Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Eu não sabia o que fazer, admito, assim que paramos em frente a casa de Catheryne, na rua escura e fria. Morria de vontade de acompanha - lá até lá dentro, mas sabia que ela não permitiria e me agoniava a idéia de ficar esperando enquanto ela entrava lá sozinha. Eu sei que ela tinha lidado com o pai a vida inteira, mas agora Cath era minha, e não dele. E eu não suportava a idéia de vê-la suspirando ao meu lado, com os olhos fechados, arranjando coragem pra ir em frente.

–Se quiser, eu posso ir por você – ofereci, mas Cath balançou a cabeça.

–Não, obrigada. Vai ser rápido. Vou ficar bem. – ela apertou ainda mais o rolo de dinheiro entre as mãos. –Eu só...Muito obrigada Harry. – e me abraçou.

–De nada – beijei o topo de sua cabeça – Apenas...Dê o dinheiro, pegue algumas coisas e volte ok? Se algo der errado – mordi os lábios – grite.

–Obrigada – ela sorriu e eu devolvi o gesto. – Volto em alguns instantes.

–Eu espero. – prometi e ela saiu do carro, me dando uma imediata sensação de vazio e quem sabe um pouco de medo – Nada vai acontecer com ela. – repeti apenas para me convencer.

[...] Catheryne Dawson POV`s

Entrei um pouco receosa na sala escura. Charlie me esperava sentado no sofá, olhando diretamente pra porta, como se já soubesse que eu tinha chegado. Dei um “oi” tímido com uma das mãos e ergui o dinheiro com a outra. Ele se apressou em pegar apenas com uma mão, a outra ainda escondida debaixo de uma almofada.

–Sabe que isso é o certo, Catheryne – ele sorriu amarelo e eu dei uma leve assentida, embora não concordasse em nada com aquilo e comecei a subir para meu quarto – Sabe filha, tudo que faço é para o seu bem...

–Não parece – murmurei e me apressei para o meu quarto, mas aparentemente ele me seguiu, com uma das mãos nas costas e na outra um fino pano branco, coisa que eu não entendi direito. – Que foi?

–Não podemos continuar nesse país.

–Como é que é? Enlouqueceu? – murmurei indignada.

–Olha Catheryne – ele tirou a mão das costas, com uma arma apontada em minha direção. Gelei.

–O que ta fazendo com isso? – perguntei tremendo – Isso é pra que?

–Já disse, filha. Tudo que faço é absolutamente para o seu bem e...

–Abaixa essa coisa – murmurei desesperada.

Ele se aproximou ainda mais enquanto eu recuava.

–Eles estão nos seguindo Catheryne. Ficar aqui não é mais seguro.

–Eu não tenho nada com isso.

–Eles vão te pegar, não entende? – os olhos dele eram ferozes, como de alguém encurralado – Eles vão te matar, vão te matar! Precisamos fugir Catheryne.

–Eu não fiz nada a eles...

–Vão te usar pra me chantagear. Eles vão acabar com você, filha, não entende? Tudo que faço é para sua proteção. Vamos para outro lugar. Quando pequena, você sempre quis ir para a França, não se lembra? Temos essa chance agora.

–Você está louco – murmurei – Eu não vou – e corri em direção à janela – HARR...

Ele colocou o pano em cima do meu nariz e minha boca, pressionando com força, me fazendo ficar calada e mal respirar. Devia ter alguma coisa ali, porque eu já começava a ficar tonta, quase inconsciente enquanto meu pai me segurava e eu balançava mole e perigosamente.

–Catheryne, eu lamento muito ter que te fazer isso. Mas é o que vai nos fazer viver por mais tempo.

–Mmmmmmmmmmmmmm – tentei falar, mas só sai grunhidos.

