pra mim...É uma vergonha ter que depender dos outros.

Dei um sorriso.

–Se está comigo, vou te ajudar no que quer que seja, Catheryne.

E dei um longo beijo nela.