Fanfic: Swan Song | Tema: One Direction

Harry

Estava com um frio por dentro desde que as luzes da varanda tinham sido apagadas. Ao ouvir um barulho particularmente alto, decidi que não havia jeito e teria de entrar. Ao me aproximar, na escuridão, percebi que tinha sido apenas a porta batendo com força contra a parede; ela estava aberta. Ignorei o medo e entrei um tanto corajoso.

–Cath? – chamei alto – CATH!

Nenhuma resposta. Na verdade, a casa estava totalmente silenciosa. Torcia para que nada ruim tivesse acontecido com Catheryne, mas...Não queria pensar que algo realmente podia ter acontecido a ela. Subi as escadas correndo (o que Liam com certeza não aprovaria) e praticamente arrombei a porta do quarto dela. Catheryne não estava ali. Tinha algo errado. A mochila não estava no lugar habitual, e a maioria das roupas no armário tinha sumido. Olhei os outros cômodos, com o coração doendo e a mente agoniada, pra ter a certeza de que ela não estava ali. Voltei à sala e me senti um idiota. Eu não sabia o que tinha acontecido. Tentei ligar pra ela, mas chamou até cair. Catheryne não faria isso. Não depois do dia de hoje. Tinham sido tantas revelações e... O pai dela! Ele também não estava ali. Chutei o sofá. Ele tinha feito algo com ela. Só podia ser. Notei a ausência de alguns objetos da sala desde a primeira vez que tinha estado ali, mas decorações eram o de menos agora.

Dirigi nervoso até a casa do Malik e quando cheguei, não encontrei ninguém e sentei tremendo no sofá. Contei as horas no relógio, até finalmente amanhecer.

–Bom dia – falei pra Zayn quando o vi descendo, apesar de ter ficado com o olho pregado no relógio e no celular a madrugada inteira.

–Pra quem? – Zayn perguntou abrindo a geladeira – Perrie está pirando – e tirou uma garrafa de suco de laranja, bebendo direto na boca – Sinceramente, ela está bastante abalada com tudo isso da Catheryne, e acho melhor lhe dar uns dias até ela se acostumar. Melhor não trazer Catheryne aqui no próximo final de semana.

–Não vai ser problema. Ela sumiu.

Zayn derrubou a garrafa no chão.

–O que?

[...]

Depois que contei tudo da noite anterior, ele assentiu concordando.

–Bom, ela pode ter ido pra algum lugar, visitar algum parente e...

–Ela não foi. Eu tenho certeza de que não. Estava tudo bem entre nós... Ela entrou por um momento, uns míseros minutos e não voltou mais... Digo, é estranho. E por um momento, no carro, eu achei que estava pirando... Tenho quase certeza de ter ouvi ela gritar.

Zayn me bateu.

–E por que não foi ajudar?

–Por que não tive certeza – suspirei. – Eu vou ligar pra policia. Ela não atende o celular, ela é uma desaparecida...

–Precisa esperar vinte e quatro horas, Harry. Cath é adulta já, não é um caso de prioridade. E você nem tem certeza ainda.

–Eu... – taquei o celular longe – Eu vou atrás dela, eu mesmo!

–Não vamos deixar, Harry – disse Louis descendo as escadas, ao lado de Liam e Niall.

–Estavam ouvindo?

–Cada palavra desde o “bom dia pra quem?” – Liam admitiu.

–E por que não deixariam? – fiquei indignado – Não mandam em mim.

Eles se acomodaram lentamente no sofá, me olhando timidamente, mas logo decidiram desabafar.

–Detestamos admitir isso Harry. Detestamos mesmo, mas ... Seus relacionamentos atrapalham a banda – Louis me olhou como se esperasse uma explosão – Principalmente relacionamentos com garotas de olhos cinzas.

–Como assim? – eu não entendia aonde queriam chegar.

–Primeiro Ally bota fogo no nosso estúdio...Não foi ela – Liam acrescentou assim que eu abri a boca pra responder – Mas foi uma vingança de Anna pra ela, ou seja, mesmo que indiretamente, Ally foi a culpada.Sinceramente, eu a amo tanto quanto você, e não a culpo, mas foi o que aconteceu. Além de você atacar várias fãs em suas redes sociais por causa disso.

–Podem ir direto ao ponto, por favor? – fui grosso.

–O fato é que : você não pode sair agora. Amanhã já temos ensaio. Ensaios a semana inteira e na próxima, e na que vem depois dela. E não podemos te deixar estragar isso Harry. Não agora, que a banda está tão popular e One Thing já é uma música tão amada. Não vamos nos dar ao luxo de perder um misero ensaio porque trabalhamos duro pra estar onde estamos. E eu gosto muito de Catheryne também, mas não podemos deixar uma garota atrapalhar.

Não podia acreditar no que estava ouvindo.

–Isso é sério mesmo?