–Escuta – ele me ajustou mais em seu tronco, já que segurava praticamente todo o meu peso. A arma apontava perigosamente pra mim, que sabia que estaria em sérios apuros caso ele puxasse o gatilho sem querer – Eu não quero que você morra, menina inconseqüente. Vamos pegar o trem para França ainda está noite, e com sorte estaremos desembarcando no porto de Calais amanhã ao raiar do dia.

–Não...Quero...- disse numa das brechas em que consegui soltar minha boca, mas ele logo arrumou o pano e me segurou com mais força, e eu ameaçava desmoronar a qualquer segundo, visto que, mal conseguia me concentrar num ponto a minha frente.

–Arrumei suas coisas enquanto estava fora – ele pegou a mochila do chão e a colocou nos ombros. Depois me puxou em direção a porta. Como equilibrava duas coisas ao mesmo tempo, o aperto ficou mais frouxo. E foi ai que eu tentei fugir. Harry me veria da janela, e provavelmente me ouviria.

–Ha... – tentei falar, mas meus sentidos dormiram e eu desabei inconsciente antes de chegar à janela.

[...] Charlie Dawson POV`s

O medicamento clorofórmio finalmente tinha feito efeito, e Catheryne havia desabado aos meus pés. Corri para a janela para ver o que a garota tanto queria ali e percebi um carro preto estacionado logo em frente a minha casa. Senti o sangue pulsar e apontei perigosamente a arma para ele ; porém, seria arriscado demais. E eu precisaria dessas balas mais tarde. Guardei o dinheiro seguramente numa bolsinha de couro dentro do bolso e arrumei a mochila nos ombros, colocando a arma num bolso da calça e escondendo com a camisa e o casaco. Só levaria Catheryne, pois além do perigo que era pra ela continuar nessa casa, a pequena ainda poderia me ser muito útil. Eu a havia colocado em perigo quando comecei e sabia as conseqüências. Às vezes, chegava a querer que Catheryne tivesse sido criada pela mãe, assim como sua irmã, Ally, fora. No luxo, sem ter que ralar para conseguir os mais básicos e ainda tendo toda a proteção que o dinheiro poderia pagar. Catheryne não sabia, sequer desconfiava, que o coração que hoje batia em seu peito, antes pertencera a irmã, que morrera pouco tempo atrás. A única lembrança, e mal chegava a ser, era o colar em seu pescoço, com a singela pedra; Ally tivera um idêntico, mas não fora enterrado com ele, o que me fazia perguntar onde e com quem estaria.E se a pessoa que o usava, sabia da historia desse colar.

Depois de me ajeitar, peguei Catheryne no colo. Era leve demais. Podia virar modelo, ganharia bastante. Arrastei ela até a porta, onde olhei para o carro e pude ver o garoto através do vidro escuro. Apaguei as luzes da varanda e tudo ficou imediatamente escuro. Ele olhou preocupado e ameaçou sair do carro, mas suspirou e se controlou; o idiota.

Daria a volta pela casa e arrastaria Cath pela rua em direção a estação de trem mais próxima. Ela gemeu em sua inconsciência e eu bufei. Abri a porta levemente, sempre observando a reação do garoto, que não se moveu, aparentemente, não via nada. Ajustei Cath no colo e me preparei para correr. Espreitei colado a parede da casa, me escondendo o máximo possível, depois consegui chegar a lateral, que era bem escondida por um arbusto conveniente. Ele não me veria mais, mas mesmo assim, era bom ser rápido. Corri com Catheryne balançando no colo até a rua mais próxima, onde consegui parar um táxi. O taxista, um homem com rosto bondoso, olhou preocupado para Catheryne.

–Hospital, senhor?

–Não.

–Ela está bem? – ele olhou para ela através do retrovisor e dei meu melhor sorriso.

–Está ótima. Apenas adormeceu. – peguei uma nota de cem do maço que continha praticamente dez mil dólares ; além do dinheiro que Catheryne tinha me dado, vendi alguns artigos de casa – Preciso que nos leve até a estação e trem. Pode ficar com o troco.

Ele assentiu e o táxi entrou em movimento.