–Harry, se quiser, coloque um espião, detetive, qualquer coisa, pra procurar pistas sobre Cath. Ou ligue para a policia e informe do desaparecimento, como já tinha pensado em fazer.Isso é, se ela realmente sumiu. Mas por favor, não atrapalhe tudo pelo que trabalhamos arduamente ter sido em vão saindo pra procurar uma garota – Liam pediu suplicante e eu ainda estava incrédulo.

–Como é que é? Não posso sequer...

–Não, não pode – Louis me interrompeu antes que eu terminasse.

–Vocês são uns retardados – falei e subi para o meu quarto ouvindo eles suspirarem. Sabia que logo Liam ou Louis viriam atrás de mim para se desculpar. Dito e feito, lá estavam eles adentrando no quarto enquanto eu escondia a cabeça debaixo do travesseiro.

–Sabe que não queríamos dizer as coisas desse jeito... Não é que não apoiemos você e seu relacionamento com a Cath, mas...

–Eu não posso ir atrás dela. Entendi isso já Louis, não precisa ficar repetindo. Só está me deixando pior. E alias, vou estar sim no ensaio amanhã e na semana inteira, está bom?

–E a Cath? – Liam perguntou com a voz um tanto rouca.

–Eu vou esperar as vinte quatro horas. E se ela não der noticias nesse tempo, eu ligo pra policia, detetives, qualquer um que puder ajudar. Agora, com licença, eu quero dormir.

Eles me desejaram bons sonhos e saíram. Como ter bons sonhos numa situação dessas? Podia não ser nada, mas também podia ser tudo. Ela podia ter me roubado e fugido ou sido levada. E eu acreditava seriamente nessa hipótese. Catheryne não faria isso comigo. E eu acreditaria cegamente nisso até que se provasse o contrario. Fiz uma prece silenciosa, desejando que onde quer que ela estivesse, estivesse bem e segura, até que eu achasse.

Pensado em algumas coisas antes de adormecer, notei que Kelly estava trancada no quarto tinha muito tempo.

Decidi ir ver como ela estava e quando entrei em seu quarto, a garota dormia feito um anjo. Arrumei suas cobertas e beijei sua bochecha,desejando “boa noite” enquanto ela se arrumava ainda mais na cama, fungando durante o sono.

[...] Catheryne Dawson

Estava em algo em movimento, perto de uma janela em que pude observar uma passagem borrada com os olhos úmidos. Percebi que meus braços estavam amarrados firmemente num dos apoios de braço e comecei a me contorcer tentando me soltar.

–Não faça isso – uma voz disse baixinho. E eu, obvio a reconheci. Era meu pai.

–Onde estamos? Eu quero ir embora. Não tem esse direito, eu sou maior de idade, me larga!

–Não posso fazer isso – ergui os olhos pra ele que lia um jornal tranquilamente sentado no bando que tinha de frente a mim. Eu ocupava um assento inteiro, pois estava deitada. A porta do compartimento estava trancada e uma chave balançava na fechadura. Era feita de madeira, então ninguém me veria.

–Eu vou gritar – ameacei, embora estivesse blefando. Duvidava que alguém ficasse a toa por ai andando pelo corredor feito idiota. E nos outros compartimentos, também não seria ouvida.

–Odiaria ter que te amordaçar – ele ergueu um pano – Mas você não me deixaria escolha caso o fizesse, Catheryne. Pode tentar. E vamos ver quem é o mais forte aqui.

Gelei e ele suspirou.

–Deveria ter ficado com Ally. Ela sim era forte. Eu te treinei a vida inteira pra ser forte Catheryne, mas você é fraca. Sempre foi.

Ally. O que Ally tinha a ver comigo? E como ele poderia escolher que filha gostaria de ter? E que Ally era essa? Seria aquela que era idêntica a mim?! Fiquei bastante confusa por um minuto, e ele começou a ler outra página do jornal, como se fosse um cara normal. Tinha até feito a barba.

–Olha, me solta. Eu tenho amigos. Tenho gente pra vir atrás de mim e. Harry, o que você fez com Harry?

Harry estava na frente da casa. Era bastante improvável que ele não tivesse visto meu pai me arrastar pela varanda.

–Hm, o idiota não viu nada. – ele deu de ombros e continuou sua leitura – Quer um pouco de água, Catheryne?

Minha garganta estava suficientemente seca para eu aceitar alguma coisa de meu pai.

–Solte meus braços para que eu possa beber.

–Tenho cara de idiota? É bem claro que você vai fugir. – ele pegou a garrafa e veio em minha direção. Colocou o bico na minha boca e com muita dificuldade consegui beber. E imediatamente fiquei tonta – Esta bom, não?

–O que tinha aqui? – perguntei forçando os olhos a não se fecharem.

–Nada de mais, Catheryne.

–Você me dopou? – fiquei incrédula com a minha voz embargada de bêbada.

–Foi preciso. – ele se sentou e voltou a ler – Você não calava a boca